labbacchio 28/01/2022
He is half of my soul, as the poets say
Não vou mentir, eu esperava bem mais desse livro.
Com toda sinceridade, não achei A Canção de Aquiles um livro ruim ? nem de longe, na verdade ?, mas é inegável o fato de ter me decepcionado bastante. A história do livro não é tão incrível quanto achei que seria, o desenvolvimento não foi lá essas coisas e o começo também foi bastante cansativo. Todavia, se dei a nota que dei obviamente o livro não é ruim. Os personagens são extremamente envolventes, e admito que, mesmo não sendo a história mais incrível que já vi e mesmo não tendo um desenvolvimento tão bom, me envolvi bastante.
Não tenho muito mais a resumir, então vou apenas aprofundar o que já disse separando em pontos e detalhando de forma mais ampla.
Primeiro ponto: desenvolvimento mediano. Sendo bem honesta, não dá para dizer que o desenvolvimento de A Canção de Aquiles é, de fato, ruim ? por isso o "mediano", é óbvio. Acompanhar a evolução da relação de Pátroclo e Aquiles foi perfeito, mas tem um porém: foi perfeito só até pouco mais da metade. O livro estava seguindo uma linha ótima e muito bem desenvolvida, mas, não muito depois da metade, começou a simplesmente não ter desenvolvimento. Os acontecimentos apenas iam apenas acontecendo de forma mal explicada e até meio sem sentido, e às vezes chegava até a me deixar um pouco confusa.
Segundo ponto: história mediana. Caso você costume ler minhas resenhas, deve ? ou não (provavelmente não ?) ? ter reparado que não usei o termo "ideologia" ? como costumo fazer ? dessa vez. Digamos que, mesmo a história não sendo tão boa, a ideologia do livro em si é uma delicinha. Tipo, acho que se a ideologia tivesse sido bem trabalhada e seguido um rumo menos cansativo, o livro seria no mínimo um nota 4.
Terceiro ponto: começo razoavelmente cansativo. Como eu já disse, o livro passa a ficar meio decadente pouco depois da metade, então, nessa lógica, o começo deveria ser bom; e é. Mas tem um porém. Tipo, é realmente normal que o começo de um livro seja cansativo por ser a introdução de toda história, mas nesse eu praticamente desisti antes mesmo da página 30. Demora bastante ? ok, não *bastante*, mas um bocadinho ? para algo interessante ? e relevante ? acontecer.
Quarto ponto: personagens extremamente envolventes. Cara, eu não sou exatamente a pessoa mais fácil de se envolver com algo, mas admito que os personagens desse livro me envolveram relativamente muito. A forma como Pátroclo enxerga o mundo ? bem, o mundo dele é praticamente resumido a Aquiles ? ? é perfeita, e em muitos momentos me fez colocar a mim mesma no lugar do personagem. Eu sorri, chorei, fiquei puta pra cacete, quase morri de tanto medo de sofrer; basicamente; eu senti. E, sinceramente, não é todo livro que consegue me fazer *sentir*.
Quinto ponto: final relativamente emocionante. Olha, eu realmente achei o final emocionante, mas não isso tudo que dizem por aí. Tipo, no geral o desfecho do livro foi um amor, mas pouco antes disso tava tudo completamente "??????" ? traduzindo: confuso pra cacete. Assim, eu entendi tudo, mas foi bem merda até chegar realmente no momento final. E, sim, o momento final foi realmente lindo ? até derramei uma ou duas lágrimas ?, não tenho objeções a esse fato.
Sexto ponto: críticas sociais interessantes. Em diversos momentos, o livro mostra como a realidade da época era tóxica ? em muitos sentidos ? e machista pra cacete; e eu amei isso ? é claro. A Canção de Aquilos deixa explícito como a mulher era vista como não muito mais que um objeto sexual, uma escrava que nasceu apenas para procriar e servir ao homem. Gosto de livros que mostram essa realidade, porque dá para ver que já evoluímos nesse quesito. Fora que o livro ainda fala bastante sobre o autoritarismo e a como atos de orgulho podem destruir de tudo ? pessoas, relações, etc.
Sendo bem sincera, mesmo tendo pontos negativos, recomendo bastante esse livro. A leitura não é a mais rápida do mundo, mas também não é aquele negócio super cansativo que não dá para ler. Bem, realmente acho que vale a pena.