O enigma de Espinosa

O enigma de Espinosa Irvin D. Yalom




Resenhas - O Enigma de Espinosa


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Carlos531 13/01/2022

Obra incrível
Fiquei bastante emocionado ao ler esta obra. Embora conheça os dois fatos históricos abordados no livro.
RhD 13/01/2022minha estante
Li "Quando Nietzsche chorou" quero ler "A cura de Schopenhauer"


Carlos531 13/01/2022minha estante
Eu o indico " O enigma de Espinosa" a obra traz uma temática muito forte: a biografia de Espinosa de forma Romântica, seus principais fundamentos que o fizeram ser expulso da comunidade judaica e suas influências para seus pensamentos racionalista. Por outro lado, Alfred Rosenberg, o principal teórico do Nazi-facismo alemão, conselheiro pessoal de Hitler, responsável por milhões de mortes judias, propagou as ideias do antisemitismo. Não se sabe bem porque Rosenberg invadiu pessoalmente a biblioteca de Espinosa, roubou as obras do museu, porém os protegeu e não queimou como de costumo, afinal, Espinosa era judeu e Rosenberg Nazista. Aí está o Enigma. Fora os vários diálogos filosóficos a vida e a forma como lidamos com nossas raízes. Vale a pena


RhD 13/01/2022minha estante
Legal!! Obrigado por compartilhar


Carlos531 13/01/2022minha estante
???




Elisa 16/10/2014

Um dos documentos utilizados como prova, após a II Guerra Mundial, no tribunal de Nuremberg, contra Alfred Rosemberg, foi um relatório sobre a apreensão que fez de todos os livros pertencentes à Spinozahuis, ou casa de Espinosa, museu que abrigava uma representação fiel de quase todos os livros originalmente pertencentes à biblioteca pessoal do filósofo Holandês. Segundo o relato do oficial que o acompanhou no dia, Rosemberg alegou precisar dos livros para resolver o "problema de Espinosa" - e é a partir daí que se iniciam as especulações históricas as quais constroem o enredo do livro.

A ideia principal do livro foi boa, realmente boa. Rosemberg sempre teve um problema de auto-estima e, a fim de aplacar suas dores emocionais, teria recorrido à mais famosa obra de Espinosa, Ética, a qual teria também aplacado os dramas internos do grande escritor alemão Goethe. É claro, isso seria um enorme paradoxo, visto que Espinosa nasceu judeu e Rosemberg foi um dos maiores pregadores da ideologia anti-semita. Por isso, Rosemberg teria se agarrado a ideia de que Espinosa, na verdade, não podia ser mais do que um grande plagiador - e que melhor maneira ele teria de descobrir a verdade que não analisando os livros que o pertenciam?

Porém, a trama da história carece daquela típica construção desenvolvimento/clímax/desfecho, o que torna a leitura, em sua grande parte, extremamente chata. Em alguns livros isso pode até funcionar, mas este não foi o caso. A maior função do livro, afinal, seria uma obra de fácil entendimento sobre a filosofia de Espinosa, uma vez que romances são muito mais facilmente digeridos pelo cérebro do que textos acadêmicos, mas ficou mais parecendo um livro de história com informações hipotéticas.
Lucas 26/01/2015minha estante
Isto apresentado por ti é uma resenha? Eu imagino que não, o conceito e a organização textual de uma resenha não consigo de maneira alguma distingui-la. Compreende o que eu digo, não digo isso por mal.


Elisa 27/01/2015minha estante
Lucas, ficarei feliz em corrigir meu texto se você me apontar os erros de forma clara, mas, até onde eu aprendi na escola e li ultimamente, isto foi uma resenha, sim. Apresentou um resumo simples da história e minha opinião sobre ela; se estas não são as características de uma resenha, quais são?


Cesar.Ming 10/02/2018minha estante
Olá, não acho este livro nas livrarias para comprar. Toparia vender seu usado? Obrigado. César




Daniella 22/10/2015

Recomendo!
O livro tem ritmo lento no início, quando os personagens estão sendo apresentados, mas a partir da metade torna-se envolvente e recompensa o leitor que persiste.
Embora seja uma ficção a partir de fatos e ideias reais, fica o sentimento que os protagonistas vivenciariam as situações conforme descritas.
É uma introdução acessível às ideias complexas de Espinosa e uma reflexão sobre as condições que levaram ao holocausto.
Recomendo!
Vera 05/11/2015minha estante
E a nota?


