Resenhas - Ratos e Homens

Wanessa_Gabriela 29/07/2023

Olhar diferente
Um livro que faz refletir sobre a vida que o trabalhador menos abastado tem, independente de ter sido em outro século nos Estados Unidos ou em qualquer outro lugar do mundo. Não só sob o aspecto da remuneração e das condições de trabalho, mas também faz refletir sobre pessoas que tem funcionamento neurológico diferente do que alguns chamam de típico. Pessoas essas que têm seu direito ao trabalho cerceado ou muitas vezes sofrem com trabalhos excessivos, exaustivos e desumanos por serem tratados exatamente assim, como se nem humanos fossem.
Esses amigos conquistaram meu coração na primeira página, e o sacrifício duplo de George não será esquecido e muito menos hostilizado.
Triste? Sim! Fantasioso? JAMAIS! Real até demais! De doer o coração.
A analogia de ?ratos e homens? se faz necessária diante de criaturas como Curley e Lennie.
Gostei!

Flávia Menezes 28/07/2023

CLUBE DOS MARGINALIZADOS: O LOUCO,O NEGRO,O VELHO E A MULHER
?Ratos e Homens?, publicado originalmente em 1937, é considerado uma das obras mais belas escritas pelo estadunidense John Ernest Steinbeck Jr., e um dos maiores romancistas do século XX, que também foi o ganhador do Nobel de Literatura de 1962. ?A Leste do Éden? e ?As Vinhas da Ira? são outras de suas obras consideradas como principais.

Influenciado pelos pais, desde muito cedo Steinbeck mergulhou em leituras de grandes autores, tais como Dostoiévski, Milton, Flaubert e George Eliot, e o resultado é essa escrita emocionante que ele desenvolveu, que nos desperta as mais profundas reflexões sobre a humanidade e todas as nossas dores e angústias.

Em si, o título por si só já é uma verdadeira alegoria, que nos fala dessa relação entre os ratos, figuras que já nos despertam tudo o que há de mais aversivo, desprezível e ameaçador, e do outro lado, o homem, seres maiores, mais fortes e mais racionais. Porém, nessa história, Steinbeck expõe as fragilidades, limitações e ignorâncias de uma raça que se considera tão superior, mas que por si só é capaz de se achar melhor do que os outros, e submetê-los a uma vida de escravidão e infelicidade.

Nesse cenário das dificuldades e imensa pobreza da época da Depressão norte-americana da década de 1930, Steinbeck traz na figura de dois simples andarilhos que saem em busca de um trabalho que os dê possibilidade de viver o seu grande Sonho Americano, George e Lennie já nos arrebatam logo nas primeiras páginas com a força dessa narrativa de trazer na figura típica do universo Steinbeckiano, o homem comum, bondoso que está sempre disposto a buscar o melhor para os seus semelhantes, lutando com todas as suas forças contra as injustiças sociais tão descaradas na época em questão.

Ouvir George e Lennie falando sobre o seu sonho, só nos faz pensar em como precisamos de tão pouco para sermos felizes. Ser livre, com seu direito garantido de ir e vir, podendo aproveitar o seu dia trabalhando nas coisas mais simples, e colhendo aquilo que necessitamos para viver (nem mais e nem menos) é tudo o que precisamos para sermos verdadeiramente felizes. Porém, ele também nos lembra de que de nada adianta alcançarmos algo tão bom, se não temos com quem compartilhar. E sobre a solidão tão típica da época de homens em busca de trabalhos e de promessas de uma vida melhor e mais digna, é que vem uma das passagens que mais me emocionaram:

"? Imagina se ocê num tivesse ninguém. Imagina se ocê num pudesse entrá na casa dos pião pra jogá baralho porque ocê era preto. Ocê ia gosta? Imagina se ocê tivesse que ficá aqui sozinho, só lendo. Claro qu´ocê ia podê jogá ferradura até anoitece, mas daí ocê ia tê que ficá lendo livro. E num tem nada de bom nos livro. A gente precisa de alguém... pra ouvi a gente. ? Choramingou: ? Qualqué pessoa fica loca se num tive ninguém. Num faiz diferença quem tá co´a gente, só precisa tá junto. Vô dizê uma coisa ? vociferou. ? Vô dizê pr´ocê que a gente se sente tão sozinho que até fica doente?.

