Well 11/03/2018
Um sucesso em sua época.
Henry R. Haggard foi um autor inglês, famoso ao final do século XIX, nascido em Norfolk e possuía vasta experiência em expedições africanas.
"Ela" foi publicado em 1887 e mesmo não sendo sua obra mais famosa, o qual parece ser "As minas de Salomão" publicado dois anos antes, essa também se tornou sucesso e teve boas vendas em sua época, talvez pela intensa curiosidade da sociedade vitoriana pelo "novo" continente africano.
Narrado em primeira pessoa por Horace Holly, um professor erudito de Cambridge; Após abrir o cofre deixado por seu melhor amigo para o filho, Léo Vincey, que foi criado por Holly, eles decidem se aventurar numa expedição pela África Oriental.
Os mistérios daquele cofre referia-se à escrituras ancestrais de supostos descendentes de Leo e suas tentativas de descobrir uma civilização africana governada por uma rainha branca que possuiria grandes e ocultos poderes.
E é em busca dessa localidade que eles se aventuram pelo continente.
Apesar desse livro ter sua importância na literatura, mesmo não sendo tão lembrado entre os clássicos vitorianos, influenciando muita gente famosa, ele também possui certo manequeísmo. O narrador/autor parece dividido entre o racismo explícito (ao mostrar a sociedade africana como selvagens) e a condescendência desse mesmo aspecto (ao mostrar alguns como bondosos, mas ainda assim selvagens, governados por uma branca - que, mesmo sendo a "vilã" ainda assim branca, portanto a raça soberana e digna de governar os demais).
O pensamento da época poderia ser esse, entretanto o autor poderia ser mais mente aberta, mas não vamos se aprofundar nesse quesito, pois em nenhum momento o autor relata alguma injúria racial de forma explícita. Dito isso, um ponto chato do livro é sua prolixidade, a descrição excessiva parece didática em mtos momentos, não me fez imergir na trama, ainda mais com as medidas britânicas (jardas, polegadas e etc.) que Haggard utiliza com mta frequência.
A partir da metade do livro, quando Ela finalmente aparece, o livro adquire um ar mais empolgante, com frases inspiradas e cheias de tiradas filosóficas. A escrita é bem estruturada, digamos que ok, em termos literários.
Acredito que essa aventura, por seu viés cinematográfico ficaria bem melhor na tela grande, com todos aqueles detalhes massantes em imagens (existem dois filmes baseados no livro); ou em um livro reduzido, como aquelas versões para adolescentes. Aliás, se assim o fosse seria um ótimo atrativo literário para essa faixa etária, mas nada impede desse público também o ler da forma que está.
Mas, recomendo paciência para encarar essa obra ou um fôlego mais rápido que o meu, para lê-lo de uma sentada só. Um livro não tão empolgante, mas indicado para quem gosta de aventuras exploratórias de modo geral.