Telma 18/10/2013Extravagância plena!Resenha feita por Mallu Marinho para o Blog Livro com Dieta
Confesso que a opinião do Publishers Weekly na capa do fundo do livro me chamou bastante atenção e foi o que me fez criar expectativas para com o livro.
“O romance de estreia de O’Melveny é uma composição lírica, parte epístola entre pai e filha, parte diário da aristocracia renascentista, um pouco guia de viagem para aventureiros e um pouco compêndio alegórico de doenças... Os leitores vão se deliciar com o estilo extravagante de Regina O’Melveny.”
Extravagante é apelido!
A capa é linda, a diagramação é linda, a ideia e a história são boas e até bastante originais... Mas o sentimento que eu tenho é que talvez, nas mãos de outro autor, ela fosse melhor desenvolvida.
Posso resumir a história de maneira breve: Gabriella mora em Veneza com a mãe e o seu pai a abandonou 10 anos antes do momento em que a história começa. Seu pai era médico e resolveu sair em busca de novas doenças e suas respectivas curas para completar um livro que está escrevendo, o "Livro das Doenças". Gabriella tem um estranho dom de cura, porém sem o pai como tutor ela não pode praticar a medicina. (Estamos no séc. XVI, completamente compreensível à proibição da participação das mulheres em algumas profissões.) Bom, o fato é que ela não quer ficar sem fazer o que mais gosta e decidi sair em busca do pai com seus dois criados, se guiando por meio de cartas que ela veio recebendo nesse tempo da ausência dele.
"Alguns viajantes gostam de ler sobre os locais que visitam, sobre os companheiros de estrada que fizeram registros agradáveis ou admiráveis. Outros gostam de ler o trabalho de pessoas famosas que moraram nesses municípios ou cidades nas quais chegarão. Outros ainda divertem-se com as histórias locais compartilhadas nas tavernas e estalagens. Eu lia e relia as cartas de meu pai para descobrir em que estrada ou cidade adiante poderia achá-lo.”
Existe num grande contexto histórico por trás e isso é a grande riqueza do livro... Você consegue ser transportado para a Europa de 1590. E passar por isso na pele de uma mulher (a narração é em 1ª pessoa) foi uma ideia ainda mais inteligente da autora.
Eu adorei o começo, mas confesso que depois de um tempo acaba ficando bastante maçante... O livro acaba pegando uma rotina e nada mais surpreende: Ela chega num lugar, acha um médico conhecido do pai, fica um tempo hospedada, eles conversam sobre o pai dela e é basicamente só isso. Cada capítulo é uma pista que não faz nenhum sentido e você não sabe onde exatamente a escritora quer chegar.
No decorrer da história, algumas coisas fantasiosas como algumas doenças que não existem, mas isso não interfere na essência da história. Não pode ser enquadrado no gênero de fantasia, por assim dizer. O final é um pouquinho previsível, mas não deixa a desejar!
Recomendo para quem tem paciência com narrativas longas e lentas, para quem tem interesse em histórias que se passam em um momento histórico ou para quem quer se distrair com uma leitura cheia de loucura e curas!
Aqui tem alguns trechos que me chamaram atenção:
"Se você não se livrar do passado, nunca mais terá uma vida no presente! (...) O amor precisa de uma terra queimada para receber as novas sementes."
"Alguns podem pensar que o vazio é algo oco, mas mão, é um fardo invisível, penetrante, atmosférico e quase esquecido, até que alguém seja golpeado inesperadamente por sua força."
"A escuridão não era ruim. Somente os homens a consideram assim. Meu pai se sentava no escuro para pensar, pois todas as criações têm início na sombra."
"Tornei-me tão transparente quanto o vidro através do qual espiava, perigosamente invisível até para mim mesma. Foi então que percebi que deveria colocar a minha vida em movimento, caso contrário, eu desapareceria."
Resenha feita por Mallu Marinho para o Blog Livro com Dieta
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