Não é mesmo de emocionar até o coração mais gelado? Bom... Eu espero que sim!

Na marginalidade de uma sociedade norte-americana onde os ricos ficavam cada vez mais ricos, e os pobres a cada dia mais dependentes de um trabalho injusto e tão mal remunerado, essa história nos revela aqueles que eram tidos como inferiores através de quatro personagens: Lennie (aquele que sofre de problemas mentais), Crooks (o negro), Candy (o velho com deficiência física decorrente de acidente no próprio local de trabalho), e a esposa do Curley (que nem sequer chegamos a saber qual o seu nome próprio).

A cena em que os quatro se reúnem, e podemos sentir em suas palavras como é ser tratado como inferior, desprezado e negligenciado é uma das mais importantes desse livro. É como um verdadeiro "Clube dos Marginalizados", e muito embora a mulher receba um tratamento diferenciado por ser a esposa do filho do fazendeiro, quando ela fala sobre a sua vida e suas dores, não há como não nos provocar uma empatia imediata.

Entre "Ratos e Homens", esses quatro são os considerados os ?ratos? (aqueles que por algum motivo provocam aversão), porém, aqueles que são respeitados como ?Homens? (aqueles tidos como racionais), muito embora pareçam receber um tratamento diferenciado, ganhando até mesmo o direito de ser ouvido, também são aqueles que carregarão o peso das responsabilidades dos atos daqueles que são tidos como inferiores.

São tantas as cenas que mostram exatamente essa questão, mas para não dar spoilers, eu vou apenas deixar aqui esse fato de que por mais que os outros que não fazem parte do ?Clube dos Marginalizados? possam parecer ser tratados como superiores e receber um tratamento mais digno, o fato é que são eles que farão as escolhas mais duras. E o peso que carregarão por elas, esse não há nem como mensurar!

Uma temática que é importante ser discutida, e Steinbeck não falhou nenhum pouco na forma como ele retrata, é a questão de tudo o que envolve os transtornos psicológicos.

É muito comum vermos personagens com distúrbios mentais sendo retratados em sua essência, tal como acontece aqui com o Lennie, onde vemos uma criança em um corpo de um adulto. A empatia imediata que esses personagens despertam, é importante e até mesmo bastante tocante. Porém, precisamos compreender que pessoas com déficit cognitivo que não conseguem ser responsáveis pelos seus atos, precisam ser devidamente acompanhadas, pois por mais que se pareçam com crianças indefesas, a questão é que, diante da mínima frustração, seus comportamentos podem ter resultados fatais.

A empatia com aqueles que sofrem de algum distúrbio psicológico é essencial, porque são pessoas como nós, porém que apresentam limitações muitas vezes severas. Só que, essa empatia toda que um personagem como o Lennie nos faz sentir, não pode nos cegar a ponto de ignorarmos que suas limitações possuem resultados algumas vezes irrecuperáveis. O fato de que eles não possuem consciência do que fazem, não excetua a gravidade e seriedade de seus atos.

Os distúrbios mentais são um problema sério! E não podem ser ignorados. Afinal, os Lennies da vida real existem, e para viverem uma vida de qualidade, precisam ter o acompanhamento necessário de profissionais que lhes ofereçam o tratamento mais adequado (psicológico e medicamentoso), para que possam desfrutar de todas as suas potencialidades. E para que possam aproveitar essa vida no máximo que ela tem a lhes oferecer, cabe também aos seus pais ou cuidadores que compreendam a sua situação, e lhes ajudem em todas as suas necessidades e dificuldades.

Esse é um livro tão curto, porém com nível de profundidade que encontramos nos maiores calhamaços já escritos até hoje! Mas essa é a beleza da escrita de Steinbeck: onde no comum, no simples e no mais corriqueiro, ele deposita um universo inteiro de significados de uma existência humana tão complexa, mas ao mesmo tempo, tão bela.

ferbrito__ 28/07/2023

É um livro de rápida leitura, contudo tem uma história consideravelmente triste, você torce muito pelos personagens principais o tempo todo.

Danuza3 27/07/2023

Me surpreendeu!
A escrita é totalmente coerente com o que se decorre, a história é linear e os fins para além de desastrosos são bastante reflexivos, se deixar beirando a melancolia. Uma ótima leitura.