Cesar.Ming 10/02/2018minha estante
Olá, não acho este livro nas livrarias para comprar. Toparia vender seu usado? Obrigado. César


Daniella 11/02/2018minha estante
Oi, César! Foi um empréstimo na época, então infelizmente não tenho como te atender. Abraços!




Pereira 01/03/2015

Razão e Paixão
"A razão não é forte o bastante para enfrentar a paixão... A única maneira de nos libertarmos das armadilhas da paixão, é transformando a razão em uma paixão.". Com essa teoria o autor permeia duas épocas bem diferentes e, em paralelo, tece a trama dessa incrível obra. Tendo esse par como foco, ele busca uma explicação, mesmo que quase impossível, para o entendimento de algumas atrocidades históricas.

É notório que não existe ganho sem perda. Mas o perfeito equilíbrio entre razão e paixão pode amenizar bastante esse prejuízo.

A paixão é o nosso combustível para o prazer pessoal diário. Sem ela seríamos como zumbis. Não viveríamos... Apenas sobreviveríamos. Infelizmente não a podemos criar. Felizmente ela é mais comum do que pensamos. Pode surgir de repente na figura de uma pessoa, ou acontecer naturalmente na execução de uma determinada atividade.

Outrossim, a NÃO necessidade de reciprocidade é o que faz esse sentimento tão nobre e importante. A pessoa pode até não saber que você existe e que nutre algum tipo de admiração. A coisa inanimada nem essa faculdade possui. Não interessa! O sentimento vai estar ali... Injetando ânimo em você. Tornando possível a satisfação pessoal.

Entretanto, quando nos deparamos com algo ou alguém que é a fonte dessa paixão, tendemos e, na maioria das vezes, fazemos coisas desarrazoadas. A quantidade e o grau de temeridade dessa atitudes é que proporcionam o equilíbrio. É impossível encontrar a paixão e manter a normalidade, ou não aumentar o nível de loucura.

Quando enveredamos pelo caminho da paixão cega, esquecendo o mundo ao redor, produzimos dor e danos a nós mesmos e aos outros que nos cercam. Todavia, se lidamos com a situação de forma natural, reconhecendo sua força em nos trazer alegria, atingimos o patamar da satisfação pura.

Assim como a luz precisa da escuridão para ter importância, a razão precisa da paixão para ser desfrutada na sua essência. Reconhecer o que nos faz bem é tarefa simples. Manter essa situação por um longo período de tempo já não é tão fácil.

A razão pode ser concebida como o fim por si só, já a paixão é a ferramenta perfeita para o execução desse objetivo.

Dennis.Pereira 17/12/2015minha estante
Falou bonito, mas não disse porra nenhuma! Use menos tempo escolhendo palavras "elegantes" e mais esforço com a qualidade do conteúdo. Seu basal... Lugar de DJ Pereira é no Detona Funk


Cesar.Ming 10/02/2018minha estante
Olá, não acho este livro nas livrarias para comprar. Toparia vender seu usado? Obrigado. César




Bruna 05/01/2016

Vou começar de maneira conclusiva,um dos melhores livros que já li.
Nesse livro Yalom fala sobre a vida do filósofo judeu Baruch Espinosa, excomungado pelos judeus,privado de convívio com a sociedade, e sua família.
Seu crime? Ter ideias sobre um Deus que se resume à natureza, para ele tudo que acontece segue as leis da natureza "Um Deus que não joga dados com o universo" .
Yalom sempre quis escrever sobre Espinosa (Bento) mas pouco se sabia sobre ele,não teve amores,vivendo de forma contemplativa e reservado.
Foi no museu de Espinosa, pesquisando, que ficou sabendo que o nazista Alfred Rosenberg braço direito de Hitler havia roubado toda obra de Espinosa.
Pronto! Estava traçado o Enigma de Espinosa,partindo dessas informações Yalom brilhantemente contou sua história misturando realidade e ficção.
Alfred odiava os judeus e venerava o filósofo Goethe, então para ajudar Alfred seus professores pediu que ele estudasse Espinosa que era o filósofo que inspirou Goethe, e entender porque Goethe admirava o filósofo judeu Espinosa, partindo desse ponto temos duas histórias contadas em dois tempos diferente, as influências da leitura,quem nos inspira,o nazismo movido por ódio, as religiões punindo,discriminado e mantando por ideologia religiosa e tradições.
É um livro com diálogos que transcende uma mente limitada,reflexão em cada parágrafo.
Yalom um psiquiatra que fala filosoficamente nos levando a conhecer um pouquinho dos grandes filósofos.
Cesar.Ming 10/02/2018minha estante
Olá, não acho este livro nas livrarias para comprar. Toparia vender seu usado? Obrigado. César


