Desonra

Desonra J. M. Coetzee




Resenhas - Desonra


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jota 21/04/2013

Desgraça
O título original deste livro é Disgrace e aqui no Brasil virou Desonra. Não me parece que foi a melhor opção do tradutor ou da editora, mesmo porque o personagem principal, o professor universitário sul-africano David Lourie, passa por muita desgraça durante o livro todo, e até aquela desgraça inicial, que parece ter desencadeado ou contribuído para as demais – transar com uma de suas alunas e depois perder o emprego e a possibilidade de ter uma vida confortável na velhice, etc. - não faz com que se sinta tanto assim uma pessoa desonrada, mas muito mais um desgraçado.

Desgraçado por conta de seus atos mesmos, e ele tem o bom senso ou a lucidez de não jogar a culpa nos outros mas assumi-la plenamente. Isso e outros fatos vão acabar mudando definitivamente os rumos de sua vida - parece que estamos diante de um daqueles romances de formação (e nesse sentido o próprio Coetzee escreveu a bela trilogia Infância, Juventude e Verão) em que os personagens são muito jovens e não um homem nos seus cinquenta e dois anos. Que deveria estar dando lições de vida e não as recebendo...

Bem, mas o que importa dizer é que como nos demais livros de Coetzee que li, cada vez mais me agrada o estilo quase seco com que ele vai contando os fatos aqui (e há um fato bastante escabroso nessa história), sua linguagem clara e sem rebuscados que não deixa dúvidas acerca do que está nos dizendo ou pretendendo dizer.

Gostei demais de Desonra mesmo sabendo de tudo o que se passava nele pois havia visto o filme homônimo de 2008 (o livro original é de 1999), em que Lourie (Lurie, no filme) é interpretado por John Malkovich. Um bom filme apenas, não um filme excepcional à altura da obra escrita.

E também acho que ao premiar Coetzee com o Nobel por essa obra (em 2003) foi uma ocasião em que os acadêmicos suecos cometeram um de seus maiores acertos (embora persistam no erro de não premiar Philip Roth).

Lido entre 18 e 21/04/2013.
cid 27/01/2014minha estante
Quando li esse livro, me incomodou o tom do autor, como a lamentar o fim do apartheid.Me ficou uma impressão ruim. Gostaria de saber a sua opinião.
Grata
Cid


jota 27/01/2014minha estante
Cid:

Não vi a coisa desse jeito, mas Coetzee bem pode ter colocado na boca de algum personagem (talvez do professor Lourie, depois do tragédia com a filha e consigo mesmo) algum racismo. Li vários livros dele (os melhores são os da trilogia Infância, Juventude, Verão, juntamente com Desonra e A Vida e a Época de Michael K) e em todos me parece que ele defende a integração da sociedade sul-africana. Tal e qual outra escritora de lá, ganhadora do Nobel como ele, Nadine Gordimer, da qual li dois livros excelentes: De Volta à Vida e o Engate. Traçando agora uma relação com Philip Roth - as mulheres, de um modo geral são um tanto depreciadas pelos seus personagens masculinos, ficcionais. Mas logicamente Roth não as despreza na vida real.


Thalita 25/05/2015minha estante
Olá!
A escolha de "Desonra" e não "Desgraça" foi uma opção do próprio tradutor. Ele entendeu que "Desgraça" poderia dar um tom religioso ao livro, e como não se trata disso, mas sim dos vários problemas sociais que a África do Sul passa, ele escolheu o título "Desonra".

Abraços!


AleixoItalo 01/02/2022minha estante
Eu também achei que "desonra" ficou melhor que "desgraça"


jota 01/02/2022minha estante
"Disgrace" em inglês, de fato, tem mais a ver com perda de reputação, vergonha, do que propriamente com desgraça no sentido que comumente usamos em português, associado a tragédias, infortúnios, doenças etc.


jota 01/02/2022minha estante
"Disgrace" em inglês, de fato, tem mais a ver com perda de reputação, vergonha, do que propriamente com desgraça no sentido que comumente usamos em português, associado a tragédias, infortúnios, doenças etc.


jota 01/02/2022minha estante
jotasegundos atrás

"Disgrace" em inglês, de fato, parece ter mais a ver com perda de reputação, vergonha, do que propriamente com desgraça no sentido que comumente usamos em português, associado a tragédias, infortúnios, doenças etc.




