Terra sonâmbula

Terra sonâmbula Mia Couto




Resenhas - Terra Sonâmbula


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Andre.Trovello 09/08/2021

Tsamina mina eh eh Waka Waka eh eh ... This time for Africa
Ei psiu, você aí! ?
Você mesmo, segurando o celular agora ?
NANANÃO PERAI, NÃO ROLA A PÁGINA PRA BAIXO AINDA ??
Calma, vamo conversar
Isso, abaixa esse polegar devagar ???
Seja lá pelo que você esteja passando, pular essa resenha NÃO é a solução pro seu problema
iiisssooo, respira

Pronto, ta mais calmo?? ?

Ótimo, porque vou te levar numa jornada sensorial repleta de conflito ?, amor ?, lendas ? e muita reflexão ?.
E ai, se interessou???
MARAVILHA
Então segure minha mão, suba nessa reluzente carruagem dourada e vamos de encontro à literatura de elevadíssima qualidade.

"Terra Sonâmbula" é uma obra do gênero realismo mágico (segundo eu mesmo, pois não consultei essa informação, só estou perpetuando meu achismo pelos 4 cantos do mundo), trazida a ele pelo continente que nos forneceu "Mayombe", de Pepetela, e a colossal Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, evento que iluminou a indústria musical com a maior canção da história, Waving Flag - K'NAAN, e culminou na gloriosa ascensão de Shakira, imperatriz-mor da dinastia dos Waka-Wakas.

Tal obra foi cunhada pela bela escritora negra Mia Couto a qual, ao longo de minha trajetória com seu livro, descobri que:
1. É um homem
2. É branco
3. É biólogo
Não que alguma dessas informações tenha impacto na experiência de leitura, mas acho importante mostrar como nomes e estereótipos podem nos fazer ter uma ideia completamente diferente das pessoas.

Enfim, moving on...

No enredo, acompanhamos de perto (bem perto mesmo, ao ponto de, em certos trechos você pensar "ok, eu realmente não precisava saber disso.") a jornada do jovem Muidinga e seu não tão jovem parceiro Tuahir, na luta pela sobrevivência em uma Moçambique tomada pela Guerra Civil.
Logo de início, os protagonistas encontram um "machimbombo", (também conhecido pela classe operária como busão, uma das maiores máquinas de tortura contemporâneas, quando adentrado em horário de pico) queimado e cercado por cadáveres. Ao vasculhar um deles, Muidinga se depara com os diários de Kindzu, aparentemente um dos homens cujo corpo jaz ali e, como um glorioso fofoqueiro, passa a lê-los e descobrir a história de vida do companheiro.
A partir daí, o livro passa a alternar entre capítulos sobre Kindzu e os apuros de Muidinga e Tuahir, misturando realidade com fantasia para revelar todo o passado e presente dos personagens, atando quaisquer pontas soltas que possam estar na cabeça do leitor (e são muitas), entregando um desfecho bastante impactante e bonito.

Mas a trama não se limita apenas aos indivíduos. De uma forma geral, Mia Couto consegue, com sua escrita poetica, descrever as dores da guerra e os gritos de sofrimento, não só de um povo, mas também de uma terra acostumada a sangue e violência, virgem de paz, dando ao leitor um panorama singelo de como é estar sujeito a essa realidade.

Dito tudo isso, leiam esse livro, acho q é uma boa forma de iniciar na literatura africana e conhecer mais sobre esse continente com uma cultura fenomenal, mas que foi tão explorado e marcado por conflitos ao longo do tempo.

VALE MUITO A PENA!

OBS: Na ultima página dessa edição que tá aí, existe um glossário das palavras em idioma africano presentes no livro. Só compartilhando a informação caso alguém não perceba e passe a leitura toda completamente aquém, rodeado pelos fantasmas da ignorância e pela consciência pesada de não ser um poliglota.
(Não que isso tenha acontecido comigo, claro, longe de mim.)

É isso, abraço ?
Bigu 09/08/2021minha estante
Eu amei a abertura


Andre.Trovello 09/08/2021minha estante
Obrigadooo ? kkkkkkkkkkk


Eduarda.Silva 09/08/2021minha estante
eu li na semana passada, eu amei demais ?


Andre.Trovello 09/08/2021minha estante
Ai, ele é sensacional né??


Giselle.Albuquerqu 09/08/2021minha estante
meu deus eu tô rindo muito desse começo KKKKKKK
TUDO ?


Andre.Trovello 09/08/2021minha estante
KKKKKKK obgg ? fico feliz q vc gostouu!!


Anaju 09/08/2021minha estante
Eu amei essa resenha ?? me pegou muito de surpresa ????


Andre.Trovello 09/08/2021minha estante
KKKKKKK obrigadooo ?? amei que vc curtiuu!!


Beatriz 09/08/2021minha estante
Mais uma resenha perfeita do André e choca um total de 0 pessoas? São as melhores da vidaaaa! Queria uma resenha sua para cada um dos livros que já li e para os que tenho vontade de ler também ?


