Por Que A Criança Cozinha Na Polenta

Por Que A Criança Cozinha Na Polenta Aglaja Veteranyi




Resenhas - Por Que A Criança Cozinha Na Polenta


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Toni 18/04/2024

Leituras de 2023

Por que a criança cozinha na polenta [1999]
Aglaja Veteranyi (Romênia, 1962-2002)
DBA, 2004, 200 p.
Trad. Fabiana Macchi

Quem estiver familiarizado com o estilo da escritora Aline Bei, talvez reconheça neste romance uma de suas influências. A declaração não vem ao acaso: o livro chegou em minhas mãos como um presente da @danicabral20 exatamente pq havia sido recomendado pela autora de “O peso do pássaro morto”. Frases cuidadosamente lapidadas, parágrafos às vezes compostos por uma única linha e uma voz narrativa de criança são apenas alguns dos traços que essas duas obras guardam em comum, à medida que descortinam um universo de micro- e macro violências (quantas vezes mais?) indissociáveis do amadurecimento feminino.

Uma família circense formada por um pai palhaço, uma mãe que se pendura no trapézio pelos cabelos e duas filhas, a mais nova delas a voz narrativa deste romance, viaja pela Europa central após fugir de uma ditadura (acompanhada de dura crise econômica) na Romênia. Esse núcleo familiar desterrado, longe de se fortalecer, esfacela-se na elaboração da narradora que, em seu lugar de criança forçada à vida adulta e errante, tenta se equilibrar entre crueldades e devaneios, entre a miséria e suas ilusões de liberdade, entre projeções e duros golpes da realidade. Ainda que guardem algo de memória (a autora viveu por um tempo em um circo com sua família exilada), os desdobramentos da narrativa e suas personagens são obras de ficção e, talvez por isso mesmo, não comportam qualquer síntese. Nas palavras da própria escritora: “A imaginação também é autobiográfica.”

Como deixei dito acima, “Por que a criança cozinha na polenta” foi um presente que, lastimavelmente, encontra-se esgotado no site da editora e somente com muita sorte poderá ser achado em sebos ou livrarias físicas. Caso alguém aí tenha interesse em fazer uma leitura imediata do livro (ou seja, não vai demorar seis meses para começar a ler), posso enviá-lo (emprestado) para qualquer lugar deste Brasil. Não é muito, mas é uma forma de fazer circular uma obra que, de maneira tão peculiar, desafia a rigidez acachapante do mundo adulto com poesia, fabulação e assombro.
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Entre Capas 01/10/2021

“Por que a Criança Cozinha na Polenta” é um livro de ficção literária de Aglaja Veteranyi, uma escritora Romena. Aglaja mostra em seu livro a realidade de uma garota que tem uma irmã mais velha e pais que trabalham em um circo internacional (que se apresenta em vários países); seu pai é um palhaço e sua mãe, uma acrobata que se pendura pelos cabelos. Viajando pelo mundo junto do circo, sem se fixar em lugar para chamar de lar, eles passam por diversas dificuldades em suas vidas.
Esse livro conta a história de personagens sem nome, mas que são nomeados como “minha mãe”, “meu pai”, “minha irmã”, e a partir disso já se observa que o livro é narrado por um dos personagens, a irmã mais nova. Ela é quem se pergunta, pensa, reflete e inventa respostas para o próprio nome “Por que a criança cozinha na Polenta?” e, com isso, durante sua infância solitária, vai questionando o porquê das coisas. Com sua curiosidade, pensa sobre muitos assuntos que normalmente não passariam pela mente de uma criança.
Pensando assim, pode parecer triste, e de fato é, mas para a personagem não; isso porque ela não tem tempo para ficar triste, já que ela “não pode” se sentir assim – para não deixar sua mãe preocupada e acabar prejudicando a apresentação no circo. Notamos isso porque uma das maiores preocupações da personagem principal é a de que sua mãe morra durante seu trabalho, que é bem arriscado, pois qualquer falha inesperada pode fazê-la despencar e morrer.
Esse livro mostra muitas emoções tristes e poucos momentos de felicidades, justamente por causa da história e por tudo que a personagem principal viveu. A própria diagramação do livro é algo que mostra um pouco disso, com páginas em que há apenas uma frase em caixa alta. Eu achei esse recurso incrível, pelo fato de transmitir com eficácia o que a personagem sentiu. Há também a repetição de palavras em uma mesma página, o que me transmitiu um pouco do sentimento de raiva ou inconformidade.
A capa, por mais que não seja muito chamativa, é interessante. Ela é toda marrom, mas com duas pequenas faixas amarelas, e isso gera um contraste que chama atenção tanto para uma parte do título, quanto para o nome da coleção e também da editora. O título em branco também serve como contraposição ao marrom e torna a capa interessante ao olhar, faz parecer até que o branco emite uma luz própria e isso também ocorre com o amarelo.
Recomendo a leitura de “Por que a Criança Cozinha na Polenta” para os leitores que gostam de livros emocionantes, por mais que os sentimentos que a história transmite sejam tristes – e com alguns assuntos polêmicos. Além disso, porque o livro é bastante interessante quando pensado para além do que ele transmite durante a leitura, por trazer diversas reflexões instigantes.
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Pandora 06/03/2023

