Diego 15/03/2014um sonho imprevisívelHá pessoas que ficam putas ao lerem livros como Panamérica, pois ficam procurando pela história, tentando entender o fio da meada, e como não conseguem, acham que a obra é ruim. Não necessariamente um livro precisa ser um romance com início, meio e fim, as vezes o autor pode querer experimentar. José Agripino de Paula faz isso, ele brinca com as imagens, com o onírico, se coloca como protagonista de uma porção de fatos que não se preocupam muito em serem verossímeis. Seu livro lembra um grande sonho, onde cenários e personagens vão se intercalando sem qualquer coerência com a realidade.
As descrições são pormenorizadas, tanto das situações externas, quando dos sentimentos do personagem. Vergonha, medo, alegria, tesão, fúria, vingança, etc. Podemos acompanhar as pequenas nuances nas emoções do personagem, em um estilo admirável, um pouco cansativo às vezes, mas ainda assim admirável.
O elemento que dá unidade ao livro é a cultura pop, a todo momento personagens, cenários e situações grandiosas da cultura pop atravessam a narrativa. De Marilyn Monroe à Che Guevara, de Beatles à Muhamed Ali, o autor conhece a todos, participa de todas as situações.