Notas de um Velho Safado

Notas de um Velho Safado Charles Bukowski




Resenhas - Notas de um Velho Safado


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Luisa1068 06/07/2009

escrito em 08/06/2007
Único. Diferente, meio ousado ou/e meio banal. São contos sobre nada e às vezes filosóficos de mais. Não há letra maiúscula, o que faz tudo parecer muito sincero. As histórias são meio repetitivas em alguns casos. Em geral é bem escrito, mas tem muita bobagem também. As frases fazem pensar, ficam encucadas, alguns contos marcam muito. Bukowski é inútil, esperto e inesquecível.
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gabriel 22/03/2023

Histórias curtas e bem escritas

Nem sei se as histórias aqui podem ser classificadas como "contos", já que são significativamente mais curtas do que o já curto gênero. São "notas", como diz o título, e aqui acredito haver umas 20 ou 30 delas até. São realmente muito curtas, algumas com apenas poucas páginas, escritas de maneira despretensiosa e fenomenal.

Difícil descrever a literatura de Bukowski, escritor norte-americano que ainda não recebeu grande atenção do mundo acadêmico. É uma literatura para ser experimentada, não "lida" (em sentido intelectual), é absolutamente sensorial e insere a gente diretamente no mundo do autor. E prende, prende muito.

Ácida, debochada, por vezes deprimente, com rasgos de esperança aqui e ali. Sem qualquer compromisso com a "moral e os bons costumes" (estatuto geralmente autoritário, diga-se de passagem), ela parece cuspir nisso, e com vontade. Escatológica, fala das nossas necessidades pessoais. Bukowski é capaz de colocar um vaso de flores e uma privada num mesmo parágrafo. E funciona.

A sua prosa é poética, mas é uma poesia especial, particular, formada de elementos não poéticos. O universo é o universo dos becos, dos perdedores, dos bêbados e dos vagabundos. Por vezes ficamos com raiva do protagonista (uma figura que varia entre vários nomes; quase todos Henry, ou Harry, às vezes é somente Bukowski), que é uma figura cínica, machista, cafajeste, e depois conseguimos compreendê-lo e perdoá-lo. O autor joga com nossas emoções e expectativas, o tempo todo, sendo um escritor habilidoso.

Por trás de toda a avacalhação, existe um talento literário bruto, que aqui se mostra em toda a sua força. Se Bukowski não fosse quem era - este velho safado, aqui retratado - ele talvez seria encaixado no mainstream e rivalizaria com grandes nomes. Talvez alcançaria a dimensão de um Hemingway, de um Camus (aliás, referências constantes no livro)? Difícil dizer. Deixemos a pergunta para os acadêmicos e especialistas.

Alguns dos contos saem mais do padrão e se assemelham a verdadeiras crônicas. Uma delas é bastante politizada e desenha um pouco a visão de mundo e as preocupações dos Estados Unidos dos anos 1960. Em alguns momentos, a infância do autor é retratada, tendo esta acontecido na Grande Depressão, nos anos 1930. A escrita é moderna, limpa, inteligente, totalmente fluida e divertida (ainda que de uma diversão meio perversa, às vezes...).

O que incomoda, na verdade, é o uso somente de minúsculas, mesmo no início das frases. Eu sou meio cegueta e confundo os pontos com as vírgulas. Mas isso é algo absolutamente pessoal. Ademais, acho que essa prática envelheceu um pouco, mas ela passa a ideia de uma escrita mais rasgada, como se fosse um caderno que ia ser jogado fora (inclusive, um dos capítulos foi totalmente escrito em caixas de papelão; sendo formado de aforismos escritos desta maneira, segundo o autor). Longe de ferir o livro de morte.

Há alguns erros pequenos de revisão, na maior parte desapercebidos. A tradução é ok e há algumas notas delas. Parece seguir o espírito do próprio autor (um estilo bastante antiacadêmico e anti-intelectual). Mostra preocupação com as frases mais problemáticas, anotando-as quando é o caso.