Em seu prefácio para esta edição, Fabiana Macchi afirma que “Aglaja detestava que se lesse “a Polenta” como a história da sua vida. Nas entrevistas, quando a pergunta surgia, ela sorria sem ironia e dizia: “A imaginação também é autobiográfica“.”

A narradora deste livro é uma menina romena, sua família (além dela pai, mãe, tia e irmã mais velha) fugiu da ditadura de Nicolae Ceaușescu e vive de forma itinerante trabalhando para o circo em vários países da Europa Ocidental e também na África.

Apesar de se apresentarem de outras formas - o pai, por exemplo, é palhaço e acrobata - todos também participam do espetáculo da mãe, que é acrobata de força capilar (faz acrobacias pendurada pelo cabelo), para que o dono do circo pague hospedagem à toda a família. Além disso a mãe também faz “olhos doces” a outros homens, a tia tem cada hora um marido diferente que lhe dá presentes e o pai faz vídeos amadores tendo como atores os membros da família.

Em uma escrita poética e fragmentada, que mistura realidade e imaginação, assuntos como identidade, exílio, ditadura e toda a difícil realidade de uma família disfuncional de refugiados são retratadas com simplicidade pela lógica ingênua da narradora-criança, em trechos como estes:

“Minha irmã é filha só do meu pai.
Ela come tudo porque minha mãe lhe salvou a vida quando ela estava raquítica e cheia de piolhos.
Apesar de ela ser uma estranha, amo-a como irmã. A mãe dela é filha adotiva do meu pai. A filha adotiva e a mãe dela, a avó da minha irmã e ex-mulher do meu pai, moram num hospital, porque ficaram loucas.
Minha irmã também é louca, diz minha mãe, porque meu pai a ama como mulher.
Eu tenho de tomar cuidado para não ficar louca também, por isso minha mãe me leva junto para toda a parte.” - pág. 30.

“Na Romênia, depois da nossa fuga, meus pais foram condenados à morte.
No hotel, meu pai coloca o armário na frente da porta, a poltrona na frente do armário e a cama na frente da poltrona. Às vezes dormimos todos na mesma cama. Graças a Deus que nem todos os hotéis têm sacada, porque senão é mais uma porta para trancar!
Minhas bonecas também não podem andar sozinhas na rua.
Se temos de nos esconder tanto aqui, não sei por que fugimos de casa.
Jamais poderemos voltar, é proibido.“ - pág. 60.

Dividido em quatro partes, nas duas últimas observamos a entrada da menina na adolescência. Entre seu desejo de trabalhar no cinema, a necessidade de ganhar dinheiro e o estudo que precisa completar, há a erotização precoce pela qual passa em virtude de sua beleza e da natureza do seu trabalho, que passa a ser um sustento não só para si.

“No espetáculo de Pepita, sou muito requisitada.
Faço quatorze números por espetáculo.
Na alta estação, fazemos seis apresentações por dia nas grandes feiras.
Aprendo muito para mais tarde, quando me descobrirem.” - pág. 177.

“Depois de nove meses de escola de línguas, a senhora Schnyder me encaminhou para a orientação profissional.
Lá, passei por testes de conhecimentos gerais.
Os orientadores e eu sentados frente a frente, todos nós completamente perplexos.
A cada pergunta que eu não sabia responder, eles tornavam-se mais amáveis e insistentes, como se eu fosse surda-muda.” - pág. 185.

“Livros deixam a gente burra, diz minha mãe.” - pág 166.

