Maria - Blog Pétalas de Liberdade 11/03/2015Narrado em terceira pessoa, o livro conta a história de Alice, uma jovem de vinte e seis anos, que tinha visões desde a adolescência. Alice já havia passado por vários psiquiatras, na tentativa de entender melhor sua condição, porém, ninguém acreditava que ela possuísse um dom especial.
Até que uma conhecida de Alice foi encontrada morta, a polícia dizia ter achado o responsável pelo crime, já que as circunstâncias em que o corpo foi encontrado eram semelhantes a outro assassinato, ocorrido pouco tempo antes. Tanto a conhecida de Alice, quanto a vítima anterior, estavam vestidas de freira no dia em que foram mortas. A mídia falava em um serial killer, um assassino em série com alguma fixação mórbida por freiras.
Porém, Alice estava na festa em que a segunda mulher foi morta. Durante essa festa, ela presenciou algumas coisas e teve um presságio, onde ela via o corpo da freira nua e sem vida. O assassino não se parecia em nada com o homem preso pela polícia. Certa de que estavam cometendo um engano, ela procurou a polícia para contar o que sabia, mas quem acreditaria apenas em sua palavra, sem uma prova concreta?
"- Eu vi!
- Então, você estava lá!
- Não estava! Eu vi em pensamento, como um presságio.
Silêncio.
Agora foi o agente quem não segurou a risada, e foi imediatamente acompanhado pelo delegado." (página 40)
Alice não desistiu, continuou procurando desvendar aquele mistério. O que a colocou em grande perigo.
"Os olhos de Sócrates pareciam querer saltar das órbitas. A respiração ofegante, o coração pululando. Se ele tivesse acreditado em Alice, nada daquilo teria acontecido. Sentiu o peso da culpa lhe pesar nos ombros até quase esmagá-lo." (página 185)
O livro é pequeno, de forma que devorei a história rapidamente (em parte pelo número de páginas, em parte pela curiosidade para saber como terminaria), a escrita do autor também contribui para isso: fácil de se ler, ainda assim, com palavras bem escolhidas, a leitura fluiu com facilidade.
Eu demorei bastante para conseguir descobrir quem era o assassino, quando descobri, percebi que pistas estavam presentes desde o início da história. Porém, me equivoquei na hora de imaginar e caracterizar os personagens, de forma que o assassino não poderia ser aquele personagem, da forma como eu o imaginei.
Apesar das pistas, não é fácil descobrir a resolução do mistério. Trazendo vários fatos novos, o autor me fez suspeitar de tudo e de todos, até da própria Alice. Ela mesma suspeita de si própria. Será que Alice não seria realmente louca e, durante uma crise, teria cometido um crime?
O fato de Alice ficar, de certa forma, mentalmente instável, pelo uso de drogas lícitas e ilícitas, faz com que hajam lacunas entre cenas, dificultando a compreensão dela e a nossa. Minha cabeça deu vários nós durante a leitura, quem estivesse próximo de mim, talvez conseguisse ouvir o barulho das engrenagens do meu cérebro trabalhando para tentar assimilar tudo.
Gostaria que o livro fosse maior, acho que poderia ter até uma continuação.
O trecho que mais gostei:
" - Mas vou dizer: você é calada demais pra ser louca! - soltou o volante, virou-se para Alice e sofismou: - Só é louco quem fala demais! Porque, se você não fala nada, as pessoas não adivinham o que está dentro da sua cabeça! Pode ser a pirada mais demente de todas! Mas, se você não fala nada, você é normal, entendeu?! - e riu novamente." (página 160)
Sobre a parte visual: gostei da capa, as páginas são amareladas, a diagramação está ótima: com margens, espaçamento e fonte de bom tamanho. A revisão também está boa.
Enfim, Presságio: o assassinato da freira nua é um livro que gostei e que recomendo, principalmente para quem se interessa por suspense policial, histórias com personagens paranormais e investigação elaboradas, onde um detalhe pode fazer a diferença. Ressalto que o livro tem cenas fortes, talvez seja mais indicado para maiores de 18 anos.
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