Andre.Trovello 09/08/2021minha estante
Aaaaaa, vc é demaisss ?
Eu q queria ler suas resenhas sobre os livros, isso sim kkkkkkkkk arrasa mtooo


Tenara 11/08/2021minha estante
Achei que ia morrer, muito marketeiro
Arrasou


Andre.Trovello 12/08/2021minha estante
Kkkkkkkkkkkkkkk q bom q vc gostouu, Tenarinha!


annaju 12/08/2021minha estante
Guri, tuas resenhas são geniais! hahahaha ?


Andre.Trovello 12/08/2021minha estante
MT OBG ?? kkkkkkkkkkkkkkkkkk


meumundinhodoslivr 15/08/2021minha estante
AMEI A RESENHAAAA


Andre.Trovello 15/08/2021minha estante
MUITO OBRIGADO ?


Nai 21/08/2021minha estante
Que resenha maravilhosa kkkkkkkk arrasou demais, parabéns!!!! Queria ter lido antes pra saber a info do glossário ???


Andre.Trovello 21/08/2021minha estante
Obggggg ???
Eu tb, fiquei mt frustrado quando descobri kkkkkkkkkkkkkkkk


Geovana Rodrigues 12/09/2021minha estante
Se não é uma das melhores resenhas que eu já li!


Andre.Trovello 12/09/2021minha estante
Kkkkkkkkkkkk mtooo obgggg ???


Anne 14/09/2021minha estante
Mano a resenha me pegou de surpresa,amei ?


Andre.Trovello 14/09/2021minha estante
Aaaaaaa, mttt obrigadooo ???


hylle 21/09/2021minha estante
Ok, agora eu quero ler esse livro só por essa resenha incrível


Andre.Trovello 22/09/2021minha estante
KKKKKKK MT OBG ?
Leiaa, vale mt a penaa!


thali 14/10/2021minha estante
Acho que foi a resenha mais divertida que eu já li! Hahahaha


Andre.Trovello 14/10/2021minha estante
Mt obggg ???
Eu amei seu perfil no insta tbb!!!


Helena 26/10/2021minha estante
li "Venenos de Deus, Remédios do Diabo, do Mia Couto. Acho importante pontuar que ele é um homem branco! Também fiquei com essa impressão, acredito que os livros dele sejam bastante "sensoriais"(?) ansiosa pra ler Terra Sonâmbula! Ótima resenha


Andre.Trovello 26/10/2021minha estante
Obrigadooo moçaa ??
Espero q vc gostee, a escrita dele é mt gostosa!


Tiii 15/12/2021minha estante
Mds essa é a melhor resenha que eu já li na minha vida!!!!


Andre.Trovello 17/12/2021minha estante
Aaaaa, mto obgg ???


Lu 05/02/2022minha estante
essa foi a melhor resenha que eu já li


Andre.Trovello 07/02/2022minha estante
Aaaaa obrigadoooo ???


@refugionasestrelas 27/02/2022minha estante
Essa é definitivamente a melhor resenha de todos os tempos KKKKKK ??


Andre.Trovello 01/03/2022minha estante
@refugionasestrelas MTMT OBGG ??


Biggie 03/03/2022minha estante
Me convenceu kkk


Andre.Trovello 04/03/2022minha estante
@Biggie q bommm manooo kkkkkk leia, vale mt a pena!!


Rachel.Takahashi 14/04/2022minha estante
SENSACIONAL!!! (haushaushshshdhahaush)


Andre.Trovello 14/04/2022minha estante
@Rachel OBRIGADOOO ??


Gabs 19/08/2022minha estante
A melhor resenha que eu li na vidaaa sem dúvida nenhuma
Ja sei q livro vou comprar na book friday KSKSKWJ


Andre.Trovello 27/08/2022minha estante
@gabs KKKKKK mto obgg moçaaaa!!
Espero q vc compre e gostee!


Emi 13/03/2023minha estante
Hahahahahaha pronto, quero ler o livro e um SEU tb, cadê? Hahahahah melhor resenha


Andre.Trovello 29/03/2023minha estante
@Emi mto obrigadooo ??
Mas acho q um livro meu vai ser dificil de sair, viu kkkkkkk


Emi 01/04/2023minha estante
Lendo aqui todas as suas resenhas lkkklk amandoooo kkkkk


Andre.Trovello 07/04/2023minha estante
@Emi aaaaaaaa, mto obrigadoooo ??????


Natty 10/04/2023minha estante
Rapaz, você me deixou mais curiosa pra conhecer a escrita do Mia Couto.


Lua 24/11/2023minha estante
A resenha inteira é simplesmente incrível! Parabéns. Deste autor só li "O último vôo do flamingo", alguns contos e poemas esporádicos. Terra sonâmbula está lista com certeza, principalmente depois dessa dose de motivação.


Lua 24/11/2023minha estante
Queria enviar essa resenha para algumas amigas. Como faço? ?




