Viva o povo brasileiro

Viva o povo brasileiro João Ubaldo Ribeiro




Resenhas - Viva o Povo Brasileiro


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Margô 17/02/2022

Viva nós.
Não é uma tarefa fácil resenhar uma obra gigantesca como Viva o povo Brasileiro.
São mais de 600 páginas bem narradas, onde os fatos vão desfilando aos seus olhos, e você vê um filme encantador da História do Brasil, com todos os ingredientes quistos e mal quistos, esquisitos e fantásticos que conhecemos, e que deu origem a este caldeirão cultural que é nosso país.

Heróis , vilões, vítimas, escravos, encantados e caboclos se enroscam no caldo grosso da narrativa de João Ubaldo Ribeiro, que não deixa um só fio solto. Da batalha do Pirajá à Ditadura Militar, fica o registro das cafajestadas. Podia ser diferente?

E no seu jeito baiano de ser, escancara as batalhas inglórias que o Brasil participa e que na ausência do heroísmo verdadeiro, não se dão conta da grande batalha que se trava em solo brasileiro, na calada da noite, no estertor do dia. Uma luta contínua do que começou errado e até hoje é como uma máquina gigante descarrilhada atropelando fracos e oprimidos. A Canastra que nos libertará continua selada.

João Ubaldo não esconde pra que veio. Em uma narrativa de fôlego ele dá o troféu da coragem a uma mulher; Mulher de força, inteligência, humanitária, de Fé.
Maria Da Fé.

Foi uma releitura. Mas nada parecia já

conhecido, por quê assim é um clássico. Toda vez que se ler, parece que existem revelações que passaram despercebidas.

É leitura obrigatória. Caso não queira ficar à margem da história.

Grande obra!
Tati 17/02/2022minha estante
Gostei de sua fala, faço minhas também. Ainda lendo, chegando na metade, mas com todas essas sensações e impressões


Margô 18/02/2022minha estante
Que bom Tati! Fico muito satisfeita... Você sempre é bem assertiva nas suas apreciações.


Ingrid 05/03/2022minha estante
Parabéns pela resenha, Margô! Conseguiu captar a essência do livro! Terminei a leitura agora, e estou impactada! Com certeza entrou para minha lista de livros favoritos da vida!


Margô 06/03/2022minha estante
Obrigada Ingrid! Pois é, eu também o tenho na lista dos meus DEZ MELHORES!! ???


Tati 13/03/2022minha estante
Acabei agora minha leitura e como Ingrid estou impactada. Precisando de um respiro para acalmar tantas sensações.


Margô 14/03/2022minha estante
Estamos todas "embriagadas" pelo bruxo de Itaparica...rsss. Ma-ra-vi-lha!!!




Otávio - @vendavaldelivros 15/10/2020

“- Guerra agora, que é você que está amarrado aí. Quando é um de nós que está amarrado, não é guerra, é expedição punitiva”.


Eu tinha expectativas muito altas com Viva o povo brasileiro. Tão altas que eu tinha receio de ler o livro e acabar me decepcionando, então adiei por um tempo até achar que era o momento. Assim, quando comecei a ler e encontrei nas primeiras páginas um português um tanto quanto rebuscado e uma leitura pouco fluída pensei que havia criado expectativas altas demais em um livro. Como eu iria encarar quase 700 páginas desse texto? Será que acabaria abandonando um livro depois de tanto tempo? Eu mal sabia que estava começando um dos melhores livros que já li na vida.


Em Viva o povo brasileiro, o baiano João Ubaldo Ribeiro propõe contar a história do Brasil de meados dos anos 1650 até 1977, através de personagens fictícios que interagem com momentos históricos reais. Índios, caboclos, escravos, holandeses, portugueses, barões e toda a sorte de personagens fazem parte de uma história que vai e volta no tempo, explicando conexões e estruturas que são construídas ao longo do livro.

A gigantesca força de alguns personagens é quase indescritível. É impossível não sentir as dores de Dafé e, ao mesmo tempo, se envolver com sua liderança, sua missão e suas crenças. Impossível não se sentir amigo de Patrício Macário, sua relação com o Exército, sua compreensão das desigualdades sociais e das injustiças que estão entranhadas nas bases desse país.

Há muito tempo não me sinto feliz ou orgulhoso do povo brasileiro. Ao contrário, sigo cada vez mais descrente de que esse país possa dar certo. O livro de João Ubaldo Ribeiro, escrito em 1984, é uma aula sobre as injustiças e desigualdades que formaram o Brasil. Escravizados que foram libertos sem nenhum tipo de suporte do Estado, a Revolta de Canudos, a Guerra do Paraguai, a Ditadura e mais tantos fatos que desaguam no país que temos hoje, desigual e injusto. Viva o povo brasileiro escancara a desigualdade latente e estrutural desse país e mostra, com exemplos práticos, como tudo isso acontece há séculos, com a anuência de quem de fato é dono do capital.