Beatriz 14/08/2020

Genial
Acho que não tenho outra palavra à altura desse livro. Entendemos o prêmio Nobel dado à Coetzee a cada linha, em como descreve os maiores absurdos nos provocando entrega cada vez mais intensa.

Uma das coisas que mais me marcou nessa leitura foi o envolvimento e engajamento que tive com seu personagem principal: David Lurie. Um professor universitário de literatura, que transa com prostitutas e assedia uma aluna até ser exonerado, por meio de um tribunal que julga seu ato. As atitudes reprováveis, contadas pela literatura de Coetzee, na verdade provocam empatia com Lurie. O assédio e a exoneração são apenas o início de uma carreira de rupturas marcadas por desgraças e desonras que ele vai seguir. E a cada virada (sempre surpreendente) ficamos mais conectadas com David Lurie e tudo que o rodeia.

São tantos temas que Coetzee consegue tocar com maestria, fica difícil tocar em todos: a África negra, o interior da África do Sul, a relação intensa e densa entre pai e filha, estupros, crimes, relação com empregados, relação com animais (e isso é uma das temáticas mais fortes e que engata o enredo e a trama).

Um livro que me marcou em vários aspectos e entrou para os meus preferidos da vida
Thárin 15/08/2020minha estante
Ótima resenha!!


Beatriz 15/08/2020minha estante
Fico muito feliz que vc curte as resenhas ??


Thárin 15/08/2020minha estante
To curtindo as suas


Marcus.Vinicius 01/09/2020minha estante
Eu estou lendo e achando sensacional.


Beatriz 04/09/2020minha estante
Esse livro marca todo mundo! Depois partilha o que achou




Carla.Cerqueira 04/12/2020

Esperava mais
Embora seja um clássico a trama do livro não me envolveu.

A história se perdeu e tentei ver os acontecimentos no contexto do pós apartheid. Mas achei superficial.
EderAlves 07/03/2021minha estante
Nossa, eu também achei que a história se perdeu. Eu não gostei como acabou o livro. Deu uma irritação em mim, pois até a metade tava correndo tudo bem, o livro tava ótimo, e eu fui lendo vorazmente pra ver o desenrolar mas chegou no fim e não resolveram nada de satisfatório. Minha nota pra ele foi 3/5 e não sei se quero ler outro livro do autor, pelo menos não por agora.


Carla.Cerqueira 22/03/2021minha estante
Concordo plenamente com vc. Não sei se quero mais ler o autor. Perdi o interesse. Talvez um dia


EderAlves 22/03/2021minha estante
E eu tava com uma expectativa muito boa!


Carla.Cerqueira 22/03/2021minha estante
Idem! Decepcionei. Vou doar o meu livro




Henrique_ 03/01/2018

Resolvi ler este livro sem conhecer nada sobre o enredo ou o autor. Adorei! A história de um professor universitário cinquentão e divorciado e suas aventuras não é nova. Apesar de não ter o mesmo apelo da magistral escrita de Mário Benedetti, em "A trégua", e apresentar uma personagem mais "fria" que William Stoner, em "Stoner", é um livro que toca em dois dilemas éticos importantes, sobretudo o que envolve a filha, Lucy. São dilemas, muitas vezes vistos como tabus, mas que devem ser debatidos sob um enfoque que leve em conta a razoabilidade. Não há respostas prontas. Há fatos para serem refletidos e debatidos e assim, quem sabe, possamos saber lidar com a dura realidade da melhor maneira possível. Diante disso, o livro merece as cinco estrelas.
PS.:O final é de cortar o coração.
Eduardo.Pencroft 03/01/2018minha estante
Fiquei interessado, Henrique!


Henrique_ 03/01/2018minha estante
Eduardo, apesar de bem sóbrio e comedido, o livro é muito bom. Vale a pena.


