Amanda Nachard 24/09/2021Disponível no Kindle UnlimitedEm quase todos os momentos, o livro é de leitura fácil e interessante. Narra a história de uma família afegã, ainda que incomum, por ser a família de um livreiro em um país fundamentalista, que não aprecia a educação. Por isso, a autora consegue mostrar os costumes afegãos para além do que se conta: ela viveu com a família, ocupando os lugares das mulheres da família, que, na sociedade afegã, não podem sentir, pensar, se expressar... Por consequência, têm o seu lado da história omitido. Essa é a parte interessante do livro, ao viver entre as mulheres da família, a autora pôde trazer à luz os costumes pela perspectiva delas.
É também interessante ver a contradição de um dos homens tidos como mais liberais para a cultura afegã ser extremamente autoritário e patriarcal em sua residência. Mas em muitos momentos as histórias pareceram um pouco fantasiosas, no sentido de que simplesmente não teria como, mesmo acompanhando a família (por muito pouco tempo, diga-se), a autora saber determinadas coisas, inclusive porque a todo momento se deixa claro que os homens afegãos não falam sobre alguns assuntos com mulheres e que as mulheres afegãs simplesmente não falam (nem entre si) sobre estes assuntos.
Além disso, em alguns momentos senti pitadas de etnocentrismo da autora (ocidental). Nada direto, obviamente, mas que ficava evidente pela forma como ela escolheu narrar algumas situações distantes de sua realidade.