Os cenários variam entre a tradicional L.A. do seu autor (e os submundos de North Hollywood e demais imediações, temos aqui a geografia completa do local), o que transmite aquela sensação peculiar de glamour e decadência. Mas também o seu autor visita lugares como a Filadélfia e a estrangeira Nova Iorque, diametralmente oposta a Califórnia do autor (o fato de ele ser um peixe fora d'água nestes locais é impagável).

Recomendadíssimo, mas não espere aqui um conto de flores, de beleza (no sentido tradicional), aqui tem muita sacanagem, mau-caratismo, violência, ainda que o seu autor, em momentos bem esparsos (como um dos últimos contos no final) faça uma sugestão bem breve na linha oposta. Mas é aqui, no geral, uma realidade dura, sem contos de fadas.

Para mim, Bukowski se insere num registro que inclui filmes como Taxi Driver, ou então mais recentemente o Grande Lebowski, filmes com uma estética violenta e decadente, que incorporam algo do nonsense, retratando uma espécie bem peculiar de desespero social.

Coisa fina, mas no meu entender, mereceria edições mais cuidadosas em língua portuguesa, recebendo um tratamento melhor que as velhas edições de bolso (quase sempre o formato dos seus livros no Brasil).
Katia Rodrigues 23/03/2023minha estante
Excelente resenha! Arrasou ?


gabriel 24/03/2023minha estante
Obrigado, Katia!


OshoTemRazao 14/05/2023minha estante
Melhor resenha que eu já li sobre um livro de bukowski




isa 06/01/2021

eu sempre tive um preconceito grande com Bukowski porque eu vejo um bando de gente tonta que cresceu na época do Tumblr e paga pau pro cara porque ele bebe e escreve sobre buceta e se você gosta do cara só por isso, amigo, tem algo de terrivelmente errado com você, porque a real é que o cara era um puta misógino e por vezes xenofóbico ou racista, como era a maioria das pessoas nos anos 60. esse foi meu primeiro livro dele e pra mim a escrita dele é 50% nojenta e 50% triste pra cacete e é nessa última parte que de fato tá a graça da coisa. O cara era um miserável, porque via a vida e sentia profundamente e vivia mergulhado em bebida pra não se ver mergulhado na solidão inerente a ser mais sensível que a maioria. Isso é o que nem todo mundo entende quando lê Bukowski e é algo com o que eu me identifico mais do que gostaria


fredfredfred 22/02/2022

ameno
é um livro excelente pra quem sabe o que ta lendo e o que tá disposto a encontrar aqui
é um pouco mais light comparado à outros títulos do autor, mas ainda tem linhas intragáveis.
O bom é que no meio do livro rola umas cartas do autor onde ele mesmo fala sobre o fictício no que ele escreve.
Vou fazer o que? o maluco escreve bem.
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Clana 10/01/2023

Maldito escritor maldito
Ao terminar toda essa loucura que ainda sou incapaz de identificar o que é verídico e ficção, lembrei-me da música "Preciso Me Encontrar" do Cartola:

"Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Sorrir pra não chorar"
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Tatiane Buendía Mantovani 14/05/2012

Eu não conhecia Bukowski.
Meu primeiro contato foi através da música do Lupercais* e de alguns comentários do marido, que conhece um pouco mais do que eu (citações).
Vi em promoção na Americanas.com e comprei (estava realmente barato) - no começo, a leitura foi meio engasgada - esta maldita mania que temos de ler prosa, procurando começo/meio/fim em tudo o que lemos, pensamos, queremos! + sacolejar do ônibus nosso de cada dia + black metal rolando nos headphones... - sofri um tiquinho até me desvencilhar deste inútil hábito.
Depois que 'peguei o ritmo' - encarei a leitura como fluida e um tanto nonsense como ela é para ser - foi uma delícia de ler, fiquei triste quando acabou! E as 250 páginas pequenas VOAM. (tenho a impressão que ler isto chapada deve ser MELHOR AINDA! - RS)


Ficou a impressão de uma espécie de blablabla - BANG! - blablabla (sem ficar interrompendo e voltando a leitura pra entender as profundidades filosóficas dos 'blablabla', mas entendendo MUITO BEM o BANG - sentindo nas entranhas os verdadeiros socos no estômago dispersos em meio de coisas aparentemente nonsense - existem algumas preciosidades em termos de citações, frases esparsas e mesmo experiências que nos fazem refletir muito, imaginar no quanto de gente dita 'normal' passa por nós pela rua e de repente embaixo de seus tapetinhos cotidianos escondam este verdadeira manancial de pervesidade, sujeira e loucura que era a mente desta figura.