Katia Rodrigues 09/03/2023

Hipnotizante
Leitura maravilhosa!!! Mia Couto é um hipnotizador... Suas páginas poéticas, subjetivas de infinitas fantasias como num sonho nos aproximam, com o imediatismo de uma obra de ficção, a transmutar a realidade da vida em tempos de guerra em uma maravilhosa viagem onírico.

"Rindo as alegrias acontecem"

Traço curioso da literatura de Mia é que mesmo se fosse ruim seria bom (kkkkkkk). Isso porque Mia faz parte do grupo de autores nos quais a maneira de contar iguala forças ao que se está contando. Por vezes até assumindo o foco a ponto de quase abolir a importância do que está sendo contado. Portanto, você tem o dobro de chances de gostar dele.

Ig: @_katia__rodrigues_
Emilia 10/03/2023minha estante
Já vou botar na minha lista ??


Katia Rodrigues 10/03/2023minha estante
Yeahhhhhhhh! Q massa! Espero q goste ?


gabriel 11/03/2023minha estante
Meu interesse por Moçambique tem crescido com o mais recente "boom" de canais sobre o tema no YouTube. Mia Couto está na minha lista com ctz. Valeu pela resenha! (PS: grandes autores realmente ganham uma "autoridade", são capazes de fazerem o ruim, bom).


Katia Rodrigues 11/03/2023minha estante
Gabriel, acrescenta na lista os livros de poesia dele. Infelizmente, publicados aqui no Brasil só tem dois " Tadutor de chuvas" e "Poemas escolhidos" ??


Katia Rodrigues 11/03/2023minha estante
Ahhh! Tem vários livros dele disponíveis no Biblion ( Biblioteca digital gratuita de São Paulo)


gabriel 11/03/2023minha estante
Bom dia! Valeu, vou checar


Katia Rodrigues 11/03/2023minha estante
?


Anthony 28/03/2023minha estante
Mia couto é bom demais. Esse livro é perfeito.


Katia Rodrigues 28/03/2023minha estante
Concordo, Anthony! Tô planejando ler vários dele esse ano. O próximo vai ser O fio das missangas.




DIRCE 09/01/2014

Terra Sonambula: poesia que brotou da terra.
Eu sempre me considerei um tanto quanto Gabriela( ... Eu nasci assim, eu cresci assim/Eu sou mesmo assim/Vou ser sempre assim/Gabriela, sempre Gabriela...), mas meu gosto literário mudou de forma vertiginosa nos últimos tempos.
Literatura fantástica (excetuando A Casa dos Espíritos da Isabel Allende) era algo que eu não conseguia entender e tampouco gostar – Cem Anos de Solidão que o diga. Porém, fui seduzida por esse gênero de literatura, quando conheci a literatura de José Luiz Peixoto por meio do livro Nenhum olhar. Que bom para mim! Que bom ter sido seduzida por esse gênero de literatura! Que bom que JLP, assim como Mia Couto, sejam escritores de língua portuguesa! E é dele: de Mia Couto que vou “falar”.
Mia Couto, desde o primeiro livro que li, entrou na galeria dos meus favoritos e a leitura que fiz o livro Terra Sonambula serviu para reiterar minha admiração por esse escritor de sensibilidade impar.
Logo nas primeiras linhas da leitura do romance, me vi refletida em um verso de uma música do Jorge Mauter: “ ... O coração tem moradia certa/Bem aqui no meio do peito/Mas é que comigo/A anatomia ficou louca/E sou todo, todo, todo, mas todo... Coração)
E todinha coração, me vi transportada para a década de 90 para uma terra violentada pelas guerras (da libertação do domínio colonial e civil) e, é nessa terra inóspita que surgem o menino Muidinga e seu salvador: Tuahir. Ambos buscam refúgio em um ônibus queimado onde encontraram corpos carbonizados e ao enterrá-los, Muidinga se depara, próximo a um cadáver, com um caderno – era o caderno do Kindzu, o jovem que queria se tornar um naparama para combater os fazedores de guerra. Esses são os narradores: Muidinga, Tuahir e Muidinga, Tuahir. Narradores que contam histórias de um povo sofrido que se confronta com vilões difícil de serem combatidos: guerras, enchentes, estiagem, ódio, solidão e miséria, restando-lhe nada além da ousadia – ousar em seu sonhos e desafios.
As histórias são contadas por meio de alegorias, tanto pelas vozes do Muidinga e Tuahir como pelo caderno do Kindzu. E existem alegorias comoventes como Farida - a bela mulher filha do céu, e o ancião Siqueleto que queria semear pessoas.
Bem, comecei este meu comentário falando de mudanças, e as mudanças estão presentes no romance: vidas que se entrelaçam e se modificam, paisagens (ainda que Muidinga e Tuahir caminhem apenas em círculos) sofrem continuas transformações e também os olhares das personagens são modificados. Terra Sonambula é também um livro de viagens e eu fui conduzida a uma viagem por meio de uma prosa escrita com poesia que brotou da terra.

