Dâmaris 26/04/2015O melhor livro da Carina, masss....Essas são as minhas impressões, opiniões e críticas (que podem parecer não tão humildes) não como especialista literária, mas como uma leitora voraz e apaixonada por histórias de amor.
Então vamos lá:
A Carina tem o poder de me fazer amar e odiar detalhes em seus livros num espaço curtíssimo de tempo. E com esse não foi diferente. Fiquei confusa, pois estive dividida entre o amor e o ódio pelos protagonistas, sendo amor pelo mocinho e ódio pela mocinha e pretendo esclarecer logo abaixo.
Eu dei 3 estrelas para a história, pois, apesar de tudo, considero o melhor livro da Carina, que foi salvo pelo Dante, o único personagem mais próximo de um ser humano de verdade, cheio de qualidades, mas cheio de defeitos e ser um babaca as vezes, faz parte disso.
A autora perdeu uma belíssima oportunidade de apresentar as belezas e riquezas de uma cultura que aqui no Brasil ainda é vista com muito preconceito, especialmente por associarmos à imagem da pobreza das mulheres e crianças ciganas que vemos frequentemente pelas ruas. E usando palavras da @Ruth.Campos: “...a autora apenas se apropriou da cultura cigana para dar sentido ou falta dele a seu romance sem oferecer nada em troca a cultura cigana...”
Durante os fatídicos diálogos nas línguas do Z e D (bebedeira e gripe, respectivamente) fiz leitura dinâmica. Sério, achei chatíssimo e senti vergonha alheia por alguém escrever assim. Na primeira pensei em parar de ler e na minha cabeça tudo soava como: Amiga, assim não tem como te defender. (Teve também o irmão da Luna falando de boca cheia, falando “axim”. PQP!)
Bebeu, foi pra cama com um cara que ela odeia, no mínimo alguém por quem ela nunca sentiu nenhuma atração, acordou no dia seguinte nua ao lado dele, também nú, e não lembrou de nada? Na boa, a menos que ela tenha sido drogada (e aí seria estupro, logo, uma violência para dizer o mínimo), amnésia seletiva faz tempo que não cola. Acordar atordoado, com uma puta ressaca, até vá lá, mas com amnésia... Tenho mil amigos que já foram parar no hospital em coma alcoólico e nenhum deles descreve amnésia como consequência. Bebedeira e sexo casual para afogar as mágoas são perfeitamente normais, aceitáveis e compreensíveis. A vontade que eu tive foi de dizer: Amiga, não finge que não aconteceu porque fica feio. Veste a roupa, faz carão, diz que foi um erro e não vai se repetir e sai andando. E por favor, não esquece a calcinha. (Isso pra não falar nas vezes infinitas em que ela deu show – drama queen - depois de transar com o cara).
Apesar de ter um trabalho, morar sozinha, bancar as próprias contas, ter um carro (do tipo “é velho mais é meu”), um diploma e outras características de mulheres independes, Luna é absurdamente IMATURA e INSEGURA, o que pra mim é uma completa incoerência e pra falar a verdade estou bastante cansada de mocinhas assim. Por me identificar pouco com a Luna nesse aspecto, aguentá-la quase o tempo todo foi um porre, e, volto a dizer, o Dante segurou as pontas.
As pegadas de humor do livro quase sempre funcionam, isso quando ela não exagera e vira uma coisa nonsense. Às vezes a autora força um pouco a barra e cruza a linha que separa o humor agradável do ridículo. Mas achei hilário ela não dividir a comida. Sei exatamente como é isso (Joey doesn’t share food!).... rsrsrs... A Madona também roubou a cena, uma coadjuvante perfeita. ;)
A Carina mandou bem na pegada do sexo, foi hot na medida, mais que nos outros livros dela, cujo minha impressão é de que, pra atingir o público teen, ela deu uma segurada e deixava meio boring. Dessa vez ela chegou bem perto do estilo YA que se propõe a fazer.