Valéria 22/04/2018minha estante
Olá Cesar.Ming, achei esse livro pra comprar na Amazon




jota 26/03/2019

Ataraxia...
Irvin D. Yalom se vale de documentos históricos e recursos ficcionais para retratar dois personagens que existiram de fato, um do bem e outro do mal: o filósofo português de origem judaica nascido na Holanda, Baruch (ou Bento) Espinosa (1632-1677), e Alfred Rosenberg (1893-1946), conselheiro de Hitler e o principal teórico do nacional-socialismo. Mais de trezentos anos separam os dois homens; a conexão entre eles se deu através de outro famoso escritor e pensador, o alemão Johann Wolfgang von Goethe, ou simplesmente Goethe (1749-1832), grande admirador de Espinosa.

Resumindo bastante a trama de O Enigma de Espinosa: Rosenberg, para quem Goethe era uma das maiores expressões da raça e do pensamento ariano, não conseguia entender como o gênio alemão pudesse um dia ter admirado Espinosa, se inspirado na filosofia de um membro da raça inferior que os nazistas estavam determinados a exterminar não apenas na Alemanha, mas da face da Terra. Toda essa história nos é contada por Irvin D. Yalom num volume de cerca de quatrocentas páginas dividido em trinta e três capítulos, um epílogo e mais um adendo: Fato ou Ficção? Esclarecendo as Coisas. Nos capítulos ímpares temos a história de Espinosa, nos pares, a de Rosenberg, tudo muito fácil de acompanhar. E sempre narrado de modo interessante.

Quem leu o best-seller Quando Nietzsche Chorou não vai estranhar tanto assim essa outra narrativa de Yalom. Se as ideias nazistas todos conhecemos facilmente e as abominamos, Espinosa, no entanto, não é um filósofo fácil de se ler e entender, tal qual Nietzsche. Através dessa obra Yalom resume os principais pontos do pensamento do autor de Ética e Tratado Político. Obras que o tornaram um dos mais originais pensadores do mundo ocidental, mas consideradas heréticas por muitos desde o início. Desse modo, Espinosa foi rejeitado por sua própria comunidade em Amsterdã e mesmo excomungado depois, com severas restrições. Suas principais ideias são aqui demonstradas didaticamente, através de diálogos mantidos com outros personagens (nesse caso eles são fictícios, mas podem ter ocorrido, conforme é destacado no adendo Fato ou Ficção) ou da reflexão do próprio personagem.

Espinosa em certa medida é um pensador cartesiano, pelo modo de expor suas ideias, mas outro filósofo, porém da Antiguidade Clássica, o grego Epicuro, é que é citado muitas vezes por tê-lo influenciado com seu conceito de "ataraxia", que seria a obtenção do prazer mediante a prática da virtude, que acreditava ser o único bem superior do homem. Espinosa nunca se casou, vivia e se alimentava simplesmente, fabricava lentes para microscópios e telescópios para se sustentar, sobretudo almejava a paz de espírito, a tranquilidade, a calma, a eliminação das preocupações, da ansiedade (todos sinônimos de ataraxia), buscava insistentemente esse estado de coisas para si. No entanto ele é considerado um filósofo revolucionário, um demolidor de superstições (basicamente de crenças religiosas) porque não acreditava, entre outras coisas, que o Antigo Testamento pudesse ter a antiguidade que lhe conferia a tradição teológica.

Segundo ele a Bíblia não passava de uma série de livros escritos por homens e não uma obra de revelação divina. E Deus, quem seria? Deus é Natureza e a Natureza é Deus, substância única. Neste trecho, através de Yalom, claro, Espinosa explica a um seguidor o que entende por Natureza (Deus):

“Não me refiro a árvores, florestas, relva, oceano ou qualquer outra coisa que não seja feita pelas mãos do homem. Refiro-me a tudo que existe: a uma unidade perfeita, absolutamente necessária. Por “Natureza” designo o que é infinito, uno, perfeito, racional e lógico. A causa imanente de todas as coisas. E tudo que existe, sem exceção, funciona de acordo com as leis da Natureza. Portanto, quando falo de amor à Natureza, não estou me referindo ao amor que você sente pela sua esposa ou pelo seu filho. Estou tratando de uma forma diferente de amor, um amor intelectual. Em latim, a formulação que adoto é Amor dei intellectualis.” Entendeu?

