Ana Paula Sesterheim 05/02/2017
Resenha do blog Literatura News
o livro fala sobre Jhonny Falco, que perdeu sua esposa de maneira completamente misteriosa: ao chegar em casa depois de ser demitido encontra sua mulher com a aparência de um cadáver em decomposição há anos, seus ossos já aparecendo e, ao procurar a filha, descobre que ela sumiu. Quatro anos após a tragédia, seu amigo Sal Salvatore (Duplo Sal) descobre que um homem morreu com as mesmas características da mulher e dá dinheiro para Jhon ir até Valparaíso investigar o ocorrido.
Também temos Lisa Gomez (Liz) que é uma garota que foi queimada viva quando criança por um estranho e teve 80% de seu corpo danificado, porém, quando está prestes a sair do hospital em que tratou-se durante anos, os médicos, sua mãe e a própria garota tem uma inacreditável surpresa: Lisa não tem uma cicatriz sequer. Vendo um milagre diante de si, o médico pede a Lisa que fique para descobrir o motivo e, assim, quem sabe ajudar futuras vítimas de queimaduras graves. Lembrando-se de como foi privada de tantas coisas em sua vida ela acaba não concordando e vai embora dizendo que os futuros pacientes entenderiam sua escolha. Assim, alguns capítulos depois o destino dela e de Jhon acabam se cruzando.
Um ponto importante a comentar é que o livro tem narrativas diferentes. Temos a visão de Jhonny, Liza e também a dos personagens mortos, todas intercaladas, inclusive no mesmo capítulo, e isso acabou confundindo-me diversas vezes ao longo do enredo, principalmente na hora em que as narrativas mudavam e eu não conseguia distinguir quem era o narrador da vez. Também há muito suspense em torno da “grande descoberta”, que é feita apenas algumas páginas antes do livro terminar, mas não achei tão grande assim. Talvez tenha sido a narrativa do autor, achei muito rápida e faltaram detalhes.
Outra coisa que é interessante é que Jhon é como Dean e Sam Winchester (não tem como ler e não lembrar da série Supernatural), um caçador de criaturas como lobisomens e vampiros, e parece gabar-se muito do conhecimento que tem sobre isso, porém, esse tema não é aprofundado e não diz quando nosso protagonista tomou conhecimento desse mundo. Gostaria de dizer que não gostei da personalidade dele já que gosta de resolver tudo na base da violência mesmo sendo algo completamente desnecessário no momento. Também há o amor que ele diz sentir pela filha, Diana. Parece que ela quer passar por cima de tudo e todos para ter a filha de volta. Sei que ele sente muita falta da pequena, mas deveria pensar mais antes de colocar os pés pelas mãos.
Liz também não foi de total agrado para mim. Depois de sair do hospital e de não querer encontrar uma resposta para algo que pudesse melhorar a vida de pessoas com graves queimaduras, volta para a escola e torna-se fútil, acreditando estar em um pedestal apenas porque viu que estava chamando a atenção dos outros alunos. Dá muita importância à sua aparência e começa a agir de maneira superficial. Não digo que ela não deveria sentir orgulho por não ter mais as cicatrizes, mas começa a gostar maquiagem, garotos e bebidas, sendo que, antes, ela não via importância em nada disso. Também vê o descaso um uma garota apelidada de Maria Tonelada e age como se nada estivesse acontecendo. Logo após descobrir que “Maria Tonelada” é sua amiga de infância da qual passou anos afastada, Débora Vilaça, até trata a menina melhor, porém há uma parte em que as duas estão em um beco e que Liz diz que acha que Debby vai pegar comida do lixo. Outras referências a Senhorita Vilaça são usadas, mas era como se todas gritassem “BULLYING!” em meio as frases. Jhonny também refere-se a garota como “gorda” e não lembro-me de outra pessoa que não narrasse coisas do tipo sobre ela.
Outro fato é que no primeiro dia de aula ela já escuta uma piadinha que um aluno faz sendo intencionada diretamente à jovem e não faz nada (ela ainda não se deu por conta de que a moça é sua amiga de infância), mas mesmo depois de descobrir a identidade dela, aceita o convite para sair do garoto que humilhou Débora e isso me entristeceu profundamente.
Já nesse encontro com o colega de escola (Leopoldo), o jovem agride um mendigo e do nada as cicatrizes de Liz voltam. Esse fato não seria importante, mas acontece que esse garoto agredido é Alex/Daniel e logo após a crueldade, Leopoldo morre. Mais além, Alex e Lisa sentem uma conexão inexplicável e ficam juntos. Achei terrível o fato deles se conhecerem a menos de uma dia e a jovem acabar perdendo a virgindade com ele por conta dessa “atração”. Atração a qual achei superficial e corrida também, pois não senti nada de tão forte entre os dois.
Voltando à Alex. O jovem não lembra-se de quem é, mas, ironicamente, lembra de como salvar vidas. No final não explica muito bem o motivo dele ainda lembrar disso, mas poderia ter sido melhor. Outra coisa envolvendo o final do livro, algumas questões continuam sem respostas, como: por que as cicatrizes de Lisa aparecem e desaparecem? Tentei encontrar uma conexão entre os fatos para explicar isto, mas sem sucesso. E por que o homem queimou uma criança inocente? Pensei que teria a ver com o suspense do livro, mas também não.
Quanto a narrativa, como falei achei um pouco corrida e teve algumas pontas soltas, mas foi um livro que me prendeu. O motivo? Ele é instigante, te faz querer saber o motivo das coisas. Mexe com a curiosidade. Sendo assim, não digo ao todo que foi um livro ruim, mas um livro bom que poderia ter sido melhor. Apesar disso ainda quero ler outros livros do autor, acredito que a pegada das histórias são boas, sim. Recomendo a todos que gostam de um thriller de suspense e com uma pitada do mundo sobrenatural.
site: http://www.literaturanews.com.br/2016/12/resenha-garota-das-cicatrizes-de-fogo.html