spoiler visualizarPaulo 30/05/2022
Ótima edição da Editora 34
Esta edição da Editora 34 está realmente caprichada. Há um ensaio introdutório, sumário analítico, léxico e notas minuciosas que explicam com detalhes o texto aristotélico. Os estudiosos mais exigentes sentirão falta do texto original grego, o que para mim não foi um problema, pois conheço somente algumas expressões básica da língua.
Se Platão distinguiu 3 funções da psyché, uma alma concupiscível, uma irascível e uma intelectiva, Aristóteles, analisando os seres vivos e suas características biológicas e psicológicas, apresenta nesta obra a distinção entre alma vegetativa, sensitiva e intelectiva (ou racional).
A obra é divida em 3 partes, chamadas de Livros.
No Livro I, Aristóteles apresenta o “estado da arte”, discorrendo sobre o que seus antecessores pensaram ser a alma. Havia predominantemente duas opiniões dominantes: a alma é o que faz mover e a alma é a percepção sensível.
No Livro II, o estagirita apresenta sua definição de alma: primeira atualidade de um corpo natural que tem em potência vida; primeira atualidade do corpo natural orgânico. As faculdades da alma são de caráter vegetativo, como nascimento, nutrição e crescimento (plantas); sensitivo-motor, como sensação e movimento (animais); e intelectiva ou racional (homem).
No Livro III, Aristóteles discorre sobre a alma intelectiva, que possui o poder do pensamento científico – que tem como objeto a verdade em si mesma – e o poder de deliberação – que objetiva a verdade em razão de finalidades práticas e sensatas. O intelecto (nous) preexiste ao corpo e é imortal. Há dois fatores que fazem mover: o intelecto e o desejo. Na medida em que o animal é capaz de desejar, por isso mesmo ele é capaz de se mover. Mas ele não é capaz de desejar sem imaginação e toda imaginação ou é raciocinativa ou perceptiva.
Não é uma obra de fácil assimilação. De acordo com o que já estudei sobre filosofia grega, penso que as obras “Ética a Nicômaco” e “Política” são as portas de entrada mais acessíveis ao pensamento Aristotélico. Até mesmo a “Metafísica” consegui compreender melhor. Pretendo retornar ao texto do “De anima” em outras oportunidades.