Tami 21/01/2014O nível da minha DPL (depressão pós livro) está tão alto que nem a Canção Molahonkey me anima! =/Eu pensei seriamente em não resenhar esse livro pois eu não tinha a menor ideia do que dizer sobre ele tamanha é a minha DPL. Sério mesmo! Acho que é a pior que tive até hoje! Comecei a ler o livro na madrugada de domingo para segunda e como ontem (20/01) foi feriado aqui no Rio passei o dia lendo. Não acreditei quando o livro terminou! Jojo tem uma escrita maravilhosa, não se torna maçante em nenhum momento, eu li o livro sem sentir nenhuma das mais de 300 páginas!! Bom, vamos lá...
Louisa era uma jovem sem ambições, conformada com sua vidinha mais ou menos. Morava em uma casa superlotada, namorava um cara chato que só tinha um assunto, trabalhava em um café e não pensava em mudar de emprego até que foi forçada a isso. Com 26 anos ela era praticamente o arrimo da família, que dependia do dinheiro dela para se sustentar. Mas o que Lou não sabia ainda é que perder o emprego era o melhor que lhe podia ter acontecido.
Aos 26 anos a maioria dos jovens estão, no máximo, se sustentando, aos trancos e barrancos. A prioridade de Lou não era e nunca foi ela, era a família dela. Confesso que senti um pouco de raiva da família dela no início! Senti que eles eram meio que o urubu sobrevoando a carniça, sabe? Lou não teve nem tempo de se lamentar pela perda do emprego que eles já estavam querendo saber quando ela iria arrumar um emprego novo...entendo que havia dificuldades, que o dinheiro era contado, mas me coloquei às vezes no lugar de Lou. Ela era tratada como a menos esperta, a sem ambição, quando, na verdade, ela deixou de lado suas ambições para ajudar a família, e parece que eles não entendiam isso!
Achei interessante da parte de Jojo de introduzir a história de Will no prólogo. Isso nos fez ter uma ideia de como era Will Traynor antes de seu acidente. Creio que se nós tivéssemos conhecido apenas o Will tetraplégico nós não iríamos, mesmo que com certa dificuldade, entender sua ânsia pelo fim.
Confesso que senti muita pena de Will...Jojo mostrou todas as nuances da deficiência, ela não tentou mascarar a condição de Will com uma história de amor...ela mostrou que mesmo com todas as dificuldades, com toda a luta, toda a dor, o amor ainda sobrevive, ainda respira, mas será que só o amor basta? Vocês que leram chegaram a se perguntar, como eu me perguntei, até que ponto a vida vale a pena?
Will estava acostumado a afastar todas as pessoas que tentavam se aproximar, Will construiu um muro ao seu redor...acho que depois de ter perdido os movimentos, os amigos, a namorada, ele fez isso porque, no fundo, não tinha força para perder mais ninguém...se ninguém entra, ninguém sai. Ninguém entra...até Louisa aparecer!
Gostei do começo da história dos dois. Às vezes eu ficava meio impaciente querendo que a amizade começasse logo, mas entendi o que Jojo quis fazer...ela quis mostrar que Will precisava de alguém que olhasse para ele como uma pessoa, não como uma pessoa tetraplégica, como uma pessoa, apenas. Não que Lou esquecesse das condições dele...ela sabia todas as limitações de Will, só queria que ele entendesse que, apesar dos pesares, podia ser amado, desejado, poderia querer viver!
Já faz quase 24 horas que terminei o livro, ainda estou deprimida, de verdade. Assim que acabei de ler o livro eu não quis acreditar! Confesso que voltei as páginas e li de novo, acho que fiz isso duas vezes. Eu não me conformava, não! Não podia ser! E o amor? O amor não basta? Não pode ser!!
Mas agora, infelizmente, eu entendi que não! Nesse caso, não importa quão grande o amor de Louisa fosse, não seria suficiente! Pensei na parte em que ele disse à Lou que ela não sabia o quanto ele a desejava, que ela não sabia das coisas que ele pensava em fazer com ela e me coloquei no lugar dele...como deve ser horrível você querer tanto fazer uma coisa e simplesmente não poder? Ele só podia pensar, ele estava limitado a isso por toda a vida. Jojo não quis descrever uma possível cena de sexo, ou tentativa de sexo, e entendi seu motivo...o problema de Will não era apenas de cunho sexual, até Lou pensou que pudesse ser quando disse "que eles poderiam tentar", o problema de Will era muito mais do que isso! Ainda acho que Will poderia ter mudado de ideia, mas ele estaria mentindo para ele mesmo...Will sabia que poderia viver uma vida razoavelmente boa, mas aquela não era a vida que ele queria. Para Will ele não vivia, ele apenas existia!
Faço aqui a ressalva que não sou a favor do que Will fez, eu apenas entendo. Colocando-me no lugar dele, tentando ter a perspectiva dele.
Até porque eu acho que essa história é, acima de tudo, uma história de autoconhecimento. Will sabia quem ele era e sabia que aquele "ele" tetraplégico não era ELE e isso ele não suportava. Lou, pelo contrário, não sabia quem era e precisou passar por tudo isso para realmente se descobrir, descobrir quem era a Lou de verdade!
Os personagens secundários são ótimos! Adoro livros em que sinto que aqueles personagens podem ser reais! Adorei o fato de Jojo ter feito com que alguns capítulos fossem narrados por outros personagens...e foi impressionante o quanto aquilo encaixava, o timing era perfeito, genial! Eu queria ter lido um capítulo narrado pelo Will...talvez sua visão sobre Lou, mas compreendo Jojo, para quê, afinal?
Bom, estou muito feliz em ter conhecido esse livro. Ele te faz refletir, ponderar, entrar em conflito consigo mesma, ter raiva, chorar...
Pretendo lê-lo novamente, não tão cedo, não sei se conseguiria, nesse momento meu coração ainda está apertado, sinto-o como o banjo da canção Molahonkey:
Eu fui à loja de consertos
Ver o que eles poderiam fazer
Eles disseram que as cordas estragaram
Não dava mais para consertar.