Lírico e cruel ao mesmo tempo. Enfim, a vida como ela é. Porque nem todas as vidas são felizes.

“O que é absurdo na vida absurda?” - Fabiana Macchi, no Prefácio.


NOTAS
1. O título do livro se refere a uma lenda romena que a irmã mais velha da narradora lhe contava para distraí-la e que permeia a narrativa toda.
2. Por que a criança cozinha na polenta recebeu vários prêmios na Suíça e Alemanha; foi adaptado pela própria autora para o teatro e traduzido para várias línguas. Em 2008, houve uma adaptação teatral brasileira com a Cia. Mungunzá de Teatro, dirigida por Nelson Baskerville.
3. Aglaja (De ce fierbe copilul în mămăligă) é um filme HUN/POL/ROM de 2012, dirigido por Krisztina Deák, baseado neste livro.
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GilbertoOrtegaJr 02/06/2016

Por que a criança cozinha na polenta – Aglaj Veteranyi
Quando um escritor escolhe uma criança para narrar seu livro, ele acaba invariavelmente jogando com a inteligência do leitor, afinal vários acontecimentos narrados por crianças se atêm naquilo que acontece de fato, e uma criança busca poucas interpretações, cabendo então ao leitor interpretar o peso correto naquilo que foi narrado e o que realmente tem. Em outras palavras, ao decidir que uma criança será o narrador a escritora faz algo parecido como virar um binóculo ao contrário; o objeto (fato narrado) é o mesmo, o que muda é a distância (ou seja a capacidade do leitor de compreender as nuances envolvendo o fato), e este é caso daquilo que acontece no maravilhoso “Por que a criança cozinha na polenta” da escritora Aglaj Veteranyi.

O livro é narrado por uma menina, de idade não mencionada, a qual creio ter entre dez e treze anos, de forma não linear, e muitas vezes fragmentada ela vai descortinando sua vida e de sua família, que vivem em um circo viajando pelo mundo. A menina, que não é nomeada no livro, vive com sua tia, sua mãe (que se pendura pelos seus cabelos em um tipo de trapézio), seu pai (que é palhaço e acrobata no circo), sua irmã, apenas por parte de pai. O circo que eles integram viajam por vários países, fugindo de certa forma da Romênia, país, que no momento em que é contada a história, vive uma ditadura.

O livro possui quatro partes. Na primeira somos apresentados à família da menina e sua rotina, na segunda a menina e sua irmã acabam indo para um internato, na terceira parte a irmã da menina acaba saindo do internato, e a menina posteriormente vai embora de lá com sua mãe, que agora está separada do seu pai, e juntas elas percorrem algumas cidades, nas quais a menina é explorada e trabalha em casas de shows, já na quarta e última parte a menina volta a passar um tempo no internato para estudar e tentar buscar uma formação e profissão para seu futuro.

É este olhar de criança, com sua inocência (se bem que a narradora em si é muito divertida) que narra um leque de violências e abusos na vida desta menina; brigas entre o pai e a mãe, possivelmente ela nunca frequentou uma escola antes do internato, fica subtendido que o pai abusa sexualmente da outra filha dele e tem intenções de abusar da que narra o livro também; falta de moradia, o peculiar hábito da família de matar e cozinhar frangos dentro dos quartos de hotéis, e por ai vai uma variedade de violência e crueldade da vida desta família que faria com que qualquer adulto fique pasmado e chocado.

Em meio a toda esta confusão o leitor tem em mãos uma joia literária onde o olhar de uma criança vai narrando a realidade que a circula de forma crua e direta, não tem como o leitor escapar desta crueldade que o livro possui, e o pior é justamente isso: uma criança a narra como é seu cotidiano, isso é preocupante; o momento em que tanto para a narradora quanto para o leitor estas violências narradas deixam de ser abusos ou violências e passam a constituir parte da rotina da personagem. Para se evitar isso sugiro uma pequena reflexão; lembre, se algum dia você já caiu em uma superfície áspera e se aranhou em vários locais, se isso te aconteceu é muito provável que você não tenha notado de uma só vez todos os locais machucados e sim após uma longa examinada em seu próprio corpo, o mesmo vale para o livro, não espere que logo após o final da leitura caísse a ficha de o quanto de crueldade que existe na vida desta menina, ao contrário quanto mais você pensar no livro e se distanciar dele por algum tempo melhor, você poderá perceber o quanto de violência e desolação está contido neste livro ao longo de suas 194 páginas, criando assim uma obra de beleza ímpar, onde em meio a tanto caos , aos pouco vai surgindo uma delicada voz de criança que acaba se elevando acima de tanta desolação e proporciona uma visão privilegiada desta família.