Observação em 02/11²019: E eu não me lembrava da pulguinha atrás da orelha que Mia deixou nesse livro ( relativo ao irmão, de fato, do menino Muidinga)
Renata CCS 13/01/2014minha estante
Nossa Dirce! Pela sua resenha, o livro parece apaixonante!


Ladyce 28/01/2014minha estante
Vai para minha pilha, graças à sua resenha... Obrigada!


Catharina 28/01/2014minha estante
É uma obra incrível, sem dúvida. Compartilho de suas impressões.


Arsenio Meira 24/02/2014minha estante
Opa Dirce, que ler sua resenha deu vontade de reler o Mia! (principalmente esse trecho: "... Esses são os narradores: Muidinga, Tuahir e Muidinga, Tuahir. Narradores que contam histórias de um povo sofrido que se confronta com vilões difícil de serem combatidos: guerras, enchentes, estiagem, ódio, solidão e miséria, restando-lhe nada além da ousadia ? ousar em seu sonhos e desafios. "

No alvo.
Abraços
Arsenio


Zouza 22/12/2015minha estante
Não usaria outras palavras para descrever a escrita de Mia Couto.
Ótima resenha,Dirce,


Diego361 04/10/2020minha estante
Qual o melhor livro para ler primeiramente dele? Estou em dúvida se começo por "Terra sonâmbula" ou "Um rio chamado tempo...". De quebra, vc pode me dizer qual dele é o seu favorito? rs




Dadá 20/12/2021

Maestria de Mia Couto
Li esse livro com um grupo de leitura coletiva e foi meu primeiro contato com o Mia Couto. Fiquei apaixonada com a "poesia" (vou chamar assim) que ele cria ao fazer junção de palavras e inserir um contexto.
O livro conta a história de um homem adulto e um menino fugindo da guerra em Moçambique que encontram um ônibus numa estrada e se refugiam ali. Ao encontrarem alguns cadernos, eles passam o tempo lendo a história.
No decorrer do livro, o leitor brasileiro pode sentir dificuldade por ter palavras do português moçambicano e também pelo entrelaçamento da história, mas vale a pena persistir na leitura, conhecer outra cultura e imergir neste país.
Guilherme.Gomes 20/12/2021minha estante
Oi


Guilherme.Gomes 20/12/2021minha estante
Tem interesse em trocar alguns livros?


Edu 20/12/2021minha estante
é um livro belíssimo, já li três do Mia Couto e todos foram incríveis


Dadá 20/12/2021minha estante
Boa tarde, Guilherme! Sim, possuo alguns para troca.
@Edu você tem razão. Gostei e pretendo ler outros.


Guilherme.Gomes 20/12/2021minha estante
@dadá quais vc tem?


Guilherme.Gomes 20/12/2021minha estante
@dadá me chama no Instagram guilherme_gomes0608




Audisio 07/05/2011

“Vou relatar o último sonho a ver se me livro do peso de terríveis lembranças”

Misturando realidade e sonho, mitologia e ficção os dois narradores deste livro nos contam a crueldade da guerra e como sobreviver à mesma, que pensando bem é também como sobreviver a vida, como diria Riobaldo “Viver é muito perigoso”.
Do mesmo modo como Sherazade encantou com seus mil e um contos, Kindzu nos ensina com seus onze cadernos qual é o objetivo de todo relato; nos mostra que contar, escrever, falar afasta os medos e espanta os fantasmas; narramos porque desabafar nos torna mais leves, nos livra de algum pesar, nos cura as tristezas, nos “sara uma saudade”. Contamos, sonhamos, falamos, imaginamos para não nos sentir sozinhos e para poder sobreviver a vida.
Com traços irônicos, engraçados e algumas vezes muito sensuais, Mia nos cativa com um belíssimo lirismo em prosa, e nos prova como as personagens masculinas (e os homens em geral) também podem ser profundos, sensíveis, complexos e comoventes.
Audisio 07/05/2011minha estante
Eu também adorei, tem muitas que são ótimas:
"carinhar"
"vagueandar"
"A beleza daquela mulher era de fugir o nome das coisas"


val 15/05/2011minha estante
"sua pele estava tatuada em redor dos seios...espalhavam pela barriga e eu me assegurei nelas..."
Que forma de descrever as estrias heim? Só mia couto.


Audisio 18/05/2011minha estante
Concordo com vc que ele tem um jeito muito sensual e visual de descrever algumas cenas.
Mas sinceramente nessa parte eu não pensei em estrias, fui pelo lado mais romântico, como que ela levava tatuado os homens com que ela tinha estado e agora era a vez dele de se assegurar e ficar tatuado no corpo dela. Ou até que fossem tatuagens mesmo (que também podem ser muito sensuais).


val 21/05/2011minha estante
Sabe Audísio que antes pensei em tatuagens mesmo, legal vc pensar assim. Mas lembra que o casal estavam no escuro? Ou será que as tatuagens são perceptíveis no tato? Ele não sabia quem era a mulher? Achei que "me assegurei a elas" era um motivo para que no futuro ele descobrisse quem era tal mulher.