Desse modo, não existe criação, Adão e Eva, e mais: religião não combina com filosofia e quando aliada ao Estado a religião constitui uma ameaça à liberdade de pensamento, acreditava Espinosa. Com esse ponto o nazista Rosenberg concordava plenamente, com outros também, vamos descobrindo durante a leitura. Quando da invasão alemã da Holanda ele se incumbe de saquear a biblioteca de Espinosa, quer conhecer e possuir todos os volumes que o filósofo reverenciado por Goethe teve em mãos um dia, resolver o enigma que dá título a mais um saboroso livro do psiquiatra e escritor Irvin D. Yalom.

Lido entre 19 e 26/03/2018. Minha avaliação: 4,5.

coisas_lidas 23/07/2019minha estante
Resenha exemplar. Parabéns.


jota 23/07/2019minha estante
Obrigado!




Fael 26/08/2016

Para amantes da psicologia, de história.

Vale a pena, mas para quem não gosta de um livro com ritmo lento pode achar chato em algumas partes
Yalom é um dos melhores escritos da psicologia e ficção.
Cesar.Ming 10/02/2018minha estante
Olá, não acho este livro nas livrarias para comprar. Toparia vender seu usado? Obrigado. César




Cláudia 08/02/2017

Bento, Baruch, Benecditus? Tanto faz... Espinosa!
Eu já tinha conhecimento de algumas coisas sobre os pensamentos de Bento Espinosa, mas fui agradavelmente surpreendida com suas ideias. Há tanta coisa que concordo que podia jurar que em algum momento tínhamos nos encontrados e trocado experiências! Algo bom demais de se ler.
"O Enigma de Espinosa", de Irvin D. Yalom, Editora Agir, é um livro surpreendente, de natural beleza e ideias avançadas em pleno século XVII. Tão avançadas que esse judeu de raízes portuguesas foi descomungado da comunidade judaica proibido de ter qualquer contato com qualquer membro dessa comunidade, inclusive amigos e familiares! Nenhum judeu deveria ler o que ele escrevia ou chegar a menos de 4,5m da sua presença física.
Yalom faz uma ponte simultânea entre nosso filósofo e Alfred Rosenberg, um servo fiel de Hitler, antissemita e principal responsável pela política racial do III Reich.
Que interesse misterioso teria Rosenberg pelos livros do pensador à ponto de confiscar todos os exemplares do Museu de Rijnsburg (Holanda) e não queimá-los, como era de padrão? Por que foi alegado que aquelas obras serviriam para o estudo do "problema de Espinosa"?
O tal relatório sobre os saqueamentos de Rosenberg, podemos encontrar na internet, ele está entre os documentos oficiais do julgamento de Nuremberg.
Para responder essas e outras perguntas, nosso autor constrói com uma maestria narrativa ficcional em que vai intercalando supostos acontecimentos da intimidade do filósofo santo e iconoclasta e do cruel assassino em massa, numa história sobre as origens do bem e do mal, sobre a filosofia da liberdade e a tirania do terror.
Irvin passou anos estudando a vida de Espinosa, o filósofo o intrigava - era só no mundo, sem família, sem fazer parte de qualquer sociedade - um filosofo que escreveu livros que mudaram o mundo de forma efetiva. Ele antecipou a secularização, o Estado liberal-democrático e a ascensão das ciências naturais, preparando assim o terreno para o Iluminismo.
O fato de ter sido excomungado pelos judeus aos 24 anos e censurado pelos cristãos pelo resto da vida sempre fascinou o escritor - e eu, de passagem! Essa estranha identificação com Espinosa acabou sendo reforçada quando Irvin ficou sabendo que Einstein, um dos seus primeiros heróis, era espinosista. Sempre que ele falava de Deus, era o Deus do Espinosa que se referia - "um Deus inteiramente equivalente à natureza, que inclui toda substância e que NÃO joga dados com o Universo" -, um Deus que significa que tudo acontece, sem exceção, e segue as imperturbáveis leis da natureza.
Irvin escreve um romance de ideias, assim como fez em seus livros anteriores sobre Nietzsche e Schopenhauer.
O livro é um enigma do começo ao fim, tem muita história consistente tanto sobre o que foi a vida do filósofo e sobre a Segunda Guerra Mundial.
Rosenberg também é um personagem importante, real e problemático.
O livro é uma "dança" de ideias emblemáticas, que só vai acrescentar e nos fazer refletir sobre tantas coisas injustas que acontecem desde que o mundo é mundo e lançar sobre nossos ombros uma luz; a luz que TODOS deveriam usar com consciência, mas em inúmeras vezes faltam-nos coragem, atitude, ou pior, medo.
Um livro com a história de um filósofo que viveu no século XVII, mas na verdade tão atual. Tão visionário.
Para quem gosta de Filosofia, mas "foge" dela por motivos óbvios: o seu grau de dificuldade, tá aí um livro que vai faze-lo entender as ideias de um dos maiores filósofos do século XVII de uma forma "descomplicada".
Se eu já gostava de suas ideias, agora posso defendê-las com certo grau de entendimento e ideias para me apoiar, afinal, estamos falando de Bento Espinosa, ou se preferir, em hebraico, Baruch Espinosa, ou em latim Benecditus Espinosa.
Boa leitura!

