Padre Sérgio

Padre Sérgio Leon Tolstói




Resenhas - Padre Sérgio


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Arsenio Meira 14/05/2014

Entre a Carne e a Cruz : o embate entre a Fé e a vaidade

Padre Sérgio (1890) resulta da crise (chamada grande crise, de tão famosa que ficou) por que passou Tolstói nos anos anteriores ao lançamento desta pequena obra-prima. Nesse período, o velho Leon condenou toda a sua obra pretérita, cujo acento misógino é nitidamente visível. Essa novela realça um tema que há muito vinha angustiando o genial escritor russo: o amor carnal, visto como nocivo pelo protagonista, porquanto surge como entrave para consumar a necessidade de se reprimir as tentações da carne em prol da força moral existente no homem.

E o Padre reflete: seu impulso de aderir a uma vida monástica teria sido resultado de uma desilusão amorosa. É neste ponto, em particular e sob minha ótica, que Tolstói construiu magnificamente o dilema da vaidade. O padre só tornara-se padre para corroborar uma falsa altivez, uma superioridade inexistente perante os seus iguais. Como se a renúncia se prestasse a diminuir as outras pessoas. Não é por aí, e Tolstói dinamitou esse prurido que até hoje, acho, acomete vários homens voltados diretamente para o Sacerdócio. Não é à toa a analogia tecida e que antagoniza a mulher fatal à imagem do diabo, sempre que o pobre Padre Sérgio se confronta com a tentação. E mais: não deixa de ser um romance de tiro curto a serviço de um grande ajuste de contas com a Igreja ortodoxa; Tolstói já havia denunciado as iniquidades do Templo Ortodoxo, e em Padre Sérgio desmistifica a vida monacal, e expõe com destreza a mercantilização da fé, a ideia cartesiana e castradora incutida pela Igreja ortodoxa segundo a qual o homem pode salvar-se das tentações da vida renunciando a tudo, mediante o ato de confinar-se em um mosteiro. De que adianta a clausura, se o pensamento não permite a morte do desejo sexual?

Padre Sérgio é um personagem do nosso tempo. No livro, ele percebe um profundo elo paradoxal entre a pregação da fé e da moral cristã e os atos reais e sub-reptícios de alguns pregadores. Além de não conseguir fugir a tais tentações, ele acaba fugindo mesmo é do mosteiro por não suportar a hipocrisia dos stáriets; passa, então, a descrer totalmente dos ensinamentos e da prática da Igreja e até a duvidar da existência de Deus. Não foge da religião em si mas daquela religião timbrada, oficial. Termina por buscar a resposta às suas torturantes dúvidas na religião do povo, em quem, segundo Tolstói, está o sentido da própria vida. Procura a prima Máchenka, que já foi rica, sofreu, e agora vive numa pobreza quase extrema. Ela é o elo que o liga ao povo, à sua experiência, e após o encontro com ela Padre Sérgio assume definitivamente a vida de peregrino entre outros miseráveis, consumando na prática a condição tolstoiana para alcançar a salvação da alma.

Padre Sérgio sente todo o sangue do corpo estancando no coração, perde a respiração, mas acaba abrindo a porta, ou pelo menos, deixa uma fresta aberta, e fresta ou não, já não há mais muro ou porta capaz de estancar o sangue que escorre da artéria amorosa da luxúria, essa velha senhora assanhada e sagaz...
pamella 30/01/2015minha estante
Que resenha sensacional! nao tem como não ter vontade de ler o livro depois das suas palavras.


Arsenio Meira 04/02/2015minha estante
Oi Pamella,
Obrigado, Tolstói é gênio, sempre. Espero que que você goste tanto quanto eu.
Abraços.
Arsenio


Alexandre.Domingues 07/02/2015minha estante
Arsenio, muit boa sua resenha. Tive a oportunidade de ler este livro pouco depois de seu lançamento pela Cosac e me surpreendi demais, um grande livro.