Matheus Caixeta 03/01/2018minha estante
Citou A trégua e Stoner, fiquei interessado...


Eduardo.Pencroft 03/01/2018minha estante
Né isso,Matheus. Pronto, já foi pra minha lista de quero ler haha




Alê | @alexandrejjr 30/06/2020

O áspero pode ser necessário

Quando foi a última vez que vocês saíram atordoados de uma leitura? Pois é. No meu caso faz alguns anos e foi com esta obra-prima moderna do senhor John Maxwell Coetzee ou, para fins estilísticos, J. M. Coetzee.

Este "Desonra" é uma narrativa que pulsa, que vibra a cada linha vencida. Acompanhar a história seca, cortante de Coetzee pode ser desconcertante. Sua personagem espelho, David Lurie, é complexa, mas esse livro trata dimensões da questão humana de uma maneira muito peculiar. A persona de Lurie, homem branco na África do Sul pós-apartheid, sua relação com a filha, sua crise de identidade, sua moralidade suja e deturpada, sua relação com os animais, tudo, tudo aqui é intenso.

O livro é uma pancada, mexe conosco. É o tipo de ficção que acaba com a visão turva da realidade. E é por isso que eu concordo com a afirmação do professor André Correia quando ele participou da série "Literatura fundamental" da Univesp: um título mais fiel seria "Desgraça". Coetzee vale o seu tempo.
Vitória Marcone 30/06/2020minha estante
Gostei da resenha. Deu até vontade de ler!


Manuella_3 30/06/2020minha estante
Alê! Sem fôlego! Eu pego e solto esse livro, hahaha, ainda não encarei por conta das resenhas que recomendam cautela. Qualquer hora dessas, mais corajosa, lerei. Gostei muito de Infância, a escrita dele é muito envolvente.


Alê | @alexandrejjr 30/06/2020minha estante
Vitória, "Desonra" é uma leitura incrível, vai pronta pra ser surpreendida (positiva e negativamente). E Manuella, depois desse livro eu fiquei com vontade de ler os títulos mais antigos dele, porém não foram reeditados e é bem difícil de encontrar, só em sebos aqui em Porto Alegre. Obrigado a vocês duas pela atenção!


Vitória Marcone 30/06/2020minha estante
Alê, já coloquei na lista infinita ?




cris.leal 10/10/2020

Provoca impacto e faz refletir...
David Lurie é um professor branco, de 52 anos, que leciona poesia romântica numa Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul. Ele é divorciado duas vezes, tem uma filha, três livros publicados e cogita escrever uma ópera sobre Lorde Byron. Após o fim do apartheid, o novo regime aplicou diversas ações visando beneficiar as vítimas do regime discriminatório. Uma das ações desagradou e deixou Lurie deslocado: o fechamento, na Universidade, do seu Departamento de Línguas Clássicas e Modernas. Ele continuou lecionando porque é assim que ganha a vida, mas não tem respeito pela matéria que ensina e percebe que os alunos não lhe dão a menor importância. No geral, David Lurie adota um estilo de vida do tipo “não estou nem aí pra nada”. É dono de um cinismo exagerado e não se aprofunda em nenhum tipo de relação, seja pessoal, afetiva ou profissional.

Muito mulherengo, o professor, mesmo sabendo do perigo, inicia um caso com uma aluna de 20 anos, chamada Melanie. Quando Melanie e seu pai apresentam uma queixa de assédio sexual contra ele, Lurie é levado perante um comitê acadêmico, onde admite a culpa, mas não reconhece o erro. Ele tem a oportunidade de se desculpar e salvar sua carreira, mas recusa tudo. Com o nome jogado na lama, deixa a universidade, a cidade e vai passar um tempo com a filha que mora em uma fazenda.

No campo, David e a filha Lucy sentem na pele o resultado da longa história de opressão racial da África do Sul. A fazenda é invadida e ambos são barbaramente atacados por três homens negros. A explosão de violência que vivenciou marca o início da transformação de Lurie, porque rompe a bolha de indiferença e arrogância em que vivia, levando-o a reavaliar seu próprio comportamento e a enxergar o mundo por outra perspectiva.