site: http://umolhardeestrangeiro.blogspot.com.br/2016/04/bento-baruch-benecditus-tanto-faz.html
Cesar.Ming 10/02/2018minha estante
Olá, não acho este livro nas livrarias para comprar. Toparia vender seu usado? Obrigado. César




Val 22/11/2017

A Melhor Defesa de Deus.
Pare de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a Minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Baruch Spinoza, ou Bento Espinosa em sua língua mãe, fundador do racionalismo e da moderna filosofia, sempre foi um contestador das religiões. Não por ser ateu. Ele sempre acreditou no Criador, mas de uma forma natural, pura, sem vícios humanísticos como a prevalente nas igrejas, templos e sinagogas. Filho de família judaica portuguesa, nascido e criado em Amsterdã, favorito do rabino por sua inteligência, desde cedo começou a contestar as cerimônias da sinagoga e a dar interpretações corretas, simples e racionais aos textos religiosos. Excomungado do judaísmo holandês, viveu como artesão, professor livre de teologia e como filósofo. Por seu racionalismo, fundou o criticismo bíblico moderno. Sua definição de Deus – abaixo reproduzida - deixa bem claro o posicionamento de sua escola. O difícil, sem dúvida, é contestá-lo sem esbarrar na religiosidade e, portanto, no sentimentalismo religioso e no interpretativo fantasioso.

Esta introdução faz-se imperativa para abordarmos mais uma obra excepcional de Irvin D. Yalom intitulada “O Enigma de Espinosa”. Este escritor judeu americano, psicoterapeuta e fascinado estudioso de filosofia que escolheu estudar medicina por se sentir mais perto de Dostoievsky ou de Tolstoi, não poderia deixar de ser, assim, um grande escritor.

De fato, nesta obra adentramos nas vidas de duas personagens centrais – e reais -, por um lado temos Bento Espinosa – como dito acima - e por outro, Alfred Rosenberg, um forte ideólogo e criador de algumas das principais crenças do Nazismo, com uma estranha fascinação por Espinosa. Ambos, com o liame do grande poeta Goethe como um enigma. Os capítulos vão alternando entre as vidas dos dois protagonistas e, ao explorar a de Spinoza, nos é permitido penetrar em seus pensamentos e ideias, como também mergulhar numa época conturbada, com a inquisição perseguindo os judeus por toda a Europa, mas especialmente pelos governos ibéricos e luteranos alemães. Já na abordagem da vida de Rosenberg, é explorada a sua personalidade e pensamentos, a sua interação com Hitler, além de episódios decisivos para a ascensão do nacional-socialismo na Alemanha. A forma que o autor cria diálogos ficcionais entre as personagens (que retratam pessoas reais) é credível, a narrativa explora diversos tópicos, onde podemos encontrar filosofia, psicologia, teologia, historia e política, além de termos apresentada uma dualidade de conceitos, pelo meio da narrativa, e ainda nos deparamos com fatos históricos passados no século XVII e no século XX.


Desta forma, Yalom explora a mente de dois homens separados por trezentos anos, dois homens que mudaram o rumo do mundo, as vidas interiores de Espinosa, o virtuoso filósofo secular, e de Rosenberg, o ímpio assassino de massas. Yalom tem um talento único para personificar de forma inesquecível os maiores pensadores da História. Deixa-nos fascinados e os seus livros marcam-nos para sempre, como são o caso dos best-sellers “Quando Nietzsche Chorou” e “A Cura de Schopenhauer”.