@livreirofabio 04/03/2015minha estante
Arsenio, resenha excepcional! Me ajudou a enxergar melhor a "mensagem" do Tolstói, que me parece ter sido um pregador nato, entranhado em suas histórias. Porém, confesso que mais do que a história a carta ao sínodo no final dessa edição me empolgou mais, ali consegui sentir a clareza e a honestidade intelectual do Tolsta.


Thiago 19/02/2017minha estante
Grande Arsenio. Que análise perfeita da obra. Grande leitor. Grande pessoa. Deixou saudades.




Amélia Galvão 03/05/2020

Esse é um livro curtinho do Tolstói na sua fase madura e da grande crise existencial pós Anna Kariênina. É bem próximo de sua morte e foi ele que levou a sua excomunhão pela Igreja Ortodoxa. É uma novela que, como outros escritos seus, apresenta muito do seu entendimento de mundo, principalmente em relação à Igreja e às mulheres.

Achei interessante, mas não me empolgou e nem me sensibilizou como outras leituras que fiz dele, as quais moram no meu coração. Aqui me senti bastante incomodada com o Tolstói pregador, não por discordar ou concordar com ele, mas sim por achar que ele acabou prejudicando o Tolstói romancista. O livro é sim bem escrito, a psique da personagem principal é bem explorada e há muitas críticas à Igreja Ortodoxa e a uma fé de aparências. No entanto, o desenvolvimento das personagens femininas e as interações com elas me incomodaram demais. Elas não possuem a mesma profundidade de outras que ele já nos apresentou, como a maravilhosa Anna Kariênina, e aparecem como um mero instrumento de provação para a personagem principal (com exceção de uma que não deixa de ter também função instrumental, mas de forma diversa).

Essa edição da Cosac traz um escrito de Tolstói em resposta a excomunhão dele, o qual é interessantíssimo para sabermos mais sobre suas convicções. Também recomendo a leitura do livro Uma Confissão.
meriam lazaro 11/05/2020minha estante
Eu li em conjunto com "Sonata.." e "A morte de Ivan..", numa edição que tinha os 3. Como "Padre Sérgio" foi a última leitura, pensei que não havia gostado muito por já estar cansada. Vou reler.


Amélia Galvão 12/05/2020minha estante
Pode ser, hehe. Eu o li logo após ter relido "A morte de Ivan Ilitch", que achei maravilhosa. Confesso que fui com grandes expectativas e acabei me frustrando, haha. Mas também pretendo reler no futuro.




Diego Rodrigues 11/05/2022

Tolstói x Igreja Ortodoxa
Um dos maiores escritores não só da literatura russa mas também mundial, Liev Tolstói nasceu em 1828, na propriedade rural de seus pais, em Iasnia Poliana. Ainda jovem, alistou-se no exército russo e serviu no Cáucaso. Publicou sua primeira obra, "Infância", em 1852. Teve sua vida marcada por uma crise moral, seguida de um despertar espiritual, que culminou na sua transformação em uma espécie de anarquista cristão. Suas visões filosóficas e religiosas se tornaram as bases de um movimento social que ficou conhecido como Tolstoísmo, caracterizado pela rejeição da Igreja Ortodoxa, dos métodos tradicionais de ensino, do Estado e de todas as instituições que dele se derivam.

Autor de clássicos como "Guerra e Paz" e "Anna Kariênina", Tolstói também era mestre na arte da narrativa curta. Escrita em 1890, "Padre Sérgio" pode não compartilhar da mesma reputação de "A Morte de Ivan Ilitch" e "Felicidade Conjugal", mas compõe uma importante peça na biografia do Conde. A obra foi concebida logo após seu despertar espiritual e antecede em poucos anos sua excomunhão da Igreja ortodoxa, ocorrida em 1901. Logo, muitos dos conflitos internos do autor aparecem de forma bastante clara aqui, na figura de Stiepán Kassátski.

Kassátski é um jovem ambicioso que tem como filosofia de vida ser o número um em tudo aquilo que se propõe a fazer. Com uma promissora carreira militar pela frente, a única coisa que lhe falta é o ingresso na alta sociedade. Visando essa "promoção", ele trava relações com a condessa Korotkôva, uma beldade da corte. A vida parecia sorrir para o jovem Kassátski quando, às vésperas do casamento, uma revelação abala o mundo do príncipe. Abandonando sua carreira militar, rompendo o noivado e deixando pra trás todas as promessas da nobreza, Kassátski segue para o monastério. A partir desse ponto, vamos acompanhar sua trajetória pelo mundo eclesiástico até ser ordenado padre.

