Biblioteca Intempestiva 01/09/2020
Weber, Max. A ética protestante e o "espírito do capitalismo." São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
Este livro faz parte da categoria das obras clássicas do pensamento científico da modernidade. Ela é para a sociologia o que 'A origem das espécies', de Darwin, é para a biologia, ou 'A interpretação dos sonhos', de Freud, para a psicanálise: um livro inaugural, um marco ao qual sempre se convém retornar.
Lançado em 1904-5 e ampliado em 1920, ele procura compreender um fenômeno na passagem do século XIX para o XX: o desenvolvimento capitalista dos países de confissão protestante entre os proprietários do capital, empresários e integrantes das camadas superiores de mão-de-obra qualificada.
Weber procurou responder a essa questão articulando conceitos da então nascente sociologia alemã com a velha ideologia protestante, para que o capitalismo fosse compreendido não em termo estritamente econômicos e materiais, como um modo de produção, mas como um "espírito", uma cultura, uma conduta de vida cujos fundamentos morais estão enraizados na tradição religiosa dos povos de tradição protestante puritana.
Num texto breve e de escrita límpida, Weber identificou a gênese da cultura capitalista moderna nos fundamentos da moral puritana. O método exemplar e o rigor da análise que se vêem aqui, fizeram que o autor seja considerado um dos 3 grandes pilares da sociologia moderna, ao lado de Durkheim e Marx.
O livro ressou nas ciências humanas do século XX e chegou aos cem anos em pleno vigor mas universidades de todo o mundo.
O leitor brasileiro, agora tem a oportunidade de ler uma tradução como esta, feita a partir de um cotejo do texto de 1904-5 com o de 1920.
Não se trata, portanto, de mera celebração do surgimento de uma obra fundamental, mas de um releitura atenta e amorosa, feita por um grande especialista em sociologia das religiões.
"Uma coisa antes de mais nada era absolutamente nova: a valorização do cumprimento do dever no seio das profissões mundanas como o mais excelso conteúdo que a auto-realização moral é capaz de assumir."
Max Weber nasceu em Erfurt, na Alemanha, em 1864, e morreu em Munique, em 1920, pouco antes da publicação da 2° edição da obra.