@APassional 07/04/2013
A Pousada Rose Harbor * Resenha por: Rosem Ferr * Arquivo Passional
Debbie Macomber é uma experiente autora de massas, fala de pessoas e pessoalidades, sua temática é a do cotidiano, sua linguagem é simples, popular, direcionada especificamente aos seus seguidores, ops! leitores, tanto que, abre o livro com uma carta dedicada aos amantes de Cedar Cove, pois a Cidade é polo central de outra série com treze livros, de modo que os fãs ditaram a localização da Pousada, cartada de mestre da autora.
A montagem fotográfica da bela capa, faz todo sentido quando acabamos a leitura, compactuando com elementos significativos do imaginário, o mesmo ocorre em seu interior, que contém um arranjo de rosas delicadamente diagramado em cada uma das 352 páginas, que são finalizadas com duas receitas de xales no final, uma de tricô e outra de crochê, que também correlacionam-se ao texto, ressaltando os inúmeros menus (sugeridos ?) das refeições servidas aos hóspedes e visitantes de Jo Marie no decorrer do enredo. Estamos diante de uma climatização total, então vamos lá:
Bem Vindos à Cedar Cove.
Apropriando-se da figura metafórica da Pousada Rose Harbor, a autora estabelece um lugar ficcional de reencontro para o si mesmo, espaço imaginário poético, onde desfilarão memórias, sentimentos, culpas, arrependimentos, sonhos, desejos, mágoas, saudades, concatenando passado e presente em consecutivos saltos quânticos da memória. A mensagem é reavaliação, liberação de ciclo, aceitação, redenção. Isto é a reconquista do si mesmo.
Situada não por acaso em uma região de clima úmido e frio, em uma pequena cidade litorânea, na Costa Oeste Americana, a Pousada nos introduz em um Porto (Harbor) de retiro, como a pausa de um suspiro, nos segundos que antecedem uma grande decisão.
E é neste sentir que somos apresentados às personagens, todas em estado de suspensão, desde a protagonista Jo Marie, que nos abre a porta do enredo em 1ª pessoa, e nos inseri na temática que irá permear este livro:
A perda de entes queridos, o luto e seus reflexos.
E neste ponto a autora não se retém a clichês, analisa todas as possibilidades com uma profundidade inquietante.
Digo inquietante pois, as situações expostas são de realidade crua, é a vida como ela é, e nos impressiona os meandros que a autora traz a tona, em um discurso aberto e coloquial.
Entrementes, estamos na Cidade de Cedar Cove, e vamos conhecê-la, caminhar por suas ruas, sentar e comer em seus Cafés, seremos apresentados aos vizinhos e em pouco tempo, lhes digo é dimensional, estamos lá, sabemos que rua nos leva à biblioteca, onde comer o melhor pastel ou a melhor torta, isso é genial, a autora realmente nos transporta à Cedar Cove.
Este estado dimensional é também intensificado na insistência com que ela nos descreve o clima: Vento... frio... Inverno... chuva fina... Gelo... Diretamente vinculado aos estados emocionais das personagens, a água que somos em todos seus estados físicos.
As narrativas intercaladas são confortáveis e estimulantes, uma solução plausível e acertada da autora que nos aproxima de Jo Marie com seu relato pessoal e nos posiciona como observadores dos dramas de Abby, Josh e das constelações de personagens que emanam deles.
Debbie Macomber desenvolveu um enredo potente, inquietante e ao mesmo tempo de uma doçura cálida e extremamente feminina, no início causa um certo estranhamento pois é lento, úmido, morno, é uma Grande Mãe ctônica que vai falar em seu inconsciente de coisas úmidas e escuras, portanto é um livro para pessoas maduras, que tenham alguma bagagem sobre as coisas da vida.
O termo fardo é constantemente utilizado na designação de sensações que Jo Marie sincroniza em seus hospedes, e é exatamente o que temos, peso, densidade, necessidade de enfrentamento e transformação.
Portanto, com A Pousada Rose Harbor, é em um Porto de inter-relacionamentos que iremos atracar, com todos os conflitos e dores possíveis, mas também com soluções emocionantes, comoventes, e até românticas, mas, muito terra a terra.
Pode até ser ficção mas é tudo verdade.
O enredo está explícito na sinopse, falar mais das personagens é entregar o ouro, o livro é bem concluído com a partida dos hóspedes, Jo Marie já fez novas reservas, é assim que findamos a leitura, aguardando o próximo livro da série Rose Harbor, se acaso quisermos conhecer novas histórias que prometem com certeza novas descobertas.
Agora um aparte, a personagem que mais me encantou diante de sua personalidade determinada e ainda imprevisível, mas totalmente cativante foi:
Roven, hahaha...
Mark promete também.
Debbie foi me conquistando aos poucos, e no final me fisgou!
Recomendadíssimo para pessoas que estão em processo de luto, e para adultos em fase de crescimento .
By Rosem Ferr.
Resenha publicada no Blog Arquivo Passional em 07/04/2013:
http://www.arquivopassional.com/2013/04/resenha-pousada-rose-harbor.html