"Padre Sérgio" é uma novela bem curtinha (menos de 80 páginas) e que vai tocar em assuntos bem polêmicos, principalmente no que diz respeito a religião, que é o tema central da obra. Tolstói havia adotado então uma postura de anarquista cristão, atacando a Igreja ortodoxa e acusando-a de deturpar os ensinamentos de Deus, e tudo isso se reflete aqui. Os monólogos do protagonista eremita trazem muito da filosofia de vida que Tolstói defendia e a obra é carregada de críticas ao orgulho, a vaidade, ao materialismo e aos dogmas religiosos. É uma leitura muito rápida de se fazer, mas não desprovida de levantar debates e reflexões.

Sendo essa uma obra que possui forte conexão com a biografia de Tolstói, a Companhia das Letras acertadamente incluiu aqui a carta resposta do Conde à excomunhão da Igreja ortodoxa, o que não só contextualiza a obra como também nos permite compreender um pouco melhor os questionamentos do autor. Com tradução de Beatriz Morabito, a edição também traz posfácios de Samuel Titan Jr. e Boris Schnaiderman. À primeira vista, a novela em si pode até parecer rudimentar, mas as leituras dos textos complementares dão a real dimensão de sua profundidade e complexidade.

site: https://discolivro.blogspot.com/
@quixotandocomadani 11/05/2022minha estante
esse já vai pra lista dos meus TBR rs


Diego Rodrigues 11/05/2022minha estante
Esse é rapidinho de ler, Dani.. E essencial para entender o despertar de Tolstói!




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Steffany4 04/03/2024minha estante
Resenha impecável como sempre, amor! ? ????




jota 03/11/2023

MUITO BOM: tentação, misoginia, orgulho e epifania são os destaques desta novela do mestre russo
Que Padre Sérgio (1898) era uma história curta, maior do que um conto, uma novela, eu já sabia, porém desconhecia que terminasse de modo abrupto, que fosse tão breve. Penso que daí foi que a Companhia das Letras, além da narrativa de Tolstoi (1828-1910), incluiu também no exemplar alguns textos, dois deles trazendo interessantes reflexões sobre a obra, além de um terceiro, do próprio autor defendendo suas posições sobre fé, religião, igreja (ortodoxa russa, no caso), moral etc. Eles são: O brilho da contradição, por Samuel Titan Jr., Uma novela a ferro e fogo, por Boris Schnaiderman e o último, de Tolstoi, Resposta à resolução do Sínodo de 20-22 de fevereiro de 1901 e às cartas recebidas nessa ocasião. Há ainda uma nota Sobre o Autor e várias sugestões de leitura finalizando o volume.

Da importância de Tolstoi na literatura russa e universal não é necessário falar nada. Quanto a Padre Sérgio, obra do final da vida, que tem muito a ver com o que Tolstoi pensava no momento sobre diversas coisas, muitas delas que diziam respeito à religião, a sinopse da Companhia das Letras esclarece bem o que o leitor terá pela frente ao lê-la. O personagem, um membro da nobreza russa abandona tudo depois de uma decepção amorosa, tornando-se então um religioso – o que, no caso não parece ser e de fato não é uma boa decisão –, luta ferozmente contra o desejo da carne (decepa um dedo para não cair em tentação), torna-se misógino por fim. Também, aos poucos vai ficando bastante popular (milagreiro) e acaba se descobrindo bastante insatisfeito com sua vida.

Pois embora acredite estar servindo a Deus, na verdade o que ele faz é servir as outras pessoas, aquelas que o procuram em busca de cura, de conforto para suas dores, problemas etc. A partir de certo momento, por conta de seu orgulho ferido, começa a sentir repulsa por elas, torna-se um eremita, tal como vai acontecer de verdade no final da vida de Tolstoi. Mas nas derradeiras paginas padre Sérgio encontra a segunda personagem mais importante do livro, Páchenka, uma velha conhecida que não via há mais de trinta anos, a quem, junto com os coleguinhas de escola, havia maltratado em criança.