Audisio 24/05/2011minha estante
Val, pode ser... o Mia tem sempre um olhar romântico, suas personagens masculinas geralmente são mais sensíveis do que as femininas (eu acho que isso é muito mais comum na vida real do que as pessoas pensam).
Provavelmente ele quisesse descobrir no futuro quem era ela, o tato no escuro é um sentido muito forte, que deixa lembranças marcantes. E provavelmente também quisesse ficar tatuado na sua pele para que ela nunca o esqueça.




Lais.Lagreca 07/01/2022

Como sonhar nos ajuda a sobreviver
Este livro foi lido e discutido no Clube de Leitura Vasalisa.
Mia Couto nos faz refletir, durante a leitura de “Terra sonâmbula”, sobre como é viver em constante estado de alerta, num país em guerra.
As personagens deste livro não têm nada a não ser suas histórias e seus sonhos. Nestas páginas, vamos vendo o quanto sonhar é um instrumento de sobrevivência em tempos de guerra.
A sensação que tive ao ler este livro era a de que eu não conseguia distinguir entre o sonho e a realidade, tudo meio que se mistura numa névoa de medo, cansaço, fome e também de histórias e aprendizados.
A linguagem empregada por Mia Couto é uma preciosidade, ele cria palavras capazes de alcançar um grau altíssimo de expressão, de sentimento.

Vale muito a leitura.

Sinopse:
Um ônibus incendiado em uma estrada poeirenta serve de abrigo ao velho Tuahir e ao menino Muidinga, em fuga da guerra civil devastadora que grassa por toda parte em Moçambique. Como se sabe, depois de dez anos de guerra anticolonial (1965-75), o país do sudeste africano viu-se às voltas com um longo e sangrento conflito interno que se estendeu de 1976 a 1992. O veículo está cheio de corpos carbonizados. Mas há também um outro corpo à beira da estrada, junto a uma mala que abriga os "cadernos de Kindzu", o longo diário do morto em questão. A partir daí, duas histórias são narradas paralelamente: a viagem de Tuahir e Muidinga, e, em flashback, o percurso de Kindzu em busca dos naparamas, guerreiros tradicionais, abençoados pelos feiticeiros, que são, aos olhos do garoto, a única esperança contra os senhores da guerra.
Michele 07/01/2022minha estante
Mia Couto é maravilhoso, recomendo tbm O último voo do flamingo.. difícil escolher um preferido


Lais.Lagreca 07/01/2022minha estante
Obrigada pela sugestão! Vou colocar na minha lista. ? ah! Não sei se você já leu, mas eu amei O mapeados de ausências. ?


Lais.Lagreca 07/01/2022minha estante
O mapeador*


Michele 07/01/2022minha estante
Tá na minha lista de desejos, com ctz será lido logo mais!


Lais.Lagreca 07/01/2022minha estante
???




Adonai 19/02/2018

Terra poética, terra nebulosa, terra sonâmbula...
Meu primeiro contato com Mia Couto e sinto que preciso de muitos outros!
Dividido em duas histórias “paralelas”, Terra sonâmbula é um ótimo exemplo de livro escrito em prosa com toda a doçura, cor e brilho da poesia. Inicialmente, presenciamos um caminhar entre Muidinga (um garoto) e Tuahir (um velho) em uma estrada devastada pela guerra civil moçambicana. Ambos, quando se instalam em um ônibus queimado, encontram os “cadernos de Kindzu”, outro personagem que – afetado também pela guerra – conta sua história por meio desse diário abandonado ao lado de um corpo.

Muidinga decide ler os cadernos enquanto se abrigam nesse ônibus e a partir desse entrecruzamento, entramos em um tornado que mistura os ventos da fantasia com os ventos da realidade: há fantasmas, mitos, metáforas com animais e com a própria terra (sonâmbula).

Toda a construção poética desse livro tem uma força tão singular que me deixou alguns dias refletindo sobre as metáforas e outros pontos históricos que são inseridos em uma narrativa tão necessária. É um livro denso e recheado de pontinhos luminosos, os quais tenho certeza deixei escapar alguns...
@marcosmelhado 19/02/2018minha estante
É maravilhoso mesmo. Adoro o toque fantástico que o Mia coloca nas obras. Principalmente pq provém do folclore local.


Fernanda DCM 19/02/2018minha estante
boa resenha tb!


Adonai 19/02/2018minha estante
Sim! Pretendo ler mais livros dele, Marcos... Quero saborear essa escrita mais uma vez


Adonai 19/02/2018minha estante
Obrigado, Fernanda!!


Lennon 20/02/2018minha estante
Amei esse livro.




Aline Teodosio @leituras.da.aline 12/02/2018

Desafiante
Meu primeiro contato com Mia Couto foi um tanto de estranhamento e um tanto de encantamento. Sua prosa poética me lembrou um pouco Guimarães Rosa e o seu realismo mágico lembrou um pouco Gabo. Mesmo assim, foi uma leitura pra lá de peculiar.

