Sâmella Raissa 24/12/2014Resenha original para o blog SammySacional
No livro de estreia de Viviane L. Ribeiro, temos a história de Gabriel, um rapaz já com seus vinte anos, filho de um importante médico e então magnata no ramo de órgãos artificiais que almeja em ver o único filho seguindo seus passos. Mas isso não acontece, uma vez que Gabriel prefere ocupar-se em viver a própria vida como ele sempre conheceu, entre os altos luxos com os amigos e corridas ilegais de carro por entre as noites. Ao conhecer Alicia, porém, naquele que seria mais um dia rotineiro e entediante na faculdade de engenharia, sua vida aos poucos começa a mudar, primeiramente por entre encontros de mera coincidência até que Gabriel realmente se verá ansioso por rever a garota misteriosa e encantadora que preenche os seus pensamentos. Justamente nesse mistério natural, Alicia esconde um detalhe que poderia fazer toda a diferença na relação de ambos - qualquer que seja ela.
À princípio, havia gostado muito da sinopse e dos comentários que Coração Artificial até então vinha ganhando entre alguns blogueiros, e ao surgir uma oportunidade de leitura, aproveitei-a. Trata-se de um enredo aparentemente clichê que, porém, é desenvolvido em meio a segredos e a vida caótica do protagonista, Gabriel, que através da narrativa em primeira pessoa, deixa claro ao leitor seus pensamentos e ideias. Demorei um pouco, porém, a me envolver com a história porque, apesar de Viviane escrever bem, Gabriel não conseguiu me cativar e eu realmente não estava simpatizando nada com ele - em alguns momentos, inclusive, cheguei a me irritar ou ficar com raiva de algumas de suas atitudes ou pensamentos, às vezes agindo de forma vazia e automática demais, sem me convencer ou ser, sequer, algo significativo no enredo.
"Às vezes, não há nada que você possa fazer, a não ser esperar."
Mas quando Alicia apareceu, pensei que a leitura fosse melhorar. A personalidade inicialmente tímida e visivelmente misteriosa da moça, aos poucos, infelizmente, apagou-se um pouco no enredo e acabou ficando ao mesmo patamar que Gabriel, com atitudes e falas automáticas que não me convenciam de verdade. Eu realmente tive problemas para conseguir me prender aos personagens principais e por conta disso, a leitura demorou a engrenar e a ser concluída - levando quase dois meses, digamos assim, com várias pausas entre a leitura. A história começou a sair dos trilhos, ainda, quando o próprio enredo começou a ficar ora rápido demais, ora lento demais. Além disso, o desenvolvimento de cenas e acontecimentos é monótono, os personagens secundários são vazios, sem qualquer preenchimento emocional palpável ou significativo para o enredo, que, definitivamente, me distanciaram ainda mais da leitura.
No entanto, a autora conseguiu atrair minha atenção e uma visível compreensão após fazer uma determinada revelação por entre a metade do livro, que definitivamente eu não esperava. Sobre o fato do protagonista, Gabriel, soar meio vago e sem expressão na história, além de agir meio que no automático ou no impulso em alguns outros momentos, a autora conseguiu contornar o fato - que, na verdade, mais pareceu ser proposital mesmo - ao fazer uma revelação que condiz com o que observei no personagem. Não sei realmente como uma pessoa assim age, mas até onde conheço, a autora conseguiu caracterizar muito bem o personagem e isso foi um ponto muito positivo para a leitura, pois era algo que eu não esperava mas que, felizmente, tinha muita coerência com o texto e conseguiu, no fim das contas, acalmar as minhas críticas, rs.
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