Por que a criança cozinha na polenta é o único livro publicado da escritora romena Aglaj Veteranyi, que escreveu mais outros dois livros, que nunca foram publicados, já que ela se matou em 2002. Vale lembrar que este livro é muito difícil de achar aqui no Brasil e foi publicado pela editora DBA, integrando a coleção risco: ruído, e ele vale todo o esforço que gastei em ir atrás, seja pela sua ótima história, cuidado e competência com o qual foi feito este livro.

site: https://lerateaexaustao.wordpress.com/2016/06/02/por-que-a-crianca-cozinha-na-polenta-aglaj-veteranyi/
Nanci 02/06/2016minha estante
Ótima resenha! Além de agradecer pelo seu texto, devo agradecer pelo livro também: seu empenho em encontrar um exemplar valeu em dobro ;)


Ana 02/06/2016minha estante
Muito boa resenha! Deu vontade de ler :)
Gostei do inicio, da função de usar uma criança como narradora - pena que muitas vezes fique caricato e perca o propósito


GilbertoOrtegaJr 02/06/2016minha estante
Ana, eu lembro que existiu no mercado editorial uma fase de livros narrados por crianças, como O caçador de pipas, amenina que roubava livros, o menino do pijama listrado ( que só vi o filme, e amém) acho que funciona como uma estratégia rasteira esta combinação de narrador criança em períodos tensos, joga com a empatia dos leitores e não com o senso critico.


Gláucia 02/06/2016minha estante
Excelente resenha! Também amei esse pequeno grande livro, que achado!
Foi muito dei´ficil conseguir?


GilbertoOrtegaJr 02/06/2016minha estante
Glau, ele sumiu por uns dois anos do EV eu não achava, ai este ano eu tinha dinheiro na mão e achei buscando pelo nome da autora, mas só constava este lá


Márcio_MX 03/06/2016minha estante
Bacana demais essa resenha.
Falando em crianças narrando, gostei de "Minha irmã mora numa prateleira", mas você é bem mais exigente que eu. Rs
Abraço


GilbertoOrtegaJr 03/06/2016minha estante
Não sou mais exigente, só odeio YA


Paty 08/07/2016minha estante
vou ler


Karolina Novais 09/02/2023minha estante
Oie, vc ainda tem esse livro? Gostaria de vender?


Ana 09/02/2023minha estante
Karolina, não tem .. o dele veio pra mim e anda não li ... vou resolver isso logo. rs Se vc não comentasse aqui não lembraria dele


Gláucia 12/02/2023minha estante
O meu dei pra Aline Aimée


GilbertoOrtegaJr 12/02/2023minha estante
Oi Karol, tenho um sim, tem interesse em trocar ?




Guilherme.Eisfeld 07/12/2022

Melhor leitura do ano até agora
Perturbador e bem construído. Aglaj apresenta uma voz infantil para relatar a crueldade de uma vida invisível, subalterna. Uma estrutura ruidosa que colabora com a temática da obra.
Karolina Novais 09/02/2023minha estante
Ola, estou atras desse livro para comprar


Guilherme.Eisfeld 09/02/2023minha estante
Olá Karolina. Eu comprei no site da editora DBA, mas acabei de conferir e ele não está mais disponível :(




Tito 22/06/2010

A crueza do mundo vista pelo olhar ingênuo, mas não mais inocente, de uma menina.
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regifreitas 08/09/2022

POR QUE A CRIANÇA COZINHA NA POLENTA (Warum das Kind in der Polenta kocht, 1999), de Aglaja Veteranyi; tradução Fabiana Macchi.

Embora sempre tenha negado, o romance POR QUE A CRIANÇA COZINHA NA POLENTA, tem fortes traços autobiográficos da sua autora, a romena Aglaja Veteranyi. Basta uma rápida consulta na internet sobre a sua vida para enxergar as similaridades com o vivido por Veteranyi.