Acho que preciso de mais algumas leituras para formar uma opinião sobre o autor.
Flávia 13/02/2018minha estante
lembra msm, aline. eu super indico o outro pé da sereia e o último voo do flamingo. foi onde o (meu) amor começou.


Aline Teodosio @leituras.da.aline 13/02/2018minha estante
Vou anotar as indicações. Gostei da escrita dele, mas não foi arrebatador. Quero algo que me envolva completamente.


Flávia 13/02/2018minha estante
ah que bom! de mais uma chance pq vale a pena, viu?


Flávia 13/02/2018minha estante
e se td falhar, ainda tens o livro jerusalem. agora, se depois destes td continuar a falhar, era pq não eras pra ser, mesmo.




Leonardo.Broinizi 17/03/2021

Este livro é bom, bonito, importante e impactante.
A história tem como pano de fundo um Moçambique em guerra. Seus personagens principais vivem entre sua rica cultura e os tempos sombrios de conflito. A história tem muitas pontas, além de apresentar realismo mágico e muito simbolismo, então é importante ler com atenção.

A escrita de Mia Couto é bonita. Apesar deste ser um romance, Mia também é poeta, talvez por isso a escrita seja tão bonita, apesar de retratar muita crueldade permeando toda a história. O autor também usa neologismos pelo texto todo, mas, diferente de um "Laranja Mecânica" da vida, são neologismos facilmente compreensíveis por nós, lusófonos (os tradutores devem sofrer kk). Ele junta palavras com sentidos que complementam sua ideia, e o resultado me agradou muito. São como: maravilinda, abensonhar, administraidor e por aí vai.

Ao ler este livro, além de nos aproximarmos de um país irmão, de mesmo idioma mas culturas diversas, e que tem sido negligenciado pelo mundo, ainda encontramos uma história cheia de significados sobre o ser humano: sobre política, miséria, fé, amor, família... Tudo isso permeia a obra. Recomendo a todos!
Carolina.Gomes 20/03/2021minha estante
Preciso ler Mia Couto. Nunca li nada dele.


Leonardo.Broinizi 20/03/2021minha estante
Recomendo fortemente. Só li este livro, mas lerei mais, com certeza.


Carolina.Gomes 20/03/2021minha estante
Dica anotada, Leonardo.




Daniel 09/07/2017

E se Guimarães Rosa fosse africano?
O enredo se passa no Moçambique pós independência, devastado pela guerra civil que durou quase vinte anos. É nesse cenário desolador que duas figuras procuram sobreviver, escondendo - se sob os escombros de um ônibus incendiado: o menino Muidinga, que estivera à beira da morte e não se lembra de seu passado, e seu salvador, o velho Tuahir. Ao enterrar os corpos carbonizados do ônibus, Muidinga encontra os "Cadernos de Kindzu", o diário do falecido, e os lê para seu companheiro. É através desses cadernos que conhecemos a estória de Kindzu, um garoto que ao ver o país devastado pela guerra decide de juntar aos naparamas, os guerreiros enfeitiçados que protegem a nação. Nessa jornada, o garoto conhece Farida, uma bela mulher que procura seu filho desaparecido, e decide ajuda - la na busca. As duas estórias são narradas de forma intercalada, entremeadas por elementos fantásticos.
Combinando influências da literatura oral africana com técnicas derivadas do realismo mágico, evidenciadas pelas situações surreais que ocorrem ao longo da narrativa, além de uma linguagem apurada que remete a Guimarães Rosa, o leitor é transportando para um universo mítico, repleto de lendas e crendices populares, onde a fantasia e a dura realidade da guerra se misturam. As personagens dos livro agem como sonâmbulos, vagando sozinhos e desorientados em busca de um caminho, uma centelha de esperança para suas vidas.
Ao longo da leitura, a obra se revela uma fábula anti - guerra, retratando de forma lírica os sentimentos de opressão e dominação ainda existentes no povo moçambicano após séculos de domínio colonial, terminando num grito de esperança pelos tempos vindouros.
Terra Sonambula é uma obra grandiosa, de uma profundidade poética e perfeição narrativa raramente vistas na literatura atual.

Recomendo.
Thalya 10/07/2017minha estante
Olá!
Há muito tempo que venho querendo ler Mia Couto e sua resenha talvez seja um empurrão para finalmente lê-lo. Ah, e o título é bem chamativo e dizem - estudos - que alguns autores africanos, principalmente Mia couto, sofreram influência de Guimarães Rosa.


Daniel 15/07/2017minha estante
Leia mesmo, vale muito a pena. Já é um dos meus autores favoritos.