Fiquei curiosa em ler os contos e poesia propriamente ditos do 'velho safado', estas 'notas' tem um quê de autobiográfico e muito de confusa embriaguez, então não sei se dá para tecer uma noção exata do que a obra dele realmente 'É'. O quanto dali realmente foi real.
E o que é a realidade, no final das contas?

Me atraiu particularmente o finalzinho, aparentemente mais autobiográfico do que o restante (que soam como delírios)... as descrições do pai e mãe espancadores que Hank teve quando criança, e como ele se tornou um HOMEM GÉLIDO. Explica um bocado.
Ou não.
Vale muito a leitura!



Nas palavras de Lupercais, em "Crônicas de um morto cafajeste":

* vá em paz velho safado,
que o céu te receba num sarcasmo sorridente
mas antes de chegar ao paraíso,
passe no inferno e peça a Satanás uma garrafa de aguardente.
Adeus.
(o resto da letra, é impróprio para o horário)
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EstAfani.Sandmann 16/09/2023

Pequenas doses do Velho Safado
Ano passado eu li ao longo de dois meses todos os romances do Buko, virei uma grande fã. Pois estas notas são pequenos momentos de insanidade do velho safado mais fanfarrão.
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Giovanavski 09/08/2023

Adorei os contos de Bukowski. Li sem conseguir parar, parecia que estava em um bar, ouvindo as histórias de um velho amigo, rindo dos absurdos e me surpreendendo com as loucuras.
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Côrtes 27/04/2022

Melhor livro do bukowski
Não esperava q iria gostar tanto desse livro, possui alguns contos totalmente desnecessários porém tem contos filosóficos,engraçados e interessante até demais para se ler. Aconselho o livro para todos.
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Dd/Ju 11/06/2022

Me sinto afundando com o Bukowski
A cada leitura nova do Bukowski fico na ressaca. Os livros deles são carregados de coisas difíceis de digerir. Relatos de estrupo, um certo ódio e desprezo para com as mulheres, a violência e nojeira em tudo. E do outro lado você tem um cara que sofreu a vida inteira, pela dureza do destino e às vezes pelas própria escolhas, então fica difícil gostar ou repudiar. É preciso analisar a obra sem incluir muito o autor, mas com o Buk é tudo muito autobiográfico.
Já li os romances, alguns contos e apesar de não gostar de muitas coisas, quero conhecer seus poemas. Porque existe uma verdade dolorosa em tudo que ele diz, que é difícil de encontrar em outras obras. É muita putaria, mas no meio disso, vem umas reflexões sinistras. Tem que ter estômago para ler o Buk e "passar por cima" de certas coisas que ele diz.
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Ema 14/04/2020

A escrita de bukowski não agrada a todos. Não tem papas na língua e diz tudo aquilo que pensa e de modo bruto. Neste livro descreve o seu modo de vida: as constantes bebedeiras e ressacas, as prostitutas, etc. Tem histórias muito engraçadas. Não adorei este livro pelo simples facto de ser um conjunto de crónicas, e não uma história com início, meio e fim pelo que não me motivou tanto a leitura.
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Daniela Alvares 12/05/2009

"Você nunca pode dizer o que está incomodando alguém. Até coisas mais triviais podem se tornar terríveis quando você entra num certo estado mental. E o pior de todas as fadigas e tormentos produzidos pelo medo e pela agonia é aquele que você não consegue explicar ou compreender ou até mesmo pensar, apenas se lança sobre você e não tem como sair dela... O suicídio parece incompreensível, a não ser que você mesmo esteja pensando nele".

Charles Bukowski em Notas de um velho safado ( com algumas pequenas adaptações minhas ).
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Luciano Luíz 04/04/2014

NOTAS DE UM VELHO SAFADO reúne alguns dos melhores textos de CHARLES BUKOWSKI.