Eu, sinceramente, não me sinto capaz de expressar o quanto esse livro me impactou, e quão importante e necessário ele é para a compreensão desse país. Mas, mais do que isso, Viva o povo brasileiro é uma obra absurdamente deliciosa de ser lida. Um humor irônico permeia o livro inteiro, mesmo em momentos duros. A escrita de João Ubaldo é poesia pura, mas é acessível, fluída e viciante. Um livro épico, em todas as formas, com personagens inesquecíveis e passagens marcantes. É tanta coisa boa que a única coisa que posso falar é: Leia Viva o povo brasileiro. Poderia escrever horas sobre esse livro e ainda assim não conseguiria transmitir a intensidade dessa experiência. Sorte a minha não ter desistido nas primeiras páginas e ter tido a prova de que minhas expectativas não foram altas o suficiente. Sorte a nossa ter tido a honra de ter, nas fileiras de nossa história, João Ubaldo Ribeiro.
Nicolitt 15/04/2021minha estante
Kkkkkk deus, eu senti a mesma coisa lendo


Otávio - @vendavaldelivros 15/04/2021minha estante
ahahaha Fico feliz! É um dos meus favoritos da vida!


Margô 20/06/2021minha estante
Considero uma das melhores obras de autoria nacional! É uma viagem na História, partindo de onde inicia a colonização do Brasil, - A Bahia-! Superrecomendo.??


Felipe.Mello 15/03/2022minha estante
Essa seria a minha quarta leitura no ano, mas depois dessa sua resenha, esse livro será o próximo no meu planejamento! Ahhaha


Margô 15/03/2022minha estante
Boa Felipe!! Não esqueça de comentar comigo... Quero ver a tua percepção!


Felipe.Mello 15/03/2022minha estante
Pode deixar! ;-)




Rosangela Max 25/05/2022

Uma obra-prima nacional.
Que história maravilhosa João Ubaldo Ribeiro desenvolveu.
A forma que ele apresentou o povo brasileiro foi magistral. Tem de tudo um pouco, mas o que se sobressai são dois extremos: aquele brasileiro que reconhece os defeitos do povo e do Governo mas, mesmo assim, ama o país a ponto de matar e morrer por ele e aquele brasileiro que renega suas origens e só quer saber de se aproveitar e tirar vantagem de tudo e de todos. Infelizmente, sabemos quem se dá mal no final.
No começo a escrita é difícil e continua assim até a metade do livro, depois vai ficando mais fluída.
Amei ter feito esta leitura. Só não dou cinco estrelas porque achei que não houve desfecho para a história de alguns personagens.
Recomendo a leitura.
Cleber 26/05/2022minha estante
Obrigado pela dica! Li O povo brasileiro de Darcy Ribeiro e gostei muito, vou colocar esse na minha lista ?


Rosangela Max 26/05/2022minha estante
Eu tenho esse do Darcy Ribeiro, mas ainda não li. Que bom saber que você gostou, assim já coloco no topo na minha lista de leitura. ??


Margô 27/05/2022minha estante
Esta obra configura como uma das 10 melhores leituras que já realizei! É um verdadeiro tratado antropológico do Brasil... já li e reli! Cada leitura foi um aprendizado, considerando que no segundo momento, foi uma leitura compartilhada.
Já leram "O sorriso do ? Lagarto" ? É outra obra do autor que vale a pena conferir.??


Rosangela Max 29/05/2022minha estante
Ainda não li ?O Sorriso do Lagarto?, mas tenho aqui é está na minha lista de leitura. ??


Margô 29/05/2022minha estante
Massa Rosângela, creio que você vai gostar!?


Alê | @alexandrejjr 27/06/2022minha estante
Permitam-me uma intromissão! Rúbia, eu já li "O sorriso do lagarto" e posso dizer que é o segundo melhor livro do João Ubaldo que li! Veio logo depois dessa obra-prima dele que é "Viva o povo brasileiro". Outro livro incontornável do Ubaldo é "Sargento Getúlio". É mais difícil que os dois citados anteriormente, mas é uma experiência fantástica!




Leticia 10/10/2021

Quem é o povinho?
Ohh livrinho que meu deu um trabalho da peste!

Esse livro me foi muito bem recomendado, o que se torna deveras complicado, quanto maior a expectativa, maior o tombo. Só que é com alegria que informo que isso não se realizou, essa leitura se tornou uma das melhores do ano.

