Eduardo 26/01/2011Este do Machado li com bastante calma, que é como deve se ler um livro de crônicas. Afinal, são textos pra relaxar, curtir. é o gênero literário mais perto da tal conversa fiada do cotidiano, essa coisa tão boa. E é um gênero super-brasileiro, não? conheço pouquíssimas coisas gringas que poderiam ser chamadas de "livros de crônicas". E o Machado é mestre. é chavão dizer isso? é. pq a ideia de que machado é um dos nossos grandes escritores é repetida há anos e anos. Inclusive por aqueles que nem o leram... mas voltando, é chavão dizer, mas é preciso. eu fui lendo ele e fui sentindo que toda essa turma de bons cronistas que temos hoje (veríssimo, joão ubaldo, rubem braga (esse é, antes de tudo, um poeta - e tantos outros) tem uma dívida para com ele. esse humor que marca a nossa crônica vem dali. machado não foi o único cronista do seu tempo, mas foi um dos poucos que ficou. por causa do humor, da fineza, da inteligência. Algumas crônicas tenho achei um tanto anacrônicas, mas foram muito poucas, e nesses casos, só um pedaço dela que era passadiço. Na maioria das vezes, encontrei um machado brincalhão, que ri de tudo - da ideia de morte, do diabo, de deus, dos políticos e, acima de tudo, de si mesmo. O que acho mais delicioso são suas crônicas sobre bonds. são ótimas. Não é um livro que vc diz, "nossa que obra-prima". as obras-primas dele saíram nos romances. diria que suas crônicas foram excelentes conversas fiadas do machado.