Thalya 20/07/2017minha estante
Obrigada! Com certeza irei lê-lo!




isa.dantas 04/04/2022

Acho que é sem dúvidas o romance mais denso de Mia Couto que já li; não recomendaria começar por este. Ainda assim, a história não deixa de ser incrivelmente poética e bela. Cheio de neologismos (não me lembro de outro romance com tantos) e com duas histórias que se entrelaçam nos tempos da longa guerra civil moçambicana.
"O sonho é o olho da vida. Nós estávamos cegos".
Douglas Finger 04/04/2022minha estante
Isa, qual voce indica como primeira leitura de Mia Couto? Eu ia começar por esse ?


isa.dantas 06/04/2022minha estante
Talvez algum de contos, O Fio das Missangas, por exemplo. Romance, indicaria Antes de Nascer o Mundo ou O Outro Pé da Sereia


Douglas Finger 07/04/2022minha estante
Isa obrigado pelo dicas! Vou conhecer as obras que você falou




Wags 21/01/2017

AAAAAAAAAAAAAAAaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaAAAAAAAAAAAaa
Meu segundo Mia Couto, e quero dizer que estou impressionado, chocado, acabado, chorando em posição fetal, são tantos sentimentos que tá doendo aqui. A poesia em prosa do Mia, mas uma vez volta cheia de passagens pra refletir, chorar, emocionar, rir, entreter e pensar. As incertezas e tristezas da guerra, e mais do que isso, de um povo tentando sair dessa situação são muito bem exprimidas pelo autor, sem contar nos elementos culturais e do imaginário africano, mais uma vez denotando um regionalismo, que realmente faz o Mia, esse "escritor da terra".
Estou muito satisfeito, vou demorar um bocado pra superar esse final e já quero mais leituras coutianas, simplesmente acabei de ganhar um novo autor favorito.
DIRCE 21/01/2017minha estante
Ele é D+


Wags 21/01/2017minha estante
Sim, com dois livros me conquistou facinho


DIRCE 21/01/2017minha estante
Comigo se deu o mesmo.




Pavozzo 18/12/2021

Realismo mágico
É uma história circular, que termina onde começa e explica (será mesmo?) a origem de algumas coisas.

Há muita criatividade na escrita e no estilo que, apesar de "realista", mistura o sensível com o onírico.

A atmosfera de desesperança e da ausência de sentido, no entanto, sugam-me o vigor e o entusiasmo de dar uma nota mais alta.
gustavo 23/12/2021minha estante
Eu fiquei um pouco perdido no meio do livro... Não tenho problema com a experimentação da linguagem de nenhum autor, mas nesse livro, especificamente, eu achei bem cansativo o uso pela ausência de sentido em muitas partes da história


Pavozzo 23/12/2021minha estante
Oi gustavoh! Se me permite dizer, suspeito que essa "ausência de sentido" seja, em parte, proposital.

Já que a história se passa durante os fins da guerra entre Moçambique e Portugal, imagino que o autor procurou transmitir-nos essa sensação de "crise de identidade" - o não saber quem você é - que o povo do país dele passou naquele momento histórico.

O país segregava-se de Portugal, pois bem: o que é ser Moçambicano? Precisavam de uma identidade nacional e não tinham...

Note que a história segue uma personagem que está busca de um "dever" - o querer ser alguma coisa. Enquanto que uma outra quer saber sobre o seu próprio passado - quem ele já é? (Ou era!).

Mesmo aceitando essas considerações, não fiquei entusiasmado com a história. Eu esperava um "fim" ou, melhor dizendo, uma solução para essa desesperança que permeia o livro.

Espero não estar viajando muito. E desculpe-me pelo longo texto. ?


gustavo 24/12/2021minha estante
Faz sentido, eu não tinha parado para pensar dessa forma. Mesmo assim, a história não me conquistou muito?




Mauricio 11/02/2021

Guernica Verbal
Olho Guernica, do Picasso, mas não vejo palavras. Escuto os gritos, vejo metáforas e sinto a guerra, mas as letras estão escondidas em algum lugar. Sinto que alguém possa narrar, uma imagem simbólica, que representa a loucura como realidade concreta. Se a Guerra Espanhola já não era mais tangível após duas guerras mundiais, a vida voltou a imitar a arte, numa dívida imensurável europeia, com as guerras de independência na África, na outra metade do século XX. Terra Sonâmbula, do escritor moçambicano Mia Couto, é uma releitura original do quadro que molda as paredes do museu. O livro, assim, revela aquilo que já foi impossível verbalizar sob o pincel do cubista espanhol.

Se a comparação carrega um molde eurocêntrico, Couto lança mão desse debate para tratar da Guerra Civil em Moçambique, que assolou o país entre 1976 e 1992, logo após a independência. Mais de um milhão de mortos foram imortalizados em metáforas e simbolismos históricos nas dezenas de personagens do romance. Não é raro observar um comerciante português renascer dos mortos e negociar com o administrador da terra ? uma clara alusão à colonização intermitente, mesmo após a independência.

