spoiler visualizarTati 04/01/2012
RESENHA DO TEXTO: COMO E PORQUE SOU ROMANCISTA.
Como e porque sou romancista trata da autobiografia intelectual de José de Alencar, escrito em 1873 e publicado postumamente em 1893.
Em que o autor enfatiza sua formação escolar e a importância dada à leitura. Adquirido esse gosto pelas letras por meio de seu mestre Januário Mateus Ferreira. Quando menino como leitor dos serões da família teve contato com vários romances. Ainda pequeno, comovia familiares e amigos com suas leituras em voz alta, que sentavam todos em sua volta para ouvi-lo ler.
Na ocasião que freqüentou a faculdade de Direito, em São Paulo, se esforçou até dominar o idioma francês para ler grandes obras, como Balzac, Dumas, Vigny, Chateaubriand e Victor Hugo.
Alencar, neste texto, vai dispersando por entre suas reminiscências de infância, juventude e maturidade os elementos que fariam de sua obra algo original no panorama da literatura brasileira, e prenunciaria o surgimento do magistral Machado de Assis.
O escritor destaca suas obras. A moreninha foi seu primeiro romances, a primeira voz figurada. Enfatiza os romances indianistas: O Guarani e Iracema adotavam o índio como ícone nacional, resgatando o ideal do bom-selvagem. O que importa é a cultura Lusitana, o índio morre ou se converte em cristão no final, destacando os brancos como os certos. Em geral suas obras eram sem muitos dramas, porque era para as mulheres se deliciarem.
O autor transmite primeiras experiências com a forma folhetinesca, e, finalmente, já na adolescência, o necessário contato com autores franceses, ingleses e americanos, que lhe apurariam o arcabouço da forma romanesca.
José de Alencar estabelece uma diferença sensível entre "modelo" e "imitação". Deixa-nos claro que "modelo" nada mais é que a forma do romance ainda jovem e em constante mutação; porém adotada em toda a literatura ocidental. Assim, o romance brasileiro nada teria de imitação, pois adquiria características próprias, de acordo com o contexto do autor.
Em sua passagem pela academia de São Paulo, o escritor destaca a circulação de livros, autores mais lidos e a formação de um núcleo de escritores que marcariam um dos períodos mais criativos do século XIX.
Foram sombrias as memórias da maturidade, em que se percebem as dificuldades que encontrava para se afirmar enquanto escritor; as questões financeiras que envolviam a publicação de um livro; o comércio abusivo e a baixa remuneração dos autores. Descontadas as diferenças entre o incipiente mercado editorial.
Em síntese, esta obra ficou marcada como expressão do eu de José de Alencar determinado através do emotivo, da sensibilidade, ele por sua vez transmite por meio da literatura. Ele se constrói através da história, que tinha por ideal criar uma identidade literária.