Sueli 26/05/2013
Como Eu Era Antes de Você!
Eu preciso dizer que as minhas exigências em relação a um livro se restringem basicamente ao texto. Pra mim, o texto é que faz a diferença. Capa, fonte, papel, etc, são secundários... Mas, um bom título, nós temos que concordar, é a isca principal.
E, “Como eu era antes de você” é um senhor título, não é mesmo? Desde a primeira vez que vi esse livro, o título não saiu da minha cabeça. Pensei sobre mil possibilidades. Já que acredito que cada pessoa deixa em nós um pouco de si mesma ao passar por nossa vida, e com isso, vai nos modificando um pouquinho mais....
Lógico que antes de comprar, me informei sobre o assunto, e não pensei muito sobre a minha resolução de não sofrer mais por opção. Comprei! Dias depois fiquei sabendo que iria chorar. Chorar muito! Só não imaginei que fosse tanto....
Leitor, você deve saber que na contabilidade de nossas vidas, quanto mais tempo vivemos, mais perdemos. Perdemos amigos, parentes, amores, saúde, enfim, perdemos....
Entramos nesse jogo, que é a vida, sabendo o placar final. Dizem os cientistas que somos os únicos animais a saber, mas eu duvido....
E, somos também, os únicos animais a produzir histórias maravilhosas que multiplicam nossas vidas e nossas experiências infinitamente. E, posso dizer que os romances modificaram muito a minha vida. Nos livros os personagens são eternos! Caso eu decida reler um livro, encontrarei o mesmo casal adorável que rejuvenesceu as minhas emoções, e me deu momentos de incrível encantamento e alegria.
Portanto, eu tenho grandes reservas em ler livros nos quais eu tenha que me despedir de alguém muito querido....A vida já se encarrega disso por mim...
Mas justamente nessa hora eu li a coluna da Vivi. Puxa vida, ela é brilhante! Suas reflexões sempre tão lógicas e coerentes fizeram que eu compreendesse e concordasse que estamos lendo muito do mesmo!
Foi só o empurrãozinho que eu precisava para começar a ler “Como eu era antes de você”. Aí, você pode estar pensando: Bem feito, Sueli! Você sabia exatamente onde estava se metendo!
E, concordo, eu sabia. Mas, não resisto a um bom livro. E, este, sem dúvida nenhuma, é um ótimo livro.
De acordo com a minha postura em não dar spoillers, não posso dividir muito as questões levantadas neste livro sem dar nenhuma pista do final.
Mas, se você for como eu, certamente em determinado ponto vai ler o final do livro! E, se eu puder lhe dar um conselho: Faça isso! Ajuda a diminuir as expectativas, e talvez a frustração.
Chega de blá, blá, blá, e vamos ao livro!
Um acidente muda completamente a vida perfeita, do perfeito Will Traynor, trinta e cinco anos, solteiro, e empresário rico e poderoso da City londrina. Um homem acostumado a desfrutar dos melhores prazeres da vida, que após esse infortúnio torna-se permanentemente um tetraplégico. Algo inadmissível para alguém que pensava que a vida era um privilégio, e ele a brindava vivendo intensamente cada momento.
Para Will, Jojo Moyes, trouxe Louisa Clark, uma jovem mulher, de vinte seis anos, solteira, mas namorando um corredor compulsivo e entediante. Que morava com os pais, em uma casa apertada, e sem nenhuma perspectiva de futuro melhor.
Após um princípio conflitante, como era de se esperar, os dois se entendem, e Louisa passa a oferecer a Will o material necessário para que ele desempenhasse um papel parecido com o de Mr. Higgins, da peça de George Bernard Shaw, Pigmaleão. Aliás, penso que Will, é o Mr. Higgins, um personagem arrogante, misógino (a tetraplegia substituindo a misoginia), que fazia apostas com Nathan ,sobre o cotidiano de Louisa, muito semelhante à peça escrita em 1938.
Contudo, a bondade e a honestidade de Louisa afetam favoravelmente os dias de sofrimento de Will, e o empenho dela em diminuir o sofrimento dele, faz com que floresça uma amizade sincera entre eles.
Infelizmente, as lesões de Will eram de caráter irreversível, os danos permanentes, e seu sofrimento atroz. E, Will decide morrer.
Louisa não aceita a decisão de Will, e parte em uma missão que será a luta de sua vida, em busca de algo que o prenda a dele.
Apesar de torcer ardentemente por Louisa durante todo o livro, entendi a posição de Will, independente do aspecto religioso da questão. Resolvi abordar o desejo de Will através do aspecto puramente objetivo, e me questionar: A quem pertence a vida? E, se a qualidade de vida interferiria em minhas decisões sobre continuar ou não vivendo.
Pensei em várias personalidades que por um motivo ou outro perderam a capacidade de controle sobre seus corpos, como por exemplo: Christopher Reeve, Stephen Hawking, entre outros. O que me fez questionar a inteligência e a capacidade de aceitação de uma nova maneira de viver de Will.
Principalmente, por ele ser jovem demais para ter tanta certeza de não haver mais nenhuma razão para viver.
Mais uma vez, rendo-me a uma protagonista maravilhosa. Louisa queria que Will fosse feliz, como apenas os que amam verdadeiramente são capazes. Com sua maravilhosa percepção ela sabe que quando algo ruim acontece não existe nenhuma razão para minimizar o dano, apenas precisamos saber como prosseguir apesar dele.
E, aqui, eu peço emprestado os versos de Roberto Carlos, para explicar como me senti ao finalizar a leitura desse livro: “Se chorei, ou se sorri”, “O importante é que emoções eu vivi.”
Leitor, eu chorei muito! Mas, não deixaria de ler essa história de amor e de entrega incondicional por nada no mundo!
Um livro emocionante!