Tribo do Livro 05/03/2013
Resenha por Ver Sobreira
"Ela estremeceu, apertou as pernas e suspirou.
Dante de De Matteo.
Ela não o via desde a última semana do penúltimo ano do colegial.(...) Ela se lembrava do rosto de Dante(...) Lembrava-se de seus olhos escuros, de como eram tristes. Ferozes. Vulneráveis, quando ele olhou para ela, coisa que a surpreendeu."
Vamos ao segundo livro da Trilogia The Edge, ou aqui Trilogia Luxúria, desculpe-me se houver spoiler para quem não leu Luxúria. Desta vez Eve Berlin abandonou o ar "professoral" da escrita e nos apresenta uma narrativa direta, erótica, sexual e sem rodeios. Diferente de Alec Walker de certa forma, Dante De Matteo é um homem que não se permite preâmbulos vai direto ao ponto; Dylan Ivory é uma mulher que beira ao romantismo e queria no início informações concretas e precisas sem envolvimentos das práticas BDSM; já Kara Crawford quer se envolver neste mundo diretamente, pois sempre sustentou fantasias a esse respeito o que custou seu último relacionamento. É difícil não comparar os personagens, pois apesar de ambos os livros tratarem do mesmo tema, Berlin consegue construir casais totalmente opostos em suas relações e ao mesmo tempo iguais quando chegam a descobrir os fortes sentimentos que os unem, ademais do sexo que os aproximam e os levam até a borda, ao limite.
Kara e Dante não se veem desde o penúltimo ano do colegial, quando ele a defendeu de ser espancada pelo namorado traidor. Agora, doze anos depois se encontram por acaso na festa de uma amiga em comum Lucie. O encontro causa mais impacto do que os dois podiam esperar e na mesma noite eles acabam na cama, ou melhor, eles passam um fim de semana inteiro na casa de Dante. Depois disso o que parecia ser algo casual se complica um pouco, já que Dante é o novo sócio minoritário da firma de advocacia onde Kara trabalha. Mesmo sabendo que talvez o melhor para os dois seja o fim desta relação intempestiva, ambos não conseguem se farta do vórtice sexual em que se envolvem.
"Dante se sentia atordoado por ela. Ele não a via há 12 anos, mas o corpo reagia igualzinho a quando era adolescente. O pulso estava quente, acelerado. Ele precisava controlar o desejo dentro de si, tentar não ficar excitado.(...)"
Bem, já vou logo dizendo que o primeiro livro para mim é melhor, apesar do tom didático da autora. A história de Dante e Kara é um pouco mais complicada que a de Alec e Dylan, pelo simples fato de que os dois não se acham bons suficientes um para outro. Kara é filha única e teve problemas de relacionamentos com os pais sempre distantes. Dante por seu lado nunca conseguiu entender seu pai e as exigências que ele fazia aos filhos, o que gerou nele uma personalidade extremamente controladora. Ele precisa e deve ser responsável. Só que o senso de responsabilidade dele é sempre levado ao extremo e com isso se acha incapaz de manter uma relação forte e verdadeira com alguém, por isso seus relacionamentos se resumem a parceiras sexuais e relações dominantes.
Como falei temos lido muitos livros de literatura erótica e cada um se caracteriza por um prisma, mas No limiar do desejo deixou um pouco a desejar, pois a história se baseou totalmente na relação sexual dos protagonistas, sem criar uma narrativa mais consistente. Como não leio em inglês, não sei se o original é assim, mas a linguagem desta tradução é bem escrachada, direta, não vulgar, mas "pesada". Se você é do tipo que tem problemas com uma linguagem sexual altamente crua... Não sei ao certo, mas foi difícil conhecer melhor os personagens, se conectar com a história, eu acho. Tive dificuldade de captar a essência e consequentemente a personalidade de ambos. Dante e Kara são dúbios, confusos e cheios de incertezas.
A leitura do livro é até rápida, em terceira pessoa, o que é ótimo, mas faltou algo mais atrativo. O fim é previsível sem grandes surpresas, mas não deixa a desejar, pois queremos isso. Porém senti falta de algo mais, que infelizmente não consigo identificar. Talvez, a verdade seja que este segundo livro da trilogia não me cativou. Achei os personagens pouco carismáticos, mas não deixa de ser uma leitura viável. Confira.