Páchenka vive na pobreza com sua família, mas trabalha, luta para sobreviver e pratica a caridade: faz o bem sem olhar a quem. Encontrá-la agora, conhecê-la melhor, ficar na companhia dela por algumas horas produz nele uma epifania. Padre Sérgio reflete então: “Páchenka é o que eu deveria ser e não fui. Vivi para os homens a pretexto de viver para Deus; ela vive para Deus achando que vive para as pessoas.” Esta revelação vai lhe permitir sair pelo mundo, caminhar livremente como um andarilho, até ser parado pela polícia. Sentenciado como vagabundo, é enviado para a Sibéria e lá vive agora. Mas isso não é exatamente o fim.

Lido entre 30 de outubro e 02 de novembro de 2023.
Paulo Sousa 04/02/2024minha estante
grande Jota: achei fraco o livro. tomei por base outros do russo, o Ivan Ilicht, o A sonata a Kreutzer, o Anna Kariênina, o Guerra e paz??????




Nico Henriques 01/03/2009

Simplesmente maravilhoso! Tolstói - talvez o maior escritor que passou por essas bandas - consegue captar todas as ânsias e dúvidas de uma época e sociedade que passaram a duvidar de tudo aquilo que era vigente, como o catolicismo, a hierarquia e outros assuntos da época.
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raffaele 08/03/2009

Certamente um dos melhores livros que li nos últimos anos, Padre Sérgio é comovente. Tolstói mostra em poucas páginas uma incrível capacidade narrativa, cativando o leitor com a tragédia de Stiepán Kassátski. O escritor quese que poético constrói um personagem intrigante envolvido por orgulhos e abdicações. Consagrado por seus imensos romances, nunca havia me despertado o interesse, hoje vejo que não ler Tolstói seria uma perda lastimável para quem gosta de uma boa literatura. A história é magnífica desde o primeiro parágrafo, narrando a repentina transformação de Kassástski, até o desfecho do livro. Muitos considerarem o final fraco, e classificam este texto como propaganda contra a doutrina da igreja ortodoxa, realmente as críticas são bem fundadas. Mas não se pode negar que apesar dos pontos fracos o livro é bom e Kassástski é personagem fantástico, servindo a um propósito ideólogo.
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jonatas.brito 31/05/2016

Uma novela com forte clamor espiritual!
É praticamente impossível – para o sagaz leitor que aventura-se no mundo literário tolstoiano – terminar a leitura com a mesma mentalidade que a começou. É isso que fascina ao ler Tolstói: a sua capacidade de nos fazer refletir sobre os mais diversos e relevantes assuntos, quer seja na busca do real sentido da vida e da morte, como em A Morte de Ivan Ilitch (Editora 34, 2009), nas questões morais e sentimentais envolvidas nas relações amorosas encontradas em Felicidade Conjugal (Editora 34, 2010) e nas crises existenciais e espirituais de todo ser humano, como é o caso da incrível novela Padre Sérgio (Cosac Naify, 2015), publicado originalmente em 1898.

Nesta incrível novela, Liev Tolstói (1828 – 1910) nos apresenta a Stiepán Kassátski, um alto comandante do esquadrão de honra do imperador Nikolai I que, após uma desilusão amorosa e seu orgulho ferido, surpreende a todos ao abandonar a carreira militar para tornar-se monge. Desde sua infância, Stiepán buscava alcançar a perfeição em tudo que se propunha a fazer. Ambicioso, não se contentava ao segundo lugar e sempre que alcançava um objetivo, criava outros (como todos nós). Sua mudança para o monastério não mudou sua personalidade competitiva. Sentia-se superior aos outros monges e empenhava-se ao máximo na execução das tarefas. Após quatro anos de devoção tornou-se padre e ficou conhecido como Padre Sérgio (muito provavelmente uma referência a tantos personagens bíblicos que, ao encontrar-se com Deus, tiveram seus nomes alterados). Com a benção e a estima do bispo, padre Sérgio muda-se para um monastério mais próximo da capital e, com essa mudança, vieram as tentações. Nesta novela o autor enfoca a mulher como obstáculo principal contra a busca da santidade do homem, e justamente em figura feminina que o diabo apresenta-se ao Padre Sérgio batendo, literalmente, em sua porta. Para fugir dela, ele toma uma medida drástica a ponto de deixar o leitor em estado de perplexidade.

