Resenhas - Selvagens

otxjunior 11/02/2015

Selvagens, Don Winslow
O amontoado de referências populares, gírias, trechos de música, fragmentos de roteiro, onomatopeias, etc. que povoam a prosa de Don Winslow não conseguem distrair o leitor do verdadeiro trunfo de Selvagens, sua ótima história. Com seus capítulos curtos e ação desenfreada, o autor parece nos desafiar a interrompermos a leitura antes do fim. E que fim! Aliás, para os mais sensíveis, a capa desta edição (cartaz do filme homônimo de 2012) pode trazer spoilers, mas nada que estrague completamente a experiência.
Selvagens gira em torno de dois amigos, produtores e comerciantes de maconha, em Laguna Beach. Ben é um botânico brilhante e benfeitor liberal que gasta seu tempo livre e dinheiro em países do terceiro mundo na criação de hospitais e escolas. Chon é um ex-fuzileiro naval, com experiência no Iraque, "malportado" e selvagem, acredita que a maioria das pessoas está apenas fingindo civilidade. Apesar de suas diferenças, os dois são melhores amigos e amam igualmente a mesma mulher, ponto de equilíbrio desse relacionamento triangular, O. (ou Ophelia, "a queridinha bipolar de Hamlet"), que adora sexo e compras quase tanto quanto ama Ben e Chon. Eventualmente o negócio dos jovens amigos é ameaçado por um cartel mexicano... mas quem se importa para sinopses, quando temos o trio mais carismático de personagens: tinha tempo que eu não me importava tanto com os desfechos de pessoas de papel e tinta! De certa forma, eles vão levando esse relacionamento e a vida, em geral, seguindo uma filosofia que faz tanto sentido que realmente faz parecer que os selvagens são mesmo os outros, de forma que já estamos rendidos, no final, à... ah, o final!
Ainda cheio de humor sobre a sociedade contemporânea, Selvagens me deixou salivando para ler algo mais do autor. E não preciso dizer minha surpresa (e alívio) quando descobri que existe uma prequel, teoricamente a origem desses personagens já tão saudosos. O que justifica a abertura do livro com os versos da canção de John Mayall:
"Going back to California,
So many good things around.
Don't want to leave California,
The sun seems to never go down."

Lin 09/07/2015

Razoável
Não tinha ouvido falar sobre o livro e seu autor, e muito menos li o livro. Particularmente, achei a leitura meio cansativa e só vim me interessar pela história de fato, depois do meio do livro que é quando a ação de verdade começa após o sequestro de um dos personagens. Tenho que admitir que me surpreendi um pouco com o final, não considerava que alguns fatos poderiam mesmo acontecer.

Duh 03/08/2015

Livro legal, história envolvente, muitas cenas de ações, personagens carismáticos e engraçados, porém tudo de bom que o livro tem, o autor deixou à desejar e muitooo no final. Ele deveria ter colocado mais umas 30 páginas no livro e escrito um final muito melhor. Final muito confuso e pobre de informações.

Gabriel Aleksander 31/08/2015

Ótimo para outras mídias, mas peca como um livro...
O Enredo
Chon e Bem começam a montar um império no mundo das drogas ao desenvolverem novas variedades de maconha. Com cada um deles contribuindo com suas habilidades, Ben com sua incrível inteligência e Chon com a frieza e violência necessárias nesse ramo, o sucesso dos negócios acaba sendo inevitável, mas se tornam grandiosos demais, resultando numa atenção desnecessária de seus concorrentes.

Entretanto, tudo muda na vida desses dois quando o Cartel de Baja decide anexar os dois em seu comércio. Bem e Chon decidem recusar tal associação, o que resulta no sequestro de uma pessoa importante para eles, Ophelia, que é o interesse romântico dos dois. Agora os dois amigos devem correr contra o tempo para salvar O. e se livrar do Cartel de Baja, já que nesse mundo de selvageria não existem meio termo e negociações pacíficas, apenas uma disputa sangrenta e selvagem.

A influência da narrativa na construção dos personagens

A escrita de Don Winslow é única e um pouco estranha. Com uma narrativa bastante dinâmica e objetiva, mas não de uma maneira positiva, os acontecimentos ocorridos na história nos são apresentados de maneira apressada e confusa, o que dificulta na diferenciação da voz de seus personagens. A conexão com os personagens foi um ponto bem complicado de ser estabelecido, já que em alguns momentos eu não conseguia nem diferenciar os mesmos no meio da narrativa insana.

Portanto, a diferenciação desses personagens se torna possível quando o autor, de maneira explícita, nos conta quem está com o discurso naquele momento.

Além disso, nota-se que a história é estruturada em uma forma propícia para adaptação em um roteiro de cinema, com uma narrativa atropelada e simples que depois seria complementada com os efeitos gráficos encontrados nessa mídia.

Apesar disso, o que é apresentado da história desses personagens é interessante (apesar de não muito inovador), e consegue despertar uma curiosidade no leitor (que nem sempre é saciada), que faz com que a gente se agarre com cada momento de apresentação da vida deles antes dos acontecimentos do livro.

O intrigante mercado das drogas

Um ponto inteligente por parte do autor foi utilizar o mercado das drogas para fazer uma analogia a dinâmica da vida contemporânea, que cada vez mais se assemelha a uma selva. Todos somos selvagens, mesmo que com níveis diferentes de selvageria, e temos cada vez mais esse aspecto impulsionado pela sociedade atual (já que a mesmo é constituída e constituí o individuo). Isso é explorado durante a narrativa de uma maneira interessante e que fará o leitor refletir a cerca das dinâmicas sociais nas quais estamos inseridos.

