Marcos Nandi 29/01/2024
Esse colosso literário é surpreendente. A começar pelo fato de que foi escrito por várias mãos. Dumas teve colaboração de dezenas de outros escritores e pesquisadores para desenvolver uma história de mais de duas mil páginas. Um ícone! Mas de acordo com o texto de apresentação isso é considerado por muito como um demérito, pelo fato, do autor ter tido ajuda.
Em relação ao título do livro, outra curiosidade: O nome veio de uma viagem do autor com o sobrinho de Napoleão para a ilha de Elba. E próximo, havia uma ilha com cabras para caçar chamada "Monte Cristo". Depois da viagem, o autor queria escrever suas impressões da viagem e acabou se inspirando num outro romance de vingança.
Então vamos a história que já é bem conhecida
O protagonista, Edmond Dantès, é o primeiro de imediato um navio chamado Pharaob, e com apenas 18 anos, poderá assumir o cargo de capitão do navio da casa Morrel & Filho. Sua ascensão se daria pela morte do antigo capitão do navio que em seu leito de morte fez Dantés prometer que entregaria uma carta para uma determinada pessoa, carta esta que pegou na ilha onde Napoleão estava exilado. E que será razão de sua queda.
Essa rápida ascensão desperta a inveja de Danglars contador e colega de trabalho do protagonista. Orquestrando um plano maléfico usando Fernand, que também possui ressentimento com Dantè, pois ambos amam a mesma mulher e só um é correspondido. Junto a isso, temos nesse plano maligno o alfaiate Caderousse, que gosta de Dantè, porém é covarde e omisso.
O plano ainda contará de forma indireta com a ajuda do procurador do rei, Villefort.
Que com a desculpa de proteger seu pai e por causa do verme da ambição, prejudicará o jovem.
Esse procurador (que hoje seria semelhante ao representante do MP) me enganou direitinho KKK ódio. Com aquele papo de ser justo. Poxa. Ok proteger o pai, mas precisava fazer o que fez? KK (spoiler: o final dele é o mais cruel).
Voltando a história: você deve estar se perguntando, mas porque não mataram o cara? Só lendo o livro.
Enfim, o plano consistia em acusar o Dantè de conspiração bonapartista (que tem relação com a carta que já mencionei).
O plano obviamente dá certo, Dantè vai preso.E na prisão conhece (através de um túnel feito de forma clandestina), o Abade Faria. Um senhor muito inteligente e tido como louco por causa de um suposto tesouro que ele usaria para subornar os carcereiros
Dantè que pensara em suicidio, viu na amizade com o Abade, algo sincero. Até filial. Isolados numa masmorra ficaram por mais de um ano elaborando um plano de fuga.
Porém, o abade acaba falecendo, mas deixando ao Dantè as coordenadas de onde está enterrado o tesouro, que, pasmem estava numa caverna localizada na ilha de Monte Cristo
Além do tesouro, o abade abriu os olhos de Dantè em relação ao complô contra este (mais tarde Caderousse confirmou as desconfiança do Abade Farias). E também, lhe deu o amor pela ciência e pelos estudos.
Com a morte do abade, conde consegue fugir. Ele "troca" de lugar com o corpo do abade. Ou seja, Dantè assume o lugar no saco e como estava "morto" foi jogado no mar. Estava livre!
Fora da prisão, depois de 14 anos preso, herdeiro do dinheiro do abade, ele começa a pôr em prática sua vingança por sua prisão,pela perda de seu grande amor e pelo sofrimento mortal de seu pai
Muito por causa da rudeza da prisão, torna-se um homem frio, sem sentimentalismos, misantropo, egoísta e com uma ambição e amor ao tesouro herdado, além de um homem astuto, com muito autocontrole, e prudente
E claro, mestre dos disfarces
Importante ressaltar a época em que o texto foi concebido. Na época da prisão de Dantès, Napoleão estava exilado em Elba. E ainda na prisão, Napoleão retornou ao poder por cem dias. Nesse meio tempo, Villefort, teve benefícios nos dois governos, de Luís e dos cem dias de Napoleão, muito por causa da prisão de Dantè.
O livro perdeu (para mim) bastante fôlego em toda a parte que se passa na Itália. Achei muito demorado. Foram mais de 200 páginas que o autor poderia diminuir para cem. As cenas que se passam na ilha de Monte Cristo, achei desnecessárias. Mas entendo que toda obra de folhetim tem uma barriga. Mas achei bem chata, tudo isso pra apresentar um personagem que "ajudará" na vingança
Mas mesmo com essa observação, é um livro bem construído
Fatos, que a priori,parecem sem utilidade, acabam se ligando ao resto do livro de uma forma fenomenal. Nada é por acaso (até às partes mais chatinhas). Tudo tem sentido.
Dito isso, é um livro muito fluido e viciante (e rocambolesco). Não apenas pela história bem construída, mas pelos personagens muito bem constituídos, os diálogos, as reviravoltas, os mistérios e segredos, toda a questão dos dramas e romances. Não é só um livro sobre vingança. É muito mais. É uma descoberta
Quanto às ilustrações achei elas bem feias KKK e tem notas de rodapé em excesso, de umas informações bestas hahaha e não gostei do final da filha do procurador do Rei. Queria mais explicações...
E fica o questionamento: Será que a vingança vale a pena? Será que a vingança fez sentido para o protagonista, já que nada que aconteceu vai mudar?