Tolstói foi um autor muito importante não só pelos seus escritos, mas, principalmente, pelo seu papel influente como líder religioso. Considerado um verdadeiro profeta por boa parte da sociedade russa de sua época, Ele travava uma briga pública com a Igreja ortodoxa a ponto dela, em 1901, excomungá-lo e condená-lo ao fogo do Inferno. Embora a novela tenha sido publicada antes de sua expulsão, podemos identificar que o autor há muito tempo já criticava o sistema religioso vigente, acusando-a de escravizar e lucrar sobre a fé cega e ignorante de seus fiéis. Na novela, Padre Sérgio – após realizar o pedido de uma mãe – colocou a mão sobre um garoto enfermo e rezou por ele. Um mês depois a saúde do garoto se estabeleceu e sua fama de padre milagreiro espalhou-se por toda a região. A igreja então começou a explorá-lo, atraindo assim visitantes e donativos para o monastério.

Cada personagem criado por Tolstói é um espelho que reflete o próprio autor. Podemos identificar, assim, fortes traços autobiográficos em suas obras. Até tornar-se um representante da fé cristã, Tolstói teve, desde sua infância, diversas crises de fé, ora acreditando piamente em Deus, ora crendo que estava só neste mundo. Dessa forma que encontramos nosso protagonista: em constantes crises existenciais e espirituais. Isto o torna um representante de cada ser humano, falível, vulnerável e inconstante.

A conclusão da leitura nos conduz à reflexão. Assim como o padre Sérgio, nossa peregrinação não tem um ponto final. Sempre estamos em busca de algo, um ideal, um sentido de vida que faça a nossa vida ter sentido (!). O quebra-cabeça da vida de Liev Tolstói vai se formando à medida que lemos seus romances. Criador e criatura confundem-se na mesma história. Padre Sérgio constitui-se, assim, uma obra essencial para que quer entender a mensagem do “profeta” Tolstói.

site: https://garimpoliterario.wordpress.com/2016/05/30/resenha-padre-sergio-liev-tolstoi/
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janierisonsantos 13/05/2024

Quero mais desse autor.
Padre Sérgio foi o meu primeiro contato com o Liev Tolstói e me surpreendeu positivamente. A escrita do autor é muito boa e meio que transmite os seus próprios sentimentos através dos personagens.

Acompanhamos a trajetória de um personagem que busca sempre ser o melhor no que faz, desejo que mais e mais vai aflorando o seu orgulho de estar acima dos outros. Por meio deste orgulho e por causa dele, o protagonista decide entrar numa vida de santidade e devoção a Deus, pois é consciente do seu pecado do orgulho, assim como, almeja a posição de ?santo? para ser um homem melhor que outros.
Durante esse processo de caminhada, o Padre Sérgio vai tomando noção da vida mundana, dogmática e devota. Ele larga a vida pecaminosa, se envolve com a Igreja e percebe o quão distante a religião o tornou de Deus e das pessoas em si, assim, renega tudo e passa a viver ajudando ao próximo. Ele passa a viver de maneira simples, sendo útil a sociedade com os seus dons e talentos, mas tendo o coração no Senhor.

É muito interessante a discussão diante todas essas ideias. Porém, confesso que esperava algo mais aprofundado e não apenas corrido como foi esta leitura. O produto traz ao final um conteúdo extra bastante importante sobre a vida do autor. Desde sua infância até seus B.O. com a Igreja Católica no final de sua carreira.