A obra traz como narradora-protagonista uma menina, entre o final da infância e o início da fase adolescente. Ela é filha de pais artistas circenses - o pai, palhaço; a mãe, a mulher que se pendura pelos cabelos na 🤬 #$%!& pula, fazendo malabarismos com bolas, aros e tochas de fogo. A família não tem um endereço fixo, vaga de cidade em cidade, vivendo em toda a sorte de lugares. Os pais também são refugiados - autoexilaram-se do seu país, a Romênia, no início da ditadura Ceausescu.

Esta menina é dona de uma prodigiosa imaginação. Imaginação esta usada também como defesa contra o ambiente em que vive: existem passagens muito secas e tristes, filtradas através do olhar lírico dessa criança, mas que, mesmo assim, deixam entrever cenas de violência, abuso e até incesto. Servem de refúgio também, para essa menina, as noites preenchidas pelas histórias contadas pela irmã mais velha - principalmente a lenda romena na qual se cozinha uma criança na polenta.

Esta leitura me lembrou bastante de SE DEUS ME CHAMAR NÃO VOU, romance de Mariana Salomão Carrara, lido também este ano. Ambos trazem narradores crianças, donas de uma forma toda particular de enxergar e narrar o mundo no qual vivem. Crianças que vivem situações muito impróprias, tentando não se deixar consumir pelos males pelos quais passam. São obras belas e melancólicas, difíceis de digerir. Mas que devem ser conhecidas.
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Monique | @moniqueeoslivros 19/12/2021

Por que a criança cozinha na polenta
{Leitura 37 - 2021}
Por que a criança cozinha na polenta - Aglaja Veteranyi

Esse é com certeza um dos livros mais potentes que já li na vida. Um livro triste, mas de uma beleza sensacional.

A história é narrada por uma menina romena, cujos pais são artistas circenses. O pai é palhaço e a mãe se pendura pelos cabelos. Ela tem também uma meia-irmã mais velha, que toma conta dela enquanto os pais se apresentam.

A família não tem endereço fixo, e isso faz com que a menina comece a se questionar onde é o seu lar, onde ela pode se sentir em casa, e se o mundo é mesmo o seu lugar.

Emaranhado a isso, ela sofre abusos que não sabe identificar como tais. Para que a vida fique um pouco mais suportável, sua irmã conta pra ela, todas as noites, a história da criança que cozinha na polenta.

Um livro forte, com gatilhos, e com uma linguagem poética feroz. Essa história só é possível porque contada a partir da perspectiva de uma criança, não fosse isso ela seria um soco no estômago atrás do outro.

Por que a criança cozinha na polenta é um livro esgotadíssimo, e esse da foto nem é meu. Quem souber onde vende, ou se haverá alguma reedição, por favor, me avise porque eu quero muito!!!
Pandora 22/03/2022minha estante
Tem na própria editora.


Monique | @moniqueeoslivros 22/03/2022minha estante
Obrigada!!! Já garanti o meu!!!


Pandora 22/03/2022minha estante
De nada! :)




Pâmela 16/10/2022

Um livro bem diferente...
Gostei muito dessa leitura. No início parece ser algo rápido de ler, que não vai te custar mais do que algumas horas... Não é o que parece, o livro se torna pesado, difícil de ler, e incrivelmente triste.
É o relato de uma criança refugiada com situações bem inusitadas. Cheio de reflexões e frases muito marcantes.
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Gláucia 15/09/2014

Por Que a Criança Cozinha na Polenta - Aglaja Veteranyi
A jovem autora romena não gostava que dissessem que esse livro era autobiográfico, porém, ao se conhecer o mínimo sobre sua vida é difícil não traçar paralelos.
O livro foi publicado em 1999 e em 2002 ela deu fim à própria vida aos 39 anos.
O livro é narrado em primeira pessoa por uma menina cujos pais são artistas de circo e acabam fugindo da ditadura romena para a Europa ocidental em busca de uma vida mais confortável. Numa narrativa poética ela vai nos contando seus medos, principalmente o de perder sua mãe no picadeiro, e descrevendo a crueza do mundo em que vive. Nota-se bem a transição vivida por ela, marcando a perda precoce da inocência pueril. Belo e tocante, com frases curtas e secas que conseguem expressar tanto sentimento.
Destaque para uma espécie de poema da página 63 que a mim fez parecer que a ideia do suicídio já estava presente. Impressionou-me profundamente.

site: https://www.youtube.com/watch?v=zfJDCBndR08
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