Terra Sonâmbula recorre ao Realismo Mágico para descrever a guerra como a confusão entre realidade e (a necessidade do) sonho, daí o título da obra. O enredo descreve as desaventuras do velho Tuahir e do jovem Muidinga, que se escondem próximo a um automóvel em meio à guerra. Nos escombros e junto a corpos, encontram cadernos que narram uma odisseia autobiográfica de Kindzu ? jovem que também foge dos horrores do conflito. Para garantir dinamismo e costurar vida e fantasia, o autor intercala os capítulos entre a dura realidade da dupla, que busca sobreviver, e as aventuras de Kindzu.

No livro, um filho fruto de um estupro do personagem português a uma moçambicana negra não é apenas uma violação física. Nas entranhas revela-se um forte simbolismo da dominação colonial mesmo após a Guerra de Independência. A corrupção também molda uma tragédia que desembocou na miséria de um país dissolvido no caos. E na confusão de um contexto que alterna entre a dualidade da vida e da morte, mal Picasso sabia que, na releitura verbal de Guernica, a dolorosa existência dos protagonistas se conectaria com a fantasia dos livros de Kindzu.
Jade 11/02/2021minha estante
Terminei de ler hoje, que resenha linda (e o livro tbm)! Parabéns!


Mauricio 12/02/2021minha estante
Muito obrigado! Fico feliz que gostaste. Vou falar mais sobre o livro no Instagram literário que tenho junto com amigos. É @leiacaidos, caso tenha interesse :)


Udma 13/02/2021minha estante
Fiquei encantada com o livro e tua resenha o fez ainda melhor :)




Alexandre Kovacs / Mundo de K 17/08/2015

Mia Couto - Terra Sonâmbula
Editora Companhia das Letras - 208 páginas - Lançamento: 11/06/2004.

O moçambicano Mia Couto, vencedor do prêmio Camões 2013 e primeiro autor em língua portuguesa a ser selecionado como finalista do Man Booker International Pize na sua última versão de 2015, já é um nome consagrado na literatura mundial e que fiquei conhecendo pela primeira vez através de uma citação dele relacionada com a África, mas igualmente verdadeira para o Brasil e outras ex-colônias: "A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos". E não são justamente "ricos" o que melhor produzimos no Brasil? É claro que toda literatura africana não pode ser dissociada de sua carga política, mas o lirismo e poesia com que Mia Couto reveste os seus romances são difíceis de encontrar em outros autores contemporâneos. Na obra de Mia Couto sentimos a influência de José Saramago na preocupação com os temas sociais, Guimarães Rosa na originalidade de construção do texto e finalmente Gabriel García Márquez através da herança do realismo mágico latino-americano enriquecido pelos mitos e lendas da África. O trecho abaixo mostra o esforço poético da construção de cada frase ao longo do romance:

"Quero pôr os tempos, em sua mansa ordem, conforme esperas e sofrências. Mas as lembranças desobedecem, entre a vontade de serem nada e o gosto de me roubarem do presente. Acendo a estória, me apago a mim. No fim destes escritos, serei de novo uma sombra sem voz." (pág. 15).

Terra Sonâmbula foi lançado originalmente em 1992 e considerado um dos doze melhores livros africanos do século XX por um juri organizado pela Feira do Livro do Zimbabwe. Após a independência de Moçambique em 1975, seguiu-se uma longa e cruel guerra civil durante o período de 1976 a 1992, quando morreram um milhão de pessoas de fome e em decorrência dos combates. É neste cenário de morte e destruição que encontramos o velho Tuahir e o menino Muidinga procurando sobreviver. Tuahir salvou o menino, abandonado e doente, de ser enterrado vivo em um campo de refugiados de guerra. Agora os dois caminham pela triste estrada morta onde "só as hienas se arrastavam, focinhando entre cinzas e poeiras".

"Chorais pelos dias de hoje? Pois saibam que os dias que virão serão ainda piores. Foi por isso que fizeram esta guerra, para envenenar o ventre do tempo, para que o presente parisse monstros no lugar da esperança. Não mais procureis vossos familiares que saíram para outras terras em busca da paz. Mesmo que os reencontreis eles não vos reconhecerão. Vós vos convertêsteis em bichos, sem família, sem nação. Porque esta guerra não foi feita para vos tirar do país mas para tirar o país de dentro de vós." (pág. 201).

Tuahir e Muidinga encontram os restos de um ônibus incendiado e decidem utilizá-lo como abrigo após recolher os corpos carbonizados, ao lado dos destroços encontram também o corpo de um jovem assassinado e uma mala com cadernos manuscritos. À partir deste ponto o romance avança em capítulos alternados entre o presente dos protagonistas e os relatos dos cadernos, uma espécie de diário de Kindzu, outro jovem que teve a sua vida interrompida pela guerra civil. A leitura dos doze cadernos abre caminho para uma série de histórias e fantasias com base na tradição africana e a dura realidade da guerra, uma chance para encontrar a dignidade roubada dos personagens com a ajuda dos sonhos e da literatura.
Di 04/02/2021minha estante
Suas resenhas são ótimas, Kovacs! Obrigado por escrevê-las! ?


Alexandre Kovacs / Mundo de K 04/02/2021minha estante
Obrigado Di, fico feliz que tenha gostado!




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