Meus amigos, termino esta resenha com a sensação de que deixei a desejar, porque esta história é muito maior do que eu consigo descrever aqui e mais profunda do que se possa imaginar. A escrita do autor é repleta de simbolismo e transborda sentimento, apesar de ser seca e direta, e, por isso, impressiona, incomoda e provoca reflexões. Não é uma leitura fácil, mas espero que se sintam incentivados a conferir, porque vale a pena.

site: https://www.newsdacris.com.br/2020/10/resenha-desonra-de-j-m-coetzee.html
Aninha.Costa 10/10/2020minha estante
Nossa Cris, sua resenha ficou ótima, já quero ler esse livro!


cris.leal 10/10/2020minha estante
Leia sim, Aninha! Bom livro é aquele q mexe com a gente e esse mexe, viu ;))


Aninha.Costa 10/10/2020minha estante
Posso imaginar, já aguçou a vontade ??????




Rodrigo1001 07/05/2018

Tão fantástico quanto desagradável (Sem Spoilers)
Para os marinheiros de primeira viagem, já vou avisando que este é um livro muito forte, que requer uma boa dose de estômago, de tolerância a assuntos sensíveis. Causa um tremendo desconforto, nos deixa inquietos, deprimidos e desperta muita raiva.

Curiosamente, sua grandeza é proporcional ao desconforto que causa: embora trate de uma desgraça após a outra, chegando a descer até as masmorras do que consideramos hediondo, a história é excelente.

Há também qualquer coisa de magnético na escrita de J.M. Coetzee: com frases curtas, extremamente elegantes e envolventes, discurso direto e sem floreios, o autor desenvolve a história de forma linear e crescente, deixando a apoteose reservada para o final.

É, ao mesmo tempo, tão fantástico quanto desagradável.

Não é uma leitura para as férias na praia e nem para o trajeto casa-trabalho-casa, não serve para adolescentes. Eu recomendaria, na verdade, para aquele momento em que você está psicologicamente estável e disposto a enfrentar uma leitura difícil. A recompensa é que o livro possui aquele fator “Uau!” e vai ficar na sua mente por muito tempo, embora o preço que se pague seja alto.

Pra terminar, Desonra bateu na trave para mim por dois aspectos: eu realmente precisava de algumas respostas para poder entender melhor as decisões tomadas pelo protagonista e por sua filha e, talvez, um pouco mais de ambientação para compreender melhor o contexto em que essas decisões foram tomadas. No mais, depois do fabuloso Servidão Humana de Somerset Maugham, nenhum outro livro tinha me despertado tamanha cólera como esse.

Leva 4 de 5 estrelas

Passagem interessante:

“ Talvez nos faça bem sofrer uma queda de vez em quando, contanto que a gente não se quebre” (pg. 189)
Fernando 24/05/2018minha estante
Muito bom seu texto!


Rodrigo1001 24/05/2018minha estante
Obrigado, Fernando. Procuro melhorar a análise a cada resenha que me disponho a fazer. É um esforço constante. Abraço!


Fernando 26/05/2018minha estante
E saiba q estás conseguido ! Que venham muitas!!!




spoiler visualizar
Joao 22/08/2022minha estante
Apesar da temática parecer ser bem pesada, graças ao seu texto fiquei bem curioso para ler.


Jorlaíne 22/08/2022minha estante
A escrita dele é fantástica, João. Recomendo muitíssimo!


