Ushio 09/05/2016
Brutal...
Antes de mais nada, já aviso que não é um livro para qualquer.
É o primeiro livro que leio desta autora, já tinha lido a um tempo atrás, mas somente agora me veio esta vontade de resenhar a respeito. Primeira vez que fico sabendo sobre o massacre de Nanquim (o que me tomou horas de pesquisa sobre), é chocante toda a brutalidade, toda a crueldade no qual seres humanos podem chegar a cometerem.
Eu devorei o livro em questão de dias e em muitos momento me perguntei o motivo de tão poucas pessoas terem conhecimento sobre esse livro e de tão poucas resenhas a respeito. É um livro fascinante, pendendo entre os relatos do passado do Professor Shi Chongming e a narrativa no tempo presente por Cinza. Em relação a personagem principal, esqueça a imagem de um heroína, cheia de virtudes, o "codinome" dado a ela encaixa-se perfeitamente com seu perfil monocromático, Cinza. Eu gostei dela, logo comecei a odiá-la e logo passei a - meh - neutralidade, no bom sentido. Os relatos do Professor foram os que me renderam mais calafrios, me senti sufocada em muitos momentos, e me vi até brigando mentalmente com o personagem - caramba, escuta ela!
O ponto chave do livro para mim foi leve distinção entre a crueldade pela crueldade e a maldade pela ignorância. Uma reflexão sobre a origem do mal e sua natureza - se é que assim me permitem expressar. "O meio corrompe o homem" é uma das frases que poderia muito bem se encaixar entre linhas. E em meio a essa sociedade cruel e maldosa na qual nos tornamos meio, é chocante perceber que o maior mal da sociedade é a ignorância.
Um livro brutal, grotesco e aterrorizante, não o considero como uma total ficção pois a crueldade e seus requintes ainda são uma realidade de nossa sociedade. Enfim, se encaixa entre os meus favoritos.