Falei só por cima a respeito do livro, mas poderia passar horas falando sobre. Busquem conhecer.
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@andressamreis 25/10/2016

Crítica severa de Tolstoi à igreja
História rápida. Em suma, uma critica contundente de Tolstoi às instituições religiosas, à vaidade e às mulheres.
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carmem 10/05/2017

Padre Sérgio, Tolstói
Escrita no início dos anos 1890 e publicada pela primeira vez em 1898, “Padre Sérgio” não é uma obra unânime de Tolstói. Trata-se de uma novela com cerca de 70 páginas que talvez não tenha a majestade de algumas de suas pequenas narrativas anteriores, como “A Morte de Ivan Ílitch” ou “Felicidade Conjugal”, mas que merece uma análise profunda. Tolstói era uma figura polêmica, um religioso fanático e ao mesmo tempo crítico ferrenho da Igreja Ortodoxa Russa, fato que fez com que fosse excomungado da mesma. Tal senso crítico do autor fica bastante evidente na pequena novela.
“Padre Sérgio” tem como protagonista Stiepán Kassátski, um jovem comandante do exército que está noivo de uma condessa e parece destinado à grandeza, mas que, de forma repentina – como somos informados já na primeira página –, pede baixa, rompe o noivado, doa seus rendimentos e decide se tornar um monge. Kassátski é obcecado por ser o melhor em absolutamente tudo o que faz e não se dá por satisfeito enquanto não atingir a perfeição. Assim ocorre no exército e assim também será no monastério, onde se tornará Padre Sérgio. Para chegar à perfeição na vida monástica, Padre Sérgio se mostra capaz de atos surpreendentes, mas nem mesmo ele imaginou que seria tão desafiador.
O livro é uma aula sobre a hipocrisia presente nos homens e também na igreja, e conta com um grau de machismo dos mais elevados – como era de se esperar para a época. A mulher é constantemente vista pelo protagonista como um ser demoníaco e perigoso, alguém que pode levá-lo à ruína. Um protagonista imperfeito obcecado pela perfeição, que titubeia entre a humildade e o orgulho – este é Padre Sérgio. Em poucas páginas conseguimos adentrar na mente de Kassátski, sentir suas angústias e nos chocar com suas ideias. Não há grandes momentos, não há outros personagens de destaque além de Kassátski, mas sim uma galeria de figuras que se revezam enquanto acompanhamos os conflitos do protagonista. Com um final surpreendente e um tanto destoante, “Padre Sérgio” figura como uma obra polêmica do grande autor russo, por suas ferrenhas críticas à própria religião e à sociedade da Rússia czarista como um todo, mas uma obra polêmica que deve ser lida.
A edição da extinta Cosac Naify, parte da coleção Nova Prosa do Mundo, é só elogios. Com capa dura, o livro conta com ótimos apêndices, sugestões de leitura, além de um texto do próprio Tolstói: nada menos que a “Resposta ao Sínodo”, texto que escreveu após ser excomungado. A tradução, feita diretamente do russo, é de Beatriz Morabito.

“O fato de eu ter renegado a Igreja que se intitula ortodoxa é totalmente exato. Mas reneguei-a não porque me insurgi contra o Senhor, ao contrário, simplesmente porque desejava servi-lo com todas as forças.” – Liév Tolstói, em resposta à resolução do sínodo de 20-22 de fevereiro de 1901 e às cartas recebidas nessa ocasião.
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Valério 05/02/2018

Busca extrema
A vida de Tolstoi foi marcada por sua intensa busca espiritual. Que ele tentou passar para os livros de sua fase final.
Padre Sérgio ilustra bem os conflitos interna da busca do autor.
O personagem que entitula o livro perfaz uma feroz e extrema busca pela purificação e iluminação espiritual, digna de um buda. Chega a ponto de ter que decepar partes do corpo para evitar pensar em pecar.
E, no fim, descobre o que Buda também descobriu. A grandiosidade está na simplicidade, na ausência de orgulho e vaidade. A santidade - ou iluminação - está dentro e não fora.
Um livro em que sofremos junto com o protagonista e que mostra o alcance da filosofia espiritual de Tolstoi.
Tal como em "A morte de Ivan Ilitch", do mesmo autor, somente no fim do livro o personagem compreende a verdade.
Excelente livro.
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