Ká Guimaraes 27/09/2013Resenha feita pela Carolina DurãesNão sabia muito bem o que esperar quando iniciei a leitura, e fui surpreendida de modo tão fascinante que não consegui largar o livro. A história de Aimee e a superação das pessoas que tiveram suas vidas devastadas pelo Katrina me emocionaram muito. Julie é uma mulher que tem uma vida tranquila, seguindo sempre a mesma rotina. Quando sua melhor amiga Mônica falece, e deixa seu filho Beau de 5 anos sob os seus cuidados, Julie iniciará uma jornada de Nova York ao Mississipi, sem esperar que essa jornada irá mudar a sua vida mais uma vez completamente.
"Recostei-me no assento do motorista da minivan e, pelo retrovisor, olhei para Beau, o garotinho órfão de mãe de Mônica, o medo e a ansiedade que vinham me seguindo tomaram conta de novo. Durante os dois últimos meses, eu passara de uma workaholic - que trabalhava em uma conceituada casa de leilões, sem nenhuma outra responsabilidade a não ser o aluguel mensal e as contas do dia a dia - à guardiã de um menino de 5 anos, desempregada e falida, dona de uma minivan caindo aos pedaços e, aparentemente, proprietária de uma casa de praia em Biloxi, no Mississipi, com o nome duvidoso de River Song. Apesar de ter passado quase a vida inteira colecionando coisas, me sentia confusa para explicar minhas aquisições recentes". (p.10)
Ao chegar no Mississipi e conhecer Aimee, a avó de Mônica e Trey, seu irmão mais velho, Julie vai perceber que talvez a amizade de Mônica talvez tenha tido uma segunda intenção.
"- É o retrato de minha bisavó, Caroline Guidry. E foi pintado por seu bisavô, Abe Holt, em 1956. Estranha coincidência, não? (p.57)
Trey, o irmão mais velho de Mônica é o mais cético em relação à Julie. Sem entender porque Mônica sumiu por tantos anos e porque seu sobrinho não está sob os seus cuidados, ele terá que se juntar a Julie para descobrir a verdade.
"Sabia que seu nome era Wesley John Guildry III, mas que o chamavam de Trey, que ele amava jazz e tinha tocado trompete na adolescência, mas nunca fora muito bom nisso. Adorava pesca e cerveja caseira e tinha ido para Tulane para se formar. Era um ás no xadrez, odiava perder, gostava de esconder insetos e pequenos répteis onde podiam ser encontrados inesperadamente. Era o irmão mais velho de Mônica". (p. 37)
Qual é a relação entre as duas famílias? O passado de Julie está tão presente, com flashbacks de sua irmã desaparecida quanto o passado de Aimee, e sua relação com Gary e Wes, dois irmãos tão diferentes e apaixonados pela mesma pessoa.
"- Minha mãe morreu há dez anos, vítima de um aneurisma cerebral. Meu pai mora na selva canadense com uma sucessão de namoradas e meu irmão mais velho, da última vez que falei com ele há cinco anos, estava morando na Califórnia e trabalhando como garçom. Agora, me diga quanto disso está relacionado com o Beau e tudo o mais". (p. 61)
Personagens como Ray Von, Kathy Wolf e um certo jardineiro serão peças centrais nesse quebra-cabeça. Em relação a diagramação, revisão e layout a editora está de parabéns pelo trabalho. A capa não chamou a minha atenção. O livro faz uma belíssima reflexão sobre a perda, sobre a esperança e a superação. Personagens como o detetive Kolbyt mostram a bondade e a generosidade com o próximo.
"Certa vez, um velho detetive de polícia me disse que não é a montanha à frente que desgasta o caminhante, mas o grão de areia no sapato. Na época, pensei que tinha compreendido o significado, mas logo vi que, na realidade , não tinha. Porque o grão de areia é diferente para cada um e algumas pessoas podem jamais vir a entender o que seja". (p.27)
" - Por que a água recua, o sol nasce e as árvores voltam a crescer. Porque... - ela abriu os braços, indicando o jardim, a árvore e, imagino, toda a península de Biloxi - aprendemos que grandes tragédias são oportunidades para grandes gestos de bondade. É como se fossem lembretes necessários de que o espírito humano está vivo e bem, apesar de toda a evidência contrária. - Ela baixou as mãos. - Descobri que não tinha morrido e que, portanto, não tinha terminado". (p.130)
Espero que tenham gostado da resenha!
Aguardo comentários.
Beijos
Carol
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http://www.acordeicomvontadedeler.com/2013/07/resenha-apos-tempestade-ela-teve-sua.html