Comecei essa leitura me sentindo a criatura mais burra da face da terra, não entendia bulhufas do que estava acontecendo, cheguei a pensar que não conseguiria ler esse livro, que era muito difícil.

É uma leitura que exige perseverança, e como eu perseverei nas primeiras cem páginas. Com o passar das páginas, comecei a pegar o fio da meada, e a entender como a linguagem que o autor colocou aqui é estruturada. A linguagem respeita os personagens, ela é fiel ao que ele propôs escrever, as palavras, o vocabulário são leais às histórias aqui contadas, do falso intelectual ao trabalhador braçal, ao escravizado, ao revolucionário, ao povo com suas faces distintas e suas particularidades.

É um livro que fala do Brasil, da formação do povo brasileiro, do período da colonização à ditadura militar, um punhado de tempo que retrata o falso moralismo, o complexo vira-lata, os falsos heróis nacionais, a corrupção, a politicagem, o patriarcado, a escravidão, as religiões de matriz africana, a luta contra a opressão, a resistência. Um livro genuinamente brasileiro, com o que há de bom e ruim, com o que há de dor e alegria, com o que há de lutas, e elas são muitas, e a esperança. Se na Colômbia há cem anos de solidão, aqui temos quase quinhentos anos de brasilidades em 'Viva o Povo Brasileiro".

Ao terminar essa leitura me vêm a cabeça uma fala muito recorrente no Brasil de hoje, de abandonar essa terra, que aqui não tem mais conserto. Como se abandona a Pátria? Como se abandona o cachorro caramelo, o acarajé, o pão de queijo, o arroz com pequi, o cuscuz, o samba, o axé, o funk, o povo brasileiro? anos de histórias, de lutas...

" A que diabos de povinho você se refere? Para você todo mundo é povinho, com exceção de quatro ou cinco gatos pintados que você julga estar a sua altura. Que povinho? Todos? Porque são todos, realmente todos os brasileiros, a que você se refere com esse desprezo." Pg. 555.

Eu acho interessante que quando nós vamos nos referir ao povo, o povo sempre é o outro, nunca eu, e eu não me eximo disso, "O povo é massa de manobra, o povo não saber votar, o povo isso e aquilo, etc". Quem é o povo? Só pode ser a gente mesmo, a gente mesmo que faz essas "cagadas".

Foi uma leitura que me trouxe dor, você vê a história do Brasil se repetir.
"[...] comida tem, tem até demais. Tem um pessoal louro misturando leite em pó no macadame da avenida, para ficar mais macio. Tem gente tacando fogo em pinto e afogando pinto que faz gosto, tem gente matando ganso só para tirar o figo, tem gente pagando para o homem não plantar que é para não ter comida demais e o preço não descer, tem gente querendo capar os outros para os outros não fazer filhos que possam comer a comida que se joga fora, tem coisa que Deus duvida aqui! Tem subola e alho jogado no rio, veja você, subola e alho! Depois que eles joga no rio, eles compra outra vez, só que no estrangeiro, que é para o estrangeiro respeitar ele". Pg. 637.
Joao 10/10/2021minha estante
Sempre tive vontade de ler esse livro e com sua resenha, agora sim é que quero ler. Li pouquíssima coisa do autor mas ele é muito recomendado.


Leticia 10/10/2021minha estante
Esse foi o meu primeiro contato com o autor, não poderia ter sido melhor, um favoritado. A leitura vale a pena.


Alê | @alexandrejjr 20/11/2021minha estante
Eu demorei a comentar, mas aqui está: queria dizer que esse teu texto trouxe toda a experiência que eu tive quando li. Análise excepcional de um livro único! Um dia, talvez numa releitura, crio coragem e dou os meus pitacos, Ana. Parabéns!


Leticia 03/12/2021minha estante
Alexandre, eu vi seu comentário só hoje. Então, foi uma leitura que gostei demais, e eu tenho que te agradecer, foi você que me indicou, e se tornou uma das melhores leituras do ano e da vida.




joabe.lins 24/09/2018

Livro muito chato, são varias histórias que parecem sem conexão e em épocas diferentes, algumas são legais, mas no geral a leitura não anda é arrastada.
Alê | @alexandrejjr 18/02/2020minha estante
Bicho, como tu acha chato um livro que tem um capítulo sobre a atuação dos orixás na Guerra do Paraguai e outro sobre um índio que "gostava de comer holandeses"? Sério...


Carlinha 25/07/2020minha estante
Recomece em ordem cronológica. Você vai se surpreender.


Goretti 30/07/2020minha estante
O grande lance é justamente captar a conexão entre os fatos, as gerações, a história atual. É um livro brilhante, eu diria!