Gabriela.Rossi 26/07/2023

Ratos e homens - John Steinbeck
Durante o percurso da vida, George começa a cuidar de seu amigo Lennie que tem problemas mentais. As dificuldades que eles passam e o jeito de um lidar com outro é bem interessante. Livro curto, da pra ler em uma sentada, mas não o subestime.! Amei o livro.!

Vicente 14/07/2023

Ratos e homens
Esse livro foi realmente um tiro no coração, um livro tão pequeno mas me fez ficar o resto do dia triste.... Quem gosta de livros tristes recomendo esse aqui...

rogerbeier 09/07/2023

Amizade, solidão, compaixão, traição e as mulheres nas áreas rurais dos EUA da década de 1930
Em "Ratos e Homens" (1937), John Steinbeck aborda os temas da amizade, da solidão, da compaixão e da traição de modo cativante. Falar da compaixão e da dignidade de George em relação ao seu amigo Lennie é "chover no molhado", como se diz. Aqui quero apenas apontar para um tema mais polêmico (e menos observado em outras resenhas), que é o da vida das mulheres nas áreas rurais dos EUA na década de 1930. Ainda que este não seja o tema central da obra, a trajetória da personagem feminina é fundamental para o desfecho da história e a maneira como ela é tratada no correr de todo o enredo elaborado por Steinbeck nos dá a ver o quanto valiam as vidas das mulheres em uma sociedade marcadamente machista e patriarcal por volta da quarta década do século XX. Leitura mais do que recomendável. Fácil, rápida e profunda!

Vini 07/07/2023

É um verdadeiro clássico.
'Ratos e Homens' é bem escrito, que traz um olhar sobre um tempo, um lugar e um povo que é único e interessante. Um livro curto, mas extremamente grandioso e arrebatador. É um verdadeiro clássico. A obra apresenta uma amizade que triunfa sobre as adversidades, mas o romance também é extremamente revelador sobre a sociedade em que se passa. É uma obra a ser apreciada.

site: https://www.estantedovini.com.br/post/resenha-ratos-e-homens

Matheus 27/06/2023

Essa é a primeira obra que li do John Steinbeck e que autor maravilhoso, não é atoa que ganhou um Nobel. A história é muito comovente, tanto que li o livro em um dia. Publicado em 1937 a obra é ambientada durante a Grande Depressão nos Estados Unidos e retrata a vida de dois trabalhadores rurais, George Milton e Lennie Small, que buscam emprego em fazendas e sonham em ter sua própria terra.

A história se desenrola com George e Lennie chegando a uma fazenda na Califórnia e conseguindo trabalho. George é um homem inteligente, prático e enérgico, enquanto Lennie é grande e forte, mas tem um atraso mental que o torna dependente de George para orientação e proteção. A dinâmica entre os dois personagens principais é central para a narrativa.

O romance aborda vários temas importantes, como a amizade, a solidão, a exploração dos trabalhadores rurais e a busca do sonho americano. Steinbeck retrata vividamente a dura realidade da vida dos trabalhadores migrantes, mostrando a pobreza, a instabilidade e a falta de oportunidades enfrentadas por eles. Ele também examina a fragilidade dos sonhos e as barreiras que impedem sua realização.

Um elemento significativo da obra é a relação entre os personagens e a forma como eles interagem com os outros trabalhadores da fazenda. Steinbeck retrata a solidão e o isolamento como uma parte intrínseca da vida dos trabalhadores rurais, que muitas vezes são tratados como mercadorias descartáveis pelos empregadores. A amizade entre George e Lennie destaca-se como uma força que os mantém unidos em meio à adversidade.

Outro aspecto notável da obra é a linguagem e o estilo de escrita que Steinbeck usa. Sua prosa é simples, direta e realista, refletindo o ambiente áspero e despojado da época. Ele usa diálogos autênticos e caracterização habilidosa para dar vida aos personagens e transmitir suas emoções e experiências de maneira crível.

"Ratos e Homens" é uma narrativa poderosa e comovente que evoca empatia e reflexão. Ao explorar temas universais como a amizade, a solidariedade e a luta por uma vida melhor, Steinbeck retrata a condição humana de maneira profunda e atemporal.

