sagonTHX 20/07/2011FIEL OU INFIEL, EIS A QUESTÃO!!!!!John Wells ou Jalal?
Você nasceu em Hamilton, Montana. Seu pai já é falecido e você, filho único, vive com a mãe. Casa-se com Heather, com a qual tem um filho, Evan. Você se torna agente da CIA. Logo depois, está de partida para o Afeganistao para uma missão altamente secreta: infiltrar-se no seio al-Qaesda, a maior organização terrorista do mundo. Você deixa tudo para trás: esposa, filho, mãe, amigos, o padrão de vida norte-americano para assumir uma outra identidade. Para poder se infiltrar entre os terroristas, no noroeste do Afeganistão, você terá de abraçar integralmente o modo de vida deles. O que significa tornar-se um muçulmano, um adépto fervoroso da ortodoxia do Islã e do Alcorão. Os anos passam e a vida que você conhecia, a vida de John Wells, vai ficando mais vaga e remota na memória. Em alguns momentos você não sabe discernir se é John Wells, o agente da CIA infiltrado na célula terrurista, ou se é Jalal, o terrorista convícto. Então, quase 10 anos após o 11 de setembro, surge uma nova e terrível ameaça terrorista. Um plano ambicioso que Omar Khadri, um dos tentáculos de Bin Laden nos Estados Unidos, pretende perpetrar a qualquer preço. Você é convocado por Ayman al-Zawahari, o braço direito de Bin Laden, para ser o mártir a deflagrar esse novo ataque contra os infiéis. Você está comprometido... Você assumiu o Islã como um moodo de vida... Você é Jalal... ou você ainda é John Wells? O espião ou o terrorista?
De que lado você está?
Este é o cerne de O Espirão Fiel, um romande de espionagem que, seguramente, fará você refletir sobre muitos aspectos da nossa vida cotidiana e, acima de tudo, a levantar a seguinte questão: até que ponto a religião pode e deve ser usada, ainda nos dias de hoje, para justificar atos abomináveis de destruição em massa?
Mas não se iluda. O Espião Fiel não é somente um romande de espionagem. É, também, um livro que contém uma boa dosagem de romantismo, suspense, assassinatos, ação, drama, fé, religião, política... A narrativa não é fantasiosa como, geralmente, vemos nos filmes de James Bond e similares. Alex Berenson prima por um encadeamento narrativo mais realista, obviamente centrado em suas experiências jornalísticas. Desta forma, a história desse seu livro de estréia poderia, perfeitamente, ser vista nos noticiários internacionais dos telejornais das 20 horas. E, certamente, ao lê-lo você irá perceber que O Espião Fiel é tão atual que poderia estar acontecendo nesse exato momento em que você lê esta resenha.
Quanto aos personagens, todos são condizentes com o contexto da obra. John Wells e Jennifer Exley fazem um par perfeito, e os terroristas Omar Khadri e Tarik ficaram bem caracterizados. Até Bin Laden faz um ponta (antes de morrer, é claro). A narrativa não se prende exclusivamente em John Wells, mostrando em vários capítulos o ponto de vista de outros personagens, inclusive dos terroristas, o que torna o desenvolvimento da trama bem interessante.
Alex Berenson possui um modo de escrever moderno e flexível. Possui conteúdo e conhecimento prévio sobre o que está escrevendo. O autor não escreve só por escrever. Tudo em sua narrativa é detalhado e não está ali por acaso.
Assim posto, O Espião Fiel eleva as histórias de espionagem a um novo patamar dentro desse gênero literário. Alex Berenson cumpre fielmente o seu papel de romancista, não ficando nada a dever para os grandes mestres: Tom Clancy, Robert Ludlum, John Le Carré, Ken Follet, Frederick Forsyth...
Comparando O Espião Fiel a um filme, poderia apontar: O Traidor (Traitor-2008); Zona Verde (Green Zone - 2010) e A Identidade Bourne ( The Bourne Identity - 2002). Aliás, John Wells me lembrou muito Jason Bourne.
Para finalizar, gostei muito da capa do livro. As cores fortes e brilhantes ficaram bem interessantes, refletindo a essência da história.
Formado em História e Economia pela universidade de Yale, Alex Berenson é repórter do New York Times. No Iraque, cobrindo a guerra como jornalista, recolheu farto material para escrever este livro. Atualmente o autor vive em Nova York. É autor ainda de "The Secret Soldier" e "The Midnight House".
Recomendo o livro, sem dúvida alguma. Sem medo de errar!
Prós: John Wells, Jalal, Exley, Omar Khadri como vilão...
Contra: O fim que levou Omar Khadri. Acho que ele merecia um fim bem mais sofrível.