O Deus cósmico e universal de Espinosa

Em seu “Livro I da Ética e no Tratado sobre a Religião e o Estado”, Espinosa delineia a sua concepção de um Deus despersonalizado e geométrico, contrária a todas as formas de se idealizar Deus como uma espécie de entidade, oculta e transcendente, que age conforme os seus desígnios e a sua vontade suprema. Vejamos:
“Pare de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que eu fiz para ti.
Pare de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde eu vivo e aí expresso meu amor por ti.
Pare de me culpar da tua vida miserável: eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.
Pare de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho..., não me encontrarás em nenhum livro!
Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho? Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor. Pare de me pedir perdão. Não há nada a perdoar.
Se eu te fiz, eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se eu sou quem te fez?
Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.
Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.
Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.
Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse, como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei.
E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?
Pare de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.
Pare de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Aborrece-me que me louvem. Cansa-me que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Sentes-te olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.
Pare de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas.
Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro... Aí é que estou batendo dentro de ti.

Baruch de Espinosa (1632-1677)

site: http://contracapaladob.blogspot.com.br/
Cesar.Ming 10/02/2018minha estante
Olá, não acho este livro nas livrarias para comprar. Toparia vender seu usado? Obrigado. César




Sapere Aude 22/08/2021

Interessante introdução ao Pensamento de Spinoza
?Permita-me amar a Deus do meu próprio jeito?. Essa é a maneira sedutora e encantadora que Spinoza nos propõe a ideia do divino, um Deus inteiramente equivalente à natureza e que não joga dados com o Universo. A potência de Deus é a sua própria essência!

Einstein era espinozista e quando interpelado sob a crença em Deus, afirmava: ?acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, não no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens?.

Baruch Espinosa, filósofo judeu do século XVII responsável por obras que revolucionaram o pensamento ocidental ? e o fizeram ser excomungado da comunidade judaica aos 24 anos.

A anátema de expulsão é forte e de 27/07/1656: ?maldito seja de dia e maldito seja de noite, maldito seja em seu deitar e levantar, ao sair e ao entrar? Que não queira Adonai perdoa-lo mas antes inflame-se o seu furor e rigor sobre esse homem e lancem contra a ele todas as maldições escritas no livro desta Lei. E que Adonai apague o seu nome de sob os céus?. Por que? Spinoza acreditava que as palavras da Torá não deviam ser interpretadas ao pé da letra e sim no contexto das épocas. A superstição e a razão nunca andaram juntos. Falsas ideias propiciam um consolo frágil e falso

Sua ética se divide em cinco partes: Deus; a natureza e a origem da mente; a origem e a natureza dos afetos; a servidão humana ou a força dos afetos e; a potência do intelecto ou a liberdade humana.

Neste livro, Yalom construiu uma narrativa ficcional em que intercala supostos acontecimentos da vida do filósofo iconoclasta e a do cruel assassino em massa Rosenberg, em uma história sobre as origens do bem e do mal, a filosofia da liberdade e a tirania do terror.

Em 1942, a força-tarefa de Alfred Rosenberg, servo fiel de Hitler e principal responsável pela política racial do Terceiro Reich, confiscou toda a obra de Spinoza. Que interesse um oficial nazista teria pelos livros de um pensador judeu? Por que o governo hitlerista não os queimou, como fez com tantas outras obras em vários lugares da Europa? O que seria ?o problema de Spinoza?, utilizado como motivação para o regime estudar e preservar seus livros?

Há interessantes diálogos estoicos e epicurista, a ataraxia, a harmonia ou a condição imperturbável da alma. Em se tratando dos objetivos geradores, sempre que um é atingido gera necessidades adicionais. Quanto mais se corre, mais se busca, ad infinitum. O verdadeiro caminho para a felicidade imperecível, está em outro lugar qualquer não em objetos perecíveis. Não está fora, está dentro. Está na mente o que determina o que é assustador, o que não vale nada, o que é desejável ou valiosíssimo, e, portanto, apenas nela que pode ser modificado.