Eu gosto dos romances cheios de altos e baixos dos casais protagonistas, mas PQP! Por que a escolha da mocinha nunca é falar a verdade, abrir o jogo, mandar a real, colocar as cartas na mesa pra resolver as coisas? Seria muito mais legal se houvessem motivos “reais” para as idas e vindas do casal, problemas que vão além das escolhas imaturas e neuras da Luna.
Como eu disse, a Carina tem o poder de me fazer amar e odiar seus livros, porque ela consegue descer do céu da beleza e sutileza, ao inferno do mal gosto. Coisas que achei forçadas, artificias e para mim foram extremamente incômodas (tudo bem, eu sou chata, mas me ligo nisso):
1 - OS NOMES DOS PERSONAGENS. Consegue ser pior que em novela mexicana. Sabrina, Samara, Alexia Aremberg, o mecânico chamado “Seu Nicolau”, o sequestrador Márcio Klaus... Ahhhh pelo amor!
2 – Tive a impressão de a Carina não conhece geeks, jornalistas e afins, pois os que eu conheço (muitos), inclusive os mais velhos, têm um estilo moderno, mas elegante, de se vestirem e mesmo as combinações mais “incomuns”, as escolhas de vestuário mais inusitadas, chamam a atenção de um jeito bom. Achei chata a história das gravatas do Dante e do jeito dele se vestir.
E pra coroar o absurdo de todos absurdos. ATENÇÃO PARA O SPOILER:
Por que Carina resolveu colocar um assalto seguido de sequestro como solução para a carreira e o romance da Luna? Toda a “cena” foi tão absurda, tudo foi tão sem sentido que tive raiva. Sério. Eu tive raiva!
Que ser humano em sã consciência ataca um sequestrador armado? Especialmente se a arma está apontada para sua cabeça? Tudo bem, vamos considerar que em situações de estresse algumas pessoas, quando atingem o máximo de sua adrenalina, tem reações impensadas, mas depois o seu corpo cobra o preço e o choque pós-traumático é natural e esperado. E quando toda a bobagem acaba, ela sai do atentado como se nada “sesse” (Gosto dessa expressão, errada assim mesmo... rs). Não houve uma recuperação, um período de reflexão... NADA!
Assim: Eu fui sequestrada, ataquei o meu sequestrador armado, a arma era de verdade, rolou tiro, mas ninguém se feriu e eu saio de lá como se o meu maior problema na vida fosse marcar o horário com a minha manicure na semana que vem, sem traumas. Como se não bastasse, depois disso eu fico famosa, notícia principal do “Jornal Nacional” durante dois dias e por isso, os veículos de comunicação impressa e digital mais importantes do país começam a me procurar para contratação, porque eu sou a corajosa (não a maluca) que reagiu a um assalto e agora eu, recém formada, que não tem nenhuma experiência profissional relevante comprovada, sou a profissional de comunicação mais desejada do mercado. FOFA, ACORDA! Se uma coisa dessas acontece, o máximo de manchete que você conseguirá é nos programas estilo Datena ou Sônia Abrão e olhe lá!
Depois disso me perdi um pouco no que diz respeito à ordem dos acontecimentos e fiquei com muitas dúvidas sobre o espaço de tempo em que toda a história aconteceu, especialmente pela de abertura da nova revista, da gravidez. Outro ponto importante. Ela estava com a menstruação atrasada, fez o teste duas vezes e não deu nada. Algum tempo depois ela descobre que está grávida. Mas entre o acontecimento e descoberta, ela nunca mais menstruou ou menstruou e ficou grávida assim mesmo (o que também pode acontecer)? O que aconteceu? A história não ficou bem amarrada. Sei lá, mais uma forçada de barra e a essa altura eu já não me importava mais.
Enfim, mesmo depois de tantas incoerências e viajadas, ainda acho que o livro é agradável de modo geral e tem bastante potencial para uma sequência, mas com o “point of view” do Dante.
Por favor, fãs da Carina, não me ataquem. Eu tbm sou fã, mas acho que os leitores beta precisam ser um pouco mais criteriosos nas análises e opiniões antes do lançamento dos livros.