Coruja 31/01/2016E lá vamos nós com a fixação de Lovecraft por criaturas subterrâneas aparentemente aquáticas. Não que eu tenha algo a reclamar, considerando que já comentei sobre Um Sussurro nas Trevas antes e, à época, já tinha impressão de ser um dos melhores contos do autor.
Albert Wilmarth começa como um cientista cético, um especialista em folclore. É então convidado pelo também erudito Henry Akeley a Vermont – onde enchentes levaram ao aparecimento de estranhas criaturas com corpos crustáceos, com grandes pares de barbatanas ou asas membranosas. E tentáculos, claro. Muitos tentáculos, sempre.
Nosso narrador conhece algo das lendas dessas criaturas – os Antigos, vindos das estrelas, diretamente da Grande Ursa. Mas aquilo que ele considera inicialmente meros mitos, logo se provará bastante real. Afinal, Akeley não apenas é testemunha ocular dos fatos, como possui provas que ele não consegue explicar nem refutar.
Há coisas, contudo, com que você não deve mexer. E conseguir provas concretas de estranhas criaturas que o narrador conclui estarem vindo de Plutão (‘aquele estranho planeta descoberto logo após Netuno’) não são condutivas a uma vida longa e tranquila.
Esse conto é um excelente exemplo da forma como Lovecraft interlaça terror e ficção científica. Engraçado que não tinha parado para pensar nesse assunto antes, mas é meio óbvio, considerando que a maioria dos protagonistas de seus contos são intelectuais ligados ao ramo das ciências.