arthurzito 10/09/2023Após a leitura de "Frankenstein" de Mary Shelley, minha motivação para explorar outros clássicos de horror e suspense estava consideravelmente abalada, principalmente devido à tendência de Hollywood de distorcer as adaptações literárias. No entanto, minha jornada literária encontrou um novo ânimo com "Drácula", a obra-prima de Bram Stoker.
"Drácula" é um romance epistolar que se desenrola entre 3 de maio e 6 de novembro. Uma experiência literária única que surgiu através do site "Drácula Daily", que enviava trechos do livro correspondentes ao dia. Esse toque de autenticidade me incentivou a mergulhar de cabeça nessa leitura.
Até meados de agosto, a trama se desenvolve de forma gradual, repleta de enigmas e pontas soltas. Isso ocorre porque Bram Stoker trabalha magistralmente no desenvolvimento da história, cuidadosamente elaborando cada arco de personagem. Os três arcos principais envolvem Mina Harker, Jonathan Harker e o Dr. Seward. Ao longo do livro, esses arcos se entrelaçam, surgem novos também, apresentando novos personagens e, no final, convergem em uma narrativa única, com várias perspectivas de narrativa. A maneira como o livro cativa o leitor é incrível. Confesso que não consegui esperar até novembro para terminá-lo, mas a experiência de receber fragmentos da história em tempo real, descobrindo o que cada personagem sabe junto com eles, é verdadeiramente única.
É importante notar que a história se desenrola de forma lenta, o que pode não agradar a todos, pois naquela época, tudo levava mais tempo, desde correspondências até viagens. No entanto, essa lentidão confere um valor especial à leitura. Destaco a construção do arco final e a oportunidade de conhecer mais sobre o Drácula. Há muitos aspectos que o cinema optou por não incorporar, o que me surpreendeu muito.
Diferentemente de "Frankenstein", não desenvolvemos empatia pelo Conde Drácula, mas o livro nos faz perceber que a zoofagia, um termo que aprendi durante a leitura e que provém de um personagem figurante fascinante que rouba a cena em vários momentos, não é natural e, de certo modo, Drácula também sofre com isso. Essa interpretação surgiu para mim com a introdução de novos vampiros na história, mas acredito que também seja aplicável ao próprio Drácula.
Além dos personagens, Londres e o castelo de Drácula emergem como protagonistas de igual peso. Eles são igualmente presentes e detalhados, cativando o leitor tanto quanto os personagens humanos. A diversidade nas vozes narrativas, devido à narrativa de várias pessoas, permite uma visão multifacetada e cativante desses locais.
A leitura do prólogo, uma história à parte retirada do livro e incorporada de uma nova maneira na narrativa, "O Hospedeiro de Drácula", acrescenta muito à história e despertou meu interesse desde o início também.