Geovana Rodrigues 22/06/2023

"- Claro que todo mundo quê isso. Todo mundo qué um pedacinho de terra, nem precisa sê muito. Só uma coisinha da gente. Só uma coisa pra sobrevivê, e pra ninguém podê ixpulsá a gente de lá"
Me deixou muito mal e ainda está reverberando em mim…

Apesar de ser curtinho, ‘Ratos e homens’ te marca - pelo menos foi o que aconteceu aqui. Na narrativa, acompanhamos a fuga de 2 amigos: George, baixinho e atarracado e Lennie, praticamente um gigante mas com coração e mentalidade de uma criança pequena (não se identifica ao certo se ele tem algum distúrbio neurocognitivo, mas é clara sua dificuldade com o mundo adulto).

Por conta de uma promessa feita, George toma conta de Lennie, que vive os colocando em enrascadas. Eles então arrumam um trabalho em uma fazenda com o intuito de juntar o pouco que ganham para comprar um pedacinho de terra, para não terem que viver fugindo.

A narrativa é bem ágil, mas a linguagem, muita das vezes escrita da forma como a classe mais pobre falava nos Estados Unidos na época da Grande Depressão, me causou certo estranhamento. Mas nada que atrapalhe de fato a leitura - e conforme se avança, deixa mais imersiva.

Acompanhar a rotina dos amigos, sofrer com suas desventuras e desesperanças foi triste, mas nada se compara com o final - inesperado, de certa forma. Eu sabia que certa personagem causaria uma treta, mas nem imaginava que seria da forma que foi. George teve que tomar uma decisão muito dura, mas admirei sua coragem. Fez o melhor com aquilo que tinha em mãos.

site: https://www.instagram.com/p/Ctuh8ZPPxUR/

Milene Wi 11/06/2023

Ratos e Homens
O livro é um clássico, curtinho e intenso. Fala de sonhos, solidão, falta de esperança, companheirismo, maldade, fatalidade. Poucos personagens, a trama é bem centralizada nos protagonistas George e Lennie e os demais personagens chegam pincelando e dando as cores para o desfecho, que se desenvolve rapidamente. Achei melancólico, direto e brutal.

Wania Cris 08/06/2023

Homens como nós...
Uma das leituras mais mencionadas na literatura mundial, Ratos e Homens fala muito mais do que tá escrito. Fala sobre fé e esperança, preconceito e rejeição, complexos e traumas, desprezo e amizade. Ambiguidades que caminham juntas e regem a vida das pessoas.

Lennie é um adulto imaturo, julgado pela sua força e pela capacidade cognitiva. Será mesmo que ele não tinha outro futuro?

George é razão e emoção, prático e emotivo. Faz planos impossíveis e acredita neles porque nada mais lhe resta. Tem sentimentos profundos, senso de responsabilidade e tão poucas perspectivas...

A leitura é um pouco dificultosa pela escolha da linguagem e é isso que a faz ser tão realista.

Ana Ban deve sensibilidade na tradução, deve ter tido muito trabalho também, mas o fez com maestria.

Recomendo a leitura, mas mais ainda, a reflexão.

Monique 26/05/2023

Esse é um dos meus livros preferidos. Os personagens, as narrativas paralelas, as referências e a construção do final!!! simplesmente incrível. Parece que esse livro tem 500 páginas e ao mesmo tempo só 10, eu amo.

Biblioteca Álvaro Guerra 19/05/2023

Em Ratos e homens, Steinbeck levou à maestria sua capacidade de compor personagens tão cativantes quanto realistas e de, ao contar uma história específica, falar de sentimentos comuns a todos os seres humanos, como a solidão e a ânsia por uma vida digna. Um clássico sobre o doloroso período da Grande Depressão americana. Uma peça de ficção para ser lida e relida.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788525413789

Carolina Del Puppo 15/05/2023

Sensacional!!!
Merece mil estrelas, merece o céu inteiro sim! Este livro me deixou sem palavras e de queixo caído, eu queria muito poder expressar o quão admirada eu fiquei com a escrita desse autor, com a facilidade e fruição que a obra possui que nos suga pra dentro da história, não dá para parar de ler, é impressionante, se tornou um dos meus queridinhos.