Como pode haver harmonia interior em alguém que não é fiel a si mesmo? A busca das riquezas, reputação e indulgência nos prazeres sensuais estão condicionadas:
(1) parecem provir do fato de a felicidade ou a infelicidade consistirem somente numa coisa, a saber, na qualidade do objeto ao qual aderimos pelo amor; (2) nunca nascem brigas pelo que não se ama, nem haverá tristeza se perece, nem inveja se é possuído por outro, nem temor nem ódio e, para dizer tudo em uma só palavra, nenhuma comoção da alma; (3) o amor de uma coisa eterna e infinita alimenta a alma de pura alegria, sem qualquer tristeza, o que se deve desejar bastante e procurar com todas as forças.

Spinoza era um universalista. Seu amor intelectual por Deus, amor dei intellectualis, se expressa: ?amar algo que é imutável e eterno significa que você não está sujeito a caprichos, inconstâncias ou a finitude do ser amado. Não se deve tentar se completar por meio de outra pessoa. Não se deve esperar reciprocidade?.

Sejamos como Spinoza, que o desejo de continuar florescendo, impulsione todos os nossos esforços!

Carlos Roberto de Souza Filho, 22/08/2021.
Igorvinsky 22/08/2021minha estante
Muito gostosa tua resenha, Carlos. ;)




Biblioteca Álvaro Guerra 11/05/2018

Nesse livro, o autor constrói uma narrativa que entrelaça ficção e realidade para investigar a vida de dois homens separados por trezentos anos - o filósofo judeu do séc. XVII Baruch Espinosa e o oficial nazista Alfred Rosenberg - , em um romance que explora as origens do bem e do mal, a filosofia da liberdade e a tirania do terror.

Empreste esse livro na biblioteca pública

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788522011803
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Matheus.Correa 04/02/2024

A História é a ficção que aconteceu
Primeiro contato com o autor e não poderia ter sido de melhor forma. Ver uma obra de ficção usando duas figuras tão antagônicas e de caráter tão discrepante me fez pensar em que terras eu estaria pisando e deixe-me te contar uma coisa, nas melhores terras possíveis.
A obra nos traz o enigma que é a obsessão de Alfred Rosemberg, um nazista que assustava até nazistas com o seu antisemitismo, e o grande filósofo Bento Espinosa, antigo Baruch. Ver um personagem que odeia judeus pela peste literária que entrou em território europeu, com aspecto doutrinário a partir de emoções e paixões sem base alguma em evidências, é um grande contraste com o filósofo citado. Bento sempre foi racional e questionador. Buscando sempre confrontar verdades absolutas e a superstição religiosa. Ver de um lado alguém tão cético ao aspecto metafísico e alguém tão vinculado a sua causa como se fosse uma religião, me impulsionou a questionar tudo.
O autor pelo seu amplo conhecimento como pesquisador e médico, traz debates e diálogos incríveis que tangem a uma aula de filosofia bem detalhada e consolidada com esmero.
Recomendo fortemente leitura. É uma experiência que garanto que sairá muito mais cheio do que você poderia esperar.
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Elania 12/04/2020

O enigma de Espinosa
Irvin D. Yalom
@editoraagir / 201

"A história é a ficção que aconteceu. A ficção é a história que poderia ter acontecido." ANDRÉ GIDE .

É essa a base dos livros de Irvin D. Yalom, um dos meus autores favoritos.
Irvin traz grandes personalidades para suas obras com grande maestria e mescla isso com fatos históricos e conhecimento profissional e intelectual. .
.
Em o *Enigma de Espinosa* ele aborda fatos ocorridos na vida de Espinosa intercalado com a vida de Alfred Rosenberg.

ESPINOSA - filósofo que foi excomungado da sua comunidade religiosa (judaica) por apresentar ideias diferentes acerca de Deus.

ROSENBERG - alemão, nazista, antissemita que desde cedo sempre carregou um ódio irracional para com os judeus a ponto de se aliar a Hitler. Um parasita sem personalidade e que vivia de migalhas de reconhecimento por parte do Seu ídolo.

Comentários
O livro é maravilhoso....não poderia ser diferente. E como todos os outros livros que li do Irvin, esse também nos traz grandes personalidades, grandes histórias, muita reflexão e conhecimentos históricos, filosóficos e como Irvin aplica sua área de conhecimento -a psicanálise.

#books #psicanalise #2guerramundial #filosofia #psicologia #judeus #nazismo
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Rafael 01/11/2020

APAIXONANTE
É um romance tão bom que eu já reli ele umas mil vezes .
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