Você pode chamar de crônicas ou mesmo contos.
Apesar de boa parte do que tem nesse livro ser autobiográfico...
Aqui não tem a viadagem dos livrinhos de vampiros ou de fantasia mequetrefes as pencas.

É a vida real da forma mais crua e divertida.
O sofrimento e até algumas conquistas.
Tudo sob o olhar de um homem que a primeira vista pode ser considerado apenas um bêbado depravado, extremamente obsceno.
Mas que em verdade foi um pensador que através de sua narrativa repleta de sujeira visual, mostrava toda a decadência da sociedade.
Ele via e sentia o que os demais sequer conseguiam entender...

Bukowski é um incompreendido por vezes.
Mas para ter afeto por sua literatura, é preciso ter contato com o mundo real.

Ele te faz rir e até chorar.
Faz se revoltar e procurar soluções para as merdas que o cercam.

É uma leitura para quem sente falta da solidez e embriagues do nosso mundo recheado de falsidade, ódio, algum amor e muitas trepadas.

Certos textos podem não ser tão chamativos por causa da cultura americana, como regras de beisebol.
Mas fora isso é o retrato do que vivenciamos.

Ou do que achamos vivenciar...

E o que para muitos não passa de fantasia.

O relacionamento entre homem e mulher é explícito e faz os leitores e leitoras irem além em suas análises.

Fodásticamente recomendado.

Nota: 10

L. L. Santos


site: https://www.facebook.com/pages/L-L-Santos/254579094626804
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Luis 07/12/2014

O Tamanho da obra versus a dimensão do mito
È possível que muita gente já tenha ouvido falar de Charles Bukowski, embora desses, poucos de fato o tenham lido. Contista, romancista, poeta e jornalista teuto-americano, sua figura icônica, construída à base de uma vida de excessos, o colocaram numa aura marginal de grande apelo para grande parte do público alternativo. Não por acaso, o autor batiza uma das casas noturnas mais famosas do Rio de Janeiro.
“Notas de Um Velho Safado” (L&PM, 2000) é uma espécie de cardápio da verdadeira geléia geral em que consiste sua obra, tão alcoólica, sexual e escatológica quanto seus acidentados 74 anos.
Ao leitor desavisado, a primeira a impressão é de caos. A única regra de Bukowski é não seguir regras. Pelas páginas iniciais, não dá para enquadrá-lo como romance, conto ou memórias. Ora o autor é narrador, ora é personagem. As fronteiras de gênero não são nítidas o que sugere um grande quebra cabeça a ser montado a cada “nota”.
É difícil comparar autores, principalmente quando eles apresentam vozes originais, descoladas de tantas fórmulas mercadológicas que formatam a literatura de “fácil” digestão. Ainda assim, é possível reconhecer que Bukowski transita na mesma faixa que (talvez) Rubem Fonseca e (certamente) Reinaldo Moraes, só pra ficar nos brasileiros. A grande questão é que no caso do americano, a notoriedade que o cerca, parece ser o componente essencial na apreciação de seu trabalho. Gostar de Charles Bukowski é in. Não cabe críticas ou questionamentos.
A saga errática de bebedeiras e farras, intercaladas com uma ou outra grande sacada, formam a matéria prima básica de “Notas de um Velho Safado”. Para os leitores habituais ou admiradores de longa data, o livro é uma afirmação da excelência de sua produção. Já, para aqueles que se aventuram pela primeira vez (ou segunda, como é o meu caso) no submundo do velho Charles, a heterodoxa desorganização de seus escritos não ajuda muito. O fato dos contos, ou capítulos, a depender do critério do freguês, não apresentarem qualquer tipo de título e identificação, reforça essa sensação de estranhamento. Melhor seria procurar uma porta de entrada mais acessível a seus escritos.
Esse ano, completaram-se duas décadas da morte de Bukowski. Embora não seja propriamente um ícone do movimento, ele é bastante identificado com a chamada geração beat e inspiração permanente para novos autores que tematizam essa mesma esfera. Tais credenciais são fatores incontestáveis da qualidade de sua literatura, no entanto, há de se descontar o encantamento gerado pela figura que, em muitas ocasiões, influencia a justa avaliação da obra.
Parece ser o caso de “Notas de um velho safado”.

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