Antes, o verão

Antes, o verão Carlos Heitor Cony




Resenhas - Antes, o verão


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aline 10/04/2022

um pouco mais sobre relações conturbadas
a sensação de terminar esse livro é de que a felicidade foi roubada de mim pra sempre. há apreciação em cada parágrafo, e no final tudo se enlaça de forma muito coerente, embora triste e angustiante. carlos heitor cony apresenta aqui a aspereza de um relacionamento em ruínas, fazendo analogia do fim do verão ao fim do amor e da admiração entre os dois protagonistas. cony foi um jornalista com a sensibilidade de um poeta, e isso fica claro na forma como ele não apenas descreve lugares e pessoas e coisas, mas se aprofunda intimamente na natureza humana, seus medos e suas vergonhas.
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Brenda 07/11/2020

"O melhor de tudo talvez seja aquilo: o silêncio feito de paz e inércia. O silêncio dos ruídos
que acentuam a solidão e a quietude lá dentro."
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VanessadeOliveira 18/04/2017

É tarde, o Verão apagou-se...
Este livro me instigou muito. Foi ótimo lê-lo, apesar de ter tido uma certa dificuldade em entrar na história no começo, quando venci as primeiras páginas, o livro veio mais fluido, porém denso. Uma característica deste livro. Denso. Muito mesmo. Várias coisas me agradaram, a ausência de descrições detalhadas da aparência das personagens, mas muita construção psicológica. Amo isso, amo construções densas de personagens.
A história não possui temas complexos, é um tema comum, relatado de um ângulo incomum, (mais um ponto pra Cony) a crise do casamento de Luís e Maria Clara, passando pelos temas de envelhecimento, filhos criados, infidelidade, tempo... Há uma relação marcante entre a casa de veraneio e o casamento do casal, vencida pelo vento, pelo sal, pelas artimanhas e no meio um inesperado assassinato. Um acidente? um crime? Quero mais livros deste autor.
Uma coisa que amei também foi a forma como a mente masculina foi abordada, os pensamentos e as emoções muito bem construídos, bem honestos e simples e ao mesmo tempo reais.
Quando terminei de ler veio rapidamente a memória um poema que eu amo, de Ávaro de Campos(Fernando Pessoa):
"Estou reclinado na poltrona, é tarde, o Verão apagou-se...
Nem sonho, nem cismo, um torpor alastra em meu cérebro...
Não existe manhã para o meu torpor nesta hora...
Ontem foi um mau sonho que alguém teve por mim...
Há uma interrupção lateral na minha consciência...
Continuam encostadas as portas da janela desta tarde
Apesar de as janelas estarem abertas de par em par...
Sigo sem atenção as minhas sensações sem nexo,
E a personalidade que tenho está entre o corpo e a alma..."
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Dankar 30/09/2015

O verão acabou
Em resumo, este romance de Cony faz uso de uma casa de praia recém-construída que se enche constantemente de areia e sal para representar as ruínas de um relacionamento. Isso já seria o suficiente para render uma boa história, mas a coisa vai ainda além disso.
Poderia também ser um mero romance de costumes (como bem pontua Otto Maria Carpeaux no prefácio), estendendo-se sobre questões como o adultério, a hipocrisia e o egoísmo, e, de fato, tudo isso está presente no livro, mas apenas enquanto materialização em ação de uma série de questões metafísicas e, portanto, mais densas. Cony é um verdadeiro existencialista, nos moldes mais sartrianos possíveis. A matéria com que ele lapida esta pequena obra é o desespero, o desencanto, o desinteresse. É a matéria de um autor que entende que as grandes obras literárias são feitas a partir de temas universais, a partir da humanidade da própria humanidade.
Antes, o Verão é uma dessas grandes obras. Sua profundidade psicológica e seu lirismo cortante situam o romance entre os trabalhos de gente como Lúcio Cardoso, Cornélio Pena e Raduan Nassar, autores de verdadeiras tragédias, que constituem uma grande parte do que nossa literatura tem de melhor. Além disso, possui uma estrutura narrativa maravilhosa, com alterações precisas entre a primeira e a terceira pessoa e um uso extremamente inteligente do tempo verbal no presente. É uma pena que algo tão bom assim não seja muito reconhecido.
Arsenio Meira 30/09/2015minha estante
Bela resenha, e com um toque especial: aproxima o romance do Cony à órbita literária em que Lúcio, Raduan e Cornélio pontificaram. Vou ler, e sua resenha impulsionou o meu ânimo! Abs.




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