É notável que o autor realizou uma boa pesquisa a cerca desse universo que ele decidiu explorar em seu livro. O leitor se deparará com informações precisas sobre alguns tipos de drogas e das etapas de comercialização do produto, tornando o livro rico em detalhes sobre um universo não muito conhecido.

Opinião Final

Apesar da escrita dinâmica e das informações detalhadas contidas no livro, Don Winslow peca na hora de estruturar sua história. A narrativa tem uma dinâmica peculiar que poderá não agradar a todos os leitores, o que também pode ser dito em relação à construção e apresentação dos personagens, que às vezes se mesclam durante a narrativa e se tornam de difícil identificação.

O livro conta com um grande plot twist no final, que apesar de ter me chocado foi explorado de maneira rápida e nada satisfatória, mas que poderia funcionar perfeitamente em outras mídias. Aliás, essa impressão me acompanhou durante toda a leitura, visto que, todos os pontos que em minha opinião não funcionaram com o passar do livro, se tornariam artifícios perfeitos para a construção de um bom filme.

Inclusive, em 2012, “Selvagens” ganhou uma adaptação cinematográfica contando com Taylor Kitsch (como Chon), Aaron Johnson (interpretando Bem) e Blake Lively (no papel de Ophelia). O filme conta com bons reviews e despertou minha curiosidade para assisti-lo, podendo assim, confirmar minhas suspeitas apresentadas anteriormente a cerca desse livro.


site: fatalityliterario.wordpress.com

Matt 04/09/2015

Tão cativante quanto o filme
Se você gosta de histórias com um misto de erotismo, narcotráfico e sequestro, você achou o livro perfeito. Don Winslow nos presentou com um livro de leitura rápida e ao mesmo tempo intrigante. A história gira em torno de um triangulo amoroso entre Chon, Ben e Ophelia(O). A relação dos três é totalmente prazerosa sendo ambos, partes que completam o que para O seria um cara perfeito. Os três são traficantes regionais que produzem uma maconha com um teor relativamente maior de THC, quando abordados para se juntarem a um cartel mexicano, eles recusam mas se mostram abertos a passar o negócio para frente. Reina(a chefe do cartel) não aceita o não e sequestra O que de mulher indefesa não tem nada. É uma leitura alucinante. Altamente recomendável!

Gleyse 06/02/2016

Pesado e cheio de ação
A primeira informação a respeito do livro está na capa, pois é um livro que originou o filme Selvagens (que dá título a essa edição), aparentemente já que eu nunca tinha ouvido falar famoso, dirigido por Oliver Stone, cujos personagens estão lá estampados. E isso nos ajuda a visualizar melhor a narrativa, mesmo que o próprio livro siga uma espécie de roteiro cinematográfico e você se vê acompanhando a história como se pudesse visualizar os personagens e a trama como em uma sala de cinema.

Contando a história de três amigos, Ben, Chon e O. (de Ophelia), o livro é ambientação na zona fronteiriça entre México e Estados Unidos, onde o carteis de tráfico de drogas e toda a sorte de mazelas compõe o cenário dessa história. Ben e Chon adquiram fortuna refinando e vendendo maconha de ótima qualidade, o que acaba despertando a inveja de outros traficantes, enquanto O. é a princesinha deles, formando um trio inseparável que vivem muito bem as custas do tráfico.

A narrativa do livro em si, é bem pesada, repleta de violência, linguagem vulgar e palavrões, além de muitas referências políticas, corrupção e mortes. Tudo muito bem descrito e elaborado, nos apresentando uma realidade nua e crua que não foge muito da realidade que conhecemos. Mesmo com todo esse contexto, a narrativa nos prende, especialmente a partir do ponto em que os amigos precisam agir para se safar dos carteis que querem tomar tudo que eles tem.

Misturando personagens marcantes, fortes e intensos, as vezes parece que não há mocinhos na história, pois todos parecem maus e prestes a esfolar qualquer um. Ben, como seu nome diz, é o cara do bem, filantropo, mas não deve ser subestimado, enquanto Chon é seu oposto, ex militar, frio e calculista, não pensa duas vezes antes de acertar uma bala em quem tenta fazer mal a ele e a seus amigos. Já O. é uma garota problema, que vive com a mãe, uma mulher mais louca que ela. Paralelamente temos os outros personagens, em sua maioria mexicanos, como Lado, um pau mandado que tentar dar a volta por cima em sua condição, Elena La Reina, a chefe do maior cartel de drogas da região, etc... Como fica claro, ninguém é confiável e até o desfecho do livro, cabeças rolam - literalmente.

O que mais me incomodou na leitura foi a forma como os parágrafos são narrados, especialmente nos finais de capítulos, quando no meio de uma frase o capítulo terminada e continuava no próximo. Além disso, os capítulos eram muito pequenos, o livro possui 285 páginas e 290 capítulos, o que eu achei desnecessário. Mas no geral é um livro bem escrito, uma história marcantes, cheia de ação, reviravoltas, perseguições, explosões, tiros, torturas e mortes na medida certa e em alguns momentos com algumas tiradas engraçadas. Para quem gosta desse ambiente a leitura é recomendada.

site: http://gleysevieira.blogspot.com.br/