Maria - Blog Pétalas de Liberdade 19/09/2014Aquala Thomas Flintch era um garoto de 14 anos que morava com o pai, Robert. Sandra, sua mãe, havia morrido quando ele ainda era um bebê. Robert estava desempregado e a situação financeira deles estava pior a cada dia. Thomas era bolsista em um colégio particular, onde também estudavam Felipe (seu melhor amigo), Sofia e a novata Laura.
"(...) a impressão de fragilidade que tomou o corpo do garoto deu-se principalmente porque ele não aceitava o fato de Robert deixar a vida levar sua casa assim tão fácil. Thomas correu dali cambaleando, seu antigo guerreiro era seu atual derrotado e ele não estava pretendendo olhá-lo tão cedo." (página 73)
Coisas muito estranhas começaram a acontecer na vida de Thomas: era apresentador de tv dando informação errada, luzes verdes saindo da casa do vizinho, bicicleta andando sozinha... e essas eram as esquisitices mais leves. Thomas era um garoto muito pé no chão (algumas vezes, parecia ser mais adulto que seu pai), até ouvir uma conversa de seus padrinhos com Robert e descobrir que era um aqualaeste, o que foi um choque e um alívio ao mesmo tempo: ele era um extraterrestre, mas pelo menos não estava ficando louco e as coisas que ele tinha visto realmente haviam acontecido.
"(...) Quando se descobre que é aqualaeste, ganha-se uma entrada para o planeta, não literalmente. A única forma de conhecer suas terras é saber que elas existem." (página 86)
Aquala era um outro planeta, onde moravam diversas raças. Muitos aqualaestes viviam na Terra sem que os humanos percebessem. A família de Thomas veio de Aquala, e após descobrir sua origem, o garoto deveria passar algum tempo lá.
Thomas e seus amigos fariam inúmeras descobertas sobre a história de Aquala e suas próprias histórias e poderes, além de enfrentar grandes perigos. Um ser de outro planeta estava determinado a acabar com todos os Flintchs do Universo.
"Thomas, de uma maneira, não parava de pensar se aquilo tudo era realidade, mas era tudo muito colorido e sensível para ser fruto da sua imaginação. Nos sonhos, as pessoas podem alcançar até o que lhes era impossível de acontecer, e agora eles sabiam que tudo era, sim, possível. Quem imaginou que, em algum dia, em vez de olhar para cima e ver o céu, eles estariam olhando para baixo e visualizando tudo como se fosse miniatura?" (página 123)
Este foi o primeiro livro explicitamente sobre extraterrestres que li, estava muito curiosa para saber como o tema seria abordado e não me decepcionei; diferente de outros livros com seres de outros planetas (como Cisne, por exemplo), a história se passa nos dias de hoje e o foco não é a Terra e, sim, Aquala.
Gostei muito do livro; Thomas é um garoto bacana, a amizade dele com o trio (Felipe, Sofia e Laura [por quem ele tem uma quedinha]) é legal, todos os outros personagens são interessantes, as coisas não acontecem todas de uma vez e a gente vai descobrindo a história aos poucos, dá curiosidade sobre o que vai acontecer no próximo capítulo! As diversas espécies de seres extraterrestres (que vão muito além das já conhecidas fadas e sereias) são bem explicadas e construídas; lugares lindos (principalmente em Aquala) são descritos de forma que dá vontade de estar lá para poder ver tudo de perto.
Para escrever um livro desses tem que ter muito criatividade! E, além de criativo, Bernardo Fragoso soube usar bem as palavras, elas foram organizadas de uma forma bonita e não apenas para formar frases, passando a impressão de que ele escolheu cada uma delas com cuidado.
"Thomas dizia para o amigo ser mais sutil com os demais. Às vezes, não se encontra o que se procura, mas vale sempre a pena tratar bem quem lhe faz o mesmo. Parecia que tudo se esvoaçava da cabeça de Felipe como fumaça." (página 49)
A história é dividida em capítulos e a maior parte é narrada em terceira pessoa, apenas alguns capítulos são narrados pelo Thomas e foram justamente esses os meus preferidos, poder ver o garoto contando partes da sua história e de seus sentimentos me fez gostar ainda mais dele.
"Eu ofereci meu casaco.
Ela fez cara de dúvida e acabou, por surpresa, segurando a minha mão.
Naquele momento, eu estava estranho, meus dedos não tremiam mais, o que tremia era meu peito. Meu coração disparou, as batidas ficaram mais rápidas." (página 191)
"Aquala e Castelo da Província" é o primeiro livro de uma trilogia, sendo assim, seu final deixa muitas coisas para serem resolvidas nos próximos. Por incrível que pareça, isso não me incomodou. O livro termina após Thomas e sua turma se salvarem de uma situação perigosíssima, a mais perigosa de todo o livro. Não só ele, como também os leitores, precisavam de uma pausa. É como se o clímax da história tivesse passado e as últimas páginas trouxessem um pouco de tranquilidade para que a gente retomasse o fôlego.
Para mim, a capa do livro é linda demais (amo capas coloridas)! Tem a ver com a história ao retratar um pouquinho de Aquala (reparem no disco voador ali em cima). A diagramação está boa, com um tamanho bom de margens, letras e espaçamento; as folhas são amareladas e a numeração das páginas fica na lateral.
"Por mais que eu não tenha vivido momentos suficientes para amá-la como ela merece, eu sinto que tudo será posto, um dia, como deveria ter sido desde o início, porque eu acho que amar é ir além de palavras, amar é ir atrás de alguém que faça seu coração bater mais forte, é não saber o que falar na hora certa, é correr contra o tempo e se sacrificar para que quem você ama se sinta bem sempre... amar é organizar piqueniques em menos de duas horas..." (página 193)
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