Alê | @alexandrejjr 26/08/2022minha estante
É um dos meus livros favoritos. Até hoje sigo em dívida com o Coetzee, pois só li esse dele. Vou ver se reparo isso em 2023...




glhrmdias 22/04/2017

4,0
Coetzee desenvolve uma narrativa repleta de ecos, tecendo uma série de críticas subentendidas ao sistema e aos sujeitos, contudo sem nunca apelar para qualquer espécie de julgamento. O livro é áspero e parece ser conduzido através de caminhos que vão se tornando cada vez mais tortuosos, revelando traços de personalidade ocultos aos próprios personagens, que acabam por se surpreender tanto quanto o leitor. Essa transformação sutil do estado das coisas faz bastar os relatos por parte do narrador, que não se propõe a justificá-la, tampouco pontua impressões objetivas, o que tiraria grande parte do mérito da obra. Ao contrário, em paralelo à trama, observa-se um constante exercício de autocrítica, refletido na recorrência de motivos contrastantes que deixam, brilhantemente, a síntese a cargo do leitor.
hestelotto 19/05/2017minha estante
belo texto, mestre!


glhrmdias 22/05/2017minha estante
valeu, mestre! recomendo fortemente o livro.


hestelotto 22/05/2017minha estante
vai entrar pra (interminável) lista, então!




Luiz Miranda 23/07/2019

Espetacular
Eu leio pra isso, pra entre erros e acertos acabar chegando até mim algo da categoria de Desonra, um livro espetacular que faz todas as horas gastas com literatura valerem a pena.

Logo nas primeiras páginas, o choque com a escrita do Coetzee: absolutamente econômica, veloz, direta. Frases curtas e de impacto. Não da pra passar os olhos voando num texto assim, não tem uma só palavra de bobeira, o negócio é artesanato puro. Transpiração disfarçada de simplicidade. Ainda por cima é, desculpem o palavrão, profundo.

O livro começa uma coisa, se transforma em outra e depois mais outra. É surpreendente, angustiante, assustador. Não faça como eu que enrolei anos pra ler essa pérola, se possível comece já.

5 estrelas
Aline 24/07/2019minha estante
Eu nunca tinha lido e nunca mais li nada parecido: Um livro espetacular sobre um protagonista repulsivo. Só isso já vale a leitura.


Luiz Miranda 24/07/2019minha estante
Um livro pra não esquecer, Aline.




Fran 16/09/2010

Ao contrário dos demais leitores que apresentaram suas resenhas, e da maioria das críticas que li, eu não gostei do livro. Por mais que Coetzee seja um excelente escritor e apresente um texto claro, frio e direto, não considerei os personagens convincentes. As reações dos personagens não condizem com os fatos. Ao ler um romance espero que os personagens, tenham reações condizentes com o ritmo da estória, o que não acontece nesse romance. Um professor universitário, sendo julgado por assédio sexual, não se defenderia? Uma mulher atacada sexualmente simplesmente ficaria no mesmo local sendo que tem outras alternativas para conduzir sua vida? Talvez eu seja extremamente crítica ou tenha uma dificuldade em entender comportamentos que fujam do trivial, ou talvez esteja aí a riqueza desse livro, que infelizmente eu não soube apreciar.
Bell_016 12/10/2010minha estante
"Um professor universitário, sendo julgado por assédio sexual, não se defenderia? Uma mulher atacada sexualmente simplesmente ficaria no mesmo local sendo que tem outras alternativas para conduzir sua vida?" Pior é q eu acho q é justamente isso q eles fariam, até queria q fosse diferente (q uma mulher abusada sexualmente seguiria em frente por exemplo), mas acho q infelizmente é bem isso q acontece.


Eduardo 23/05/2012minha estante
Fran, é preciso entender onde se passa a história. Em países africanos as mulheres, ainda, não tem voz para reclamar ou sobrepor suas opiniões. E Lucy deixa claro que não quer fugir. Esse fugir, no meu entender, é deixar que eles a vençam com uma ameaça. Para nós são situações absurdas sim, mas aí está uma das grandezas da literatura, nos transportar e nos mostrar situações tão divergentes das nossas.




