Clóvis Marcelo 04/02/2015Esse é um daqueles livros que todo mundo gostou, menos eu. Não é um livro de todo ruim, mas também não chega a ser excepcional.
O personagem principal, que não conhecemos por nome, revive suas lembranças quando criança. Supomos então, que a história tem um tom autobiográfico. Para mim o livro seguiria esse ritmo, mais denso, com memórias de infância, e não foi com pouca surpresa que encarei a fantasia que surge ao longo das páginas.
É inevitável se afeiçoar a um menino de sete anos e seu amor pelos livros, que usa como uma fuga da realidade, deixando sua imaginação cada dia mais fértil. Porém, no contexto da história não encarei como ‘coisa-de-criança’ o que acontece na estrada que dava na fazenda, que dava para a floresta. Para mim, Neil Gaiman conta uma fábula para dizer algo maior. Uma fantasia que para a criança parece real, pois elas viveram aquilo, contudo, que a idade adulta, faz com que nossa memória desvaneça.
O problema disso tudo está na falta de explicação para quem é quem ou o quê é o quê na história. Tudo fica muito aberto e a cargo do leitor interpretar. Até certo ponto isso é bom, mas para mim a tentativa não surtou o efeito desejado, fazendo o contrário, deixando-me um tanto frustrado.
Há um pouco de mitologia, um pouco do sentido da vida, do real valor das coisas, da perda da inocência, do esquecimento que a maturidade traz e ao mesmo tempo os resquícios do subconsciente. Tudo dependerá da forma que você enxergará as coisas e, por que não dizer, do momento que você esteja passando. Uma leitura rápida que prende pela escrita.
Senti algumas semelhanças com Coraline (Neil Gaiman), porém isso se perde ao longo do caminho. Pode ter sido uma semelhança não da história em si, mas do estilo do autor, sua fórmula de mistério, gato negro, criança, pais e sobrenatural.
Então é isso. Alguém se arrisca a dizer o que seria O oceano no fim do caminho? Abstenho-me de falar minha opinião para não estragar a surpresa de quem lê, até porque, cada um terá uma opinião diferenciada. Posso dar uma única dica: vida.
ME FEZ LEMBRAR...
Coraline, do mesmo autor, O menino do pijama listrado (John Boyne) e A menina que não sabia ler (John Harding).
QUOTES / CITAÇÃO
“Livros eram mais confiáveis que pessoas, de qualquer forma.” Pág. 18
“Uma pequena região da minha mente se lembrou de uma sequência alternativa de eventos, e então a perdeu, como se eu tivesse acordado de um sono reconfortante e olhado em volta, depois puxado a manta para me cobrir e retornado para o meu sonho.” Pág. 190
Melhor destaque do livro: Capítulo V!
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http://defrentecomoslivros.blogspot.com/2015/02/resenha-o-oceano-no-fim-do-caminho-neil--gaiman.html