Carla.Parreira 10/11/2023
O amor jamais te esquece (André Luiz de Andrade Ruiz/Lúcius)...
O livro relata o encontro espiritual de Emmanuel, que foi o senador romano Publius, e Jesus.
Melhores trechos: "...A religião pura e venerável que paira acima das conveniências pessoais estava prejudicada nos sentimentos da maioria que a ela se endereçava, tão somente para conseguir vantagens ou posições. No emaranhado de ritos e tradições, os sacerdotes judeus e os representantes das castas mais elevadas do povo tratavam de se defender com a invocação de passagens dos livros mosaicos, de onde retiravam todo o tipo de justificativa para corromper princípios elevados, para distorcer deveres morais e para fazer do formalismo estéril a principal causa da religião, graças à qual, poderiam continuar defendendo seus interesses materiais. A ritualística sobrepujara a simplicidade do contato com a Divindade. Pela ação solerte dos intérpretes, o povo ia sendo guiado por criaturas mesquinhas e sem elevação de caráter. Tudo era motivo de ganho e de troca e, para isso, os textos eram consultados, espancados, espremidos, torcidos e retorcidos até que atingissem o estado que desejavam os interessados em obter vantagens ou justificar suas atitudes. O povo sentia tal estado de coisa, ainda que não ousasse se manifestar contra as autoridades que o dirigiam, eis que temia ser considerado infiel e banido ou morto pelos asseclas dos administradores da fé. Por isso, a presença de Jesus no meio das pessoas humildes era tão acolhida e admirada, já que o Divino Mestre vinha trazendo uma forma muito diferente de relacionamento com Deus... Todos, no entanto, se surpreendiam com a referência nominal que Jesus lhes fazia, como se a todos Ele conhecesse pelo nome e pelas mazelas e desafios morais, fraquezas e tendências pessoais. A todos designou a tarefa e apontou o companheiro de que cada um necessitava para que a obra pudesse ser realizada tanto fora deles quanto dentro de seus espíritos. Afinal, apesar de tudo, nenhum deles tinha em mente quem era aquele Jesus, efetivamente, que se demonstraria depois na capacidade de amar e perdoar mesmo aqueles que o supliciaram. Para eles, Jesus era apenas um homem especial, poderoso e mais sábio, sem conseguirem aquilatar nem o quanto seu espírito era luminoso nem o quanto era o mais sábio dentre todos os sábios que já haviam pisado ou pisariam o solo da Terra... Pressionado entre a humildade e o orgulho, apesar da prova candente ocorrida em sua própria casa, Públio recusara-se a atribuir a cura à intervenção daquele ser tão especial e renegara a sua ação para que não tivesse de abdicar dos favores do mundo aos quais se apegava com extremo orgulho e venerava com todas as forças de sua tradição. Entre romper com Roma e romper com Jesus, preferiu negar este último para seguir atrelado à primeira. Lá dentro de si, porém, não conseguiria enganar-se por completo para sempre. Também em sua vida, chegaria a sua hora de reconciliar-se com a verdade, ainda que depois de muito sofrimento... Receberemos sempre de acordo com o que dermos. Seremos julgados na medida com que julgamos. Se ferimos pela espada, pela espada seremos feridos... Natural que as pessoas que se deixam levar pelo caminho do atendimento de todos os seus caprichos se tornem crianças perigosas, eis que julgam possuir todos os direitos e não suportam ter contrariado o menor de seus desejos. A maturidade espiritual dos homens se mede pelas suas reações nos momentos de contrariedade de seus desejos e direitos... O Amor está ao seu lado e, se parece que isso não é verdade, é apenas porque nós fazemos muito barulho interior e não o escutamos. Barulho com nossas reclamações, com nossas lamúrias, com nossa autopiedade, com nossas amarguras guardadas no cofre do coração, como se ali fosse lugar de estocar lixo emocional. Silencie o seu tormento lamurioso e confie-se à prece serena e humilde. Na harmonia que se seguir, poderá identificar a força do Amor que o envolve..."