JeffersonCevada 29/07/2016

Desonra: sob os efeitos das cores escolhidas por Coetzee
Um livro cujas construções de frases podem induzir, facilmente, à ideia de uma escrita simples, mas não dura muito e, rapidamente, é possível perceber sua densidade: cada página é uma explosão de fatos que dão materialidade às relações de ideias num composto emaranhado. Fatos que, à primeira vista, seriam dados como consequência direta daquilo que veio anteriormente. Nesse caso a arte de narrar não deixa entrever nada por antecipação tão pouco estabelece as coordenadas do ponto que indica a solução para cada um dos nós com os quais o leitor é levado a participar. Uma construção que, desde o micro até o zoom mais amplo faz parecer que cada "pincelada", representada a cada parágrafo, contenha ao mesmo tempo, matéria, objeto, relação, memória, sensação, caráter e estilo. A linguagem simples e a linearidade cronológica contrastam com a estrutura complexa de inter-relações e com as temáticas sociais polêmicas (racismo, sexismo, envelhecimento etc.) Em torno de um tema abrange um campo semântico em que orbitam significados, a um só tempo, estreitos, opostos, reflexos ou complementares. Um exemplo disso, dos mais marcantes, ocorre com os termos desgraça, desonra, humilhação, repulsa, vergonha e os opostos a eles - opostos em relação a quê? A certa altura já não temos mais a certeza do referencial. A narrativa lembra as concepções de Cézanne que dizia "mais a cor se harmoniza, mais o desenho se precisa... realizada a cor em sua riqueza atinge a forma em sua plenitude". Em Desonra não existe a linha divisória entre a forma aparente dos fatos e os fatos em si. A relação dúbia, dada pela tonalidade e efeitos de luz e sombra, tinge personagens e fatos sob a mesma paleta de cores, genialmente escolhida por Coetzee. Disso não se pode discernir o personagem malvado do bondoso, o frágil do potente, o conquistado do subjugado... quando todos estão sob as tonalidades do desconforto, da desonra.
O protagonista, um professor universitário de 52 anos, teria abusado de ou foi abusado por uma aluna de 20 anos? O que faz uma verdade: o fato em si ou uma construção retórica sobre um fato? Esse é apenas o início desse romance que foi lançado em 1999 e, desde então, vem se mostrando como um livro digno de fechar o século passado como prova do que melhor a literatura universal poderia ter produzido.

atualizado em 7.8.2016
v alonso 29/07/2016minha estante
Já tinha colocado na minha lista, mas depois da sua resenha a minha vontade de ler só aumentou! < 3


JeffersonCevada 30/07/2016minha estante
bem... Coetzee é imperdível.




Lari 16/12/2016

O melhor livro!!
Pra pessoas sensíveis e com alto nível de empatia, exige estômago. Um livro pra pensar e pra sentir. Uma narrativa excelente e que prende. Sem dúvida, mereceu todos os prêmios.
Ana Luiza 23/12/2016minha estante
Engraçado, comecei a ler e não me prendi muito, até larguei. Vou ver se continuo e melhora


Lari 24/12/2016minha estante
Minha sensibilidade pra algumas coisas tá em um nível extremo, Ana. O livro mexeu muito comigo. Até mesmo por muitas questões que ando estudando e defendendo. Então foi algo muito pessoal. Talvez seja diferente pra outras pessoas. Mas vale a tentativa.




Monise 14/04/2018

Desonras
A história começa com o professor David Lurie e seu encontro com uma prostituta. Dali em diante, acompanhamos o acadêmico se envolver com uma aluna e deixar a Universidade para estar algum tempo com sua filha, Lucy, dona de uma fazenda, onde panta e vende flores, com seu ajudante e vizinho Petrus, e cuida de cães por temporada.
A história é contada a partir da perspectiva de Lurie e retrata o declínio e as desonras de sua vida. O livro é de leitura fluída que, ao mesmo tempo amarga a boca, com socos no estômago, mais de uma vez.
É realmente muito bom, mas não sei se gostei. Ele mostra ainda camadas das relações de raça na África do Sul (ainda que eu não saiba quanto não as reifica...) e mostra a complexidade de se lidar com a violência. Leitura recomendadíssima!

Aviso: o livro trata de estupro. Se este não é um tema que você se sinta apto a ler por agora, evite!
meriam lazaro 14/04/2018minha estante
Eu já li. Também me incomodou. Sem dúvida, livraço. Grande escritor. Quero ler outros dele.


Alê | @alexandrejjr 01/10/2018minha estante
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