Queria Estar Lendo 13/05/2024
Resenha: O Silmarillion
O Silmarillion é uma obra para ler com calma e paciência. A bíblia da Terra-média e do universo criado por J.R.R. Tolkien que eu demorei, mas finalmente tive tempo para ler. A quem é apaixonade por essa história e pelas inúmeras que a envolvem, esse livro é um espetáculo.
O Silmarillion reúne várias histórias da criação do mundo que compreende o universo de O Senhor dos Anéis. São relatos desde a criação desse universo até as guerras e traições e tramoias políticas que seguiram a isso.
Eu tentei ler várias vezes com o passar dos anos, sendo fã de O Senhor dos Anéis desde que me entendo por gente, mas nunca tinha conseguido avançar. Com calma e paciência, dessa vez, eu segui em frente, e foi recompensador.
Sou apaixonada por fantasia e O Silmarillion é uma aula sobre construção de universo. A imersão é tão grande que você se sente realmente lendo a bíblia daquele povo mágico; desde os primórdios do tempo, quando Eru, o deus acima de tudo e todos, cantou a canção da vida e deu origem ao que conhecemos como aquele mundo - Arda, como é chamada a terra - aos Valar, o povo semidivino que o seguiu, e todas as ramificações que vieram através deles e de suas criações.
O começo do livro é muito lírico e etéreo e se prende bastante ao extranatural, falando sobre deuses e divindades e semi-divindades; o mais interessante, para mim, foi como o Mal nasceu naquele universo. Quando uma das divindades, Melkor, se dobrou ao poder e à sede de controle e de superioridade e passou a ser conhecido como Morgoth (o chefe do Sauron).
Daí para frente, o que era pacífico começou a ser maculado, e o que era compreensível passou a ser caótico. Morgoth corrompeu Arda e seus povos e é através dele que todas as tretas subsequentes se desenvolvem.
A narrativa é de um bardo contando histórias, como o Tolkien faz muito bem. Com exceção daquele começo onde é compreensível ficar perdido, o resto do livro fluiu bem demais e me recompensou pela paciência em entender a criação do mundo; o desenvolvimento do mundo foi muito interessante.
Como os povos nasceram, como se dividiram, o que forçou líderes e Reis a tomarem decisões terríveis, como foram as guerras passadas, como foi confrontar uma batalha onde deuses marcharam contra deuses. Tudo é muito, muito bem explicado.
Eu fiquei completamente apaixonada por algumas das histórias, como a de Beren e Lúthien - um amor impossível entre um humano e uma elfa que, juntos, se uniram para cumprir uma missão perigosa a fim de recuperar um tesouro que poderia garantir sua união - ou a tragédia de Túrin Turambar - um dos filhos de Húrin, marcado por perdas e horrores até um fim mais terrível ainda.
Tem algumas dissonâncias nas histórias porque o Tolkien escrevia de maneira solta e, quando seu filho reuniu as obras para montar O Silmarillion, algumas informações não batiam. Mas deixa tudo mais instigante, porque é ver uma obra incompleta ainda assim ser absurdamente completa.
Me deu uma margem muito interessante sobre a segunda era, também, quando Sauron começou a tocar o terror entre os Númenor (inclusive, quem eram os Númenor, qual sua história, por que eles foram apagados dela, é tudo explorado aqui) após a queda do seu senhor; tudo que o levou a se transformar no Inimigo dos povos livres, e que pode aparecer na série da Amazon.
A quem ama O Senhor dos Anéis, esse é um livro essencial.
O Silmarillion é um livro lento, mas recompensador. É uma história com infinitas histórias dentro dela, e é de encher os olhos e o coração a quem ama esse universo.
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