Fernanda.Marques 02/02/2021

3/12 livros para 2021
Apenas questão de gosto!
Não me envolvi com a história, cheia de vozes ao mesmo tempo e temas pouco explorados. Faltou desenvolvimento e fechamos aos personagens - inclusive da minha preferida Maria da Fé!
Alê | @alexandrejjr 07/02/2021minha estante
Maria da Fé é uma personagem fraca? E o Leléu? Como esquecer de Perilo Ambrósio, o barão de Pirapuama? Não conseguir se envolver e se confundir com as histórias e vozes que perpassam o romance é normal, mas discordo totalmente que exista pouco desenvolvimento das personagens...


Fernanda.Marques 07/02/2021minha estante
Que bom que vc gostou da experiência desse livro! Mas Como enfatizei no título trata-se apenas do Meu Gosto. E cada um tem o seu!


Alê | @alexandrejjr 07/02/2021minha estante
Claro, literatura é subjetiva. Uma pena, Fernanda. Mas tente outros do autor, ele vale a pena.




Tatiana.Junger 22/05/2021

história que não virou História
Uma ficção que, atravessando os tempos desde 1647 até 1977, conta a história do Brasil - "história", porque se deu, e sabemos que se deu, por verossimilhança -, apagada pelo discurso oficial. Uma história de dor e sacrifício, que só não é um martírio para ler porque a narrativa oscila entre a retratação seca do terrível com a ironia, o sarcasmo, o fantástico e o espiritual, complementados pela construção de personagens marcantes, como Perilo Ambrósio, Amleto Ferreira-"Dutton", Nego Leléu, Maria da Fé e Patrício Macário.

Fugindo aos fatos tidos por notórios da nossa História, suas motivações e fundamentos, Viva o povo brasileiro tira o véu do "adequado" e do "bonito", põe o dedo na ferida, critica a elite brasileira pela sua hipocrisia e mediocridade, critica instituições (o governo, a Justiça, o Exército, etc) e sua responsividade à verdadeira ideia de democracia.

Nesse ensejo, a experiência de leitura baralha sentimentos de orgulho com sentimentos de vergonha da brasilidade. Afinal, a brasilidade não é só a resiliência do dominado, mas a frieza do dominador. São todos brasileiros, inobstante o empenho do dominador em esconder isso...

Mas no meio de tantas denúncias das "coisas como elas são", João Ubaldo Ribeiro insere na trama um elemento importante, misterioso, enigmático: uma canastra cheia de segredos da Irmandade da Casa da Farinha, segredos do povo, que passou por todo esse período perdendo bens, família, dignidade, sangue e até mesmo a vida, mas não perdeu a esperança, porque se alimenta do Espírito do Homem, que persegue incondicionalmente o Bem.

E a metáfora da canastra é brilhante, porque ela está lá, trancada, não expressa seus segredos, mas os prova presentes - e é o mesmo que a esperança do povo brasileiro: mesmo com nenhuma prova de que algum esforço compensa, mesmo remando contra a maré, mesmo após algumas "reviravoltas políticas", "revoluções" e supostas mudanças que nada de fato modificam, a esperança subsiste. A canastra explica o que nada mais explica: a esperança que subsiste.

"Viva o povo brasileiro" é uma saudação - e uma saudação serve para identificação dos pares. "Viva o povo brasileiro" é, portanto, uma tentativa de comunicar que existe alguém que protege a canastra, que alimenta a esperança e que, independentemente dos percalços, seguirá saudando "Viva o povo brasileiro"! Viva nós! Cabe a nós, leitores, reconhecer a Irmandade da Casa da Farinha, dar seguimento à sua causa e saudar de volta: Viva o povo brasileiro! Viva nós!
Alê | @alexandrejjr 25/05/2021minha estante
Baita texto, Tatiana! Sabia que o João Ubaldo costumava dizer que "ninguém leu 'Viva o povo brasileiro' como deve ser lido", ou seja, como ele esperava que lessem? Olhando para os últimos anos da nossa história, tendo a concordar com o saudoso Ubaldo...


Tatiana.Junger 25/05/2021minha estante
Infelizmente parece que ele estava certo sobre isso mesmo? mas a canastra ainda tá aí!

Que bom que gostou do texto! E virou sim, facilmente, um dos meus livros favoritos!




Leila 03/10/2023

Viva o Povo Brasileiro de João Ubaldo Ribeiro me cativou desde o primeiro momento. Através de uma escrita crua e engraçada, o autor nos leva a uma jornada de quase 400 anos da história do Brasil de uma maneira única e envolvente. A obra é um calhamaço, mas posso afirmar que cada minuto investido na leitura valeu a pena.

Ubaldo Ribeiro nos presenteia com uma narrativa rica e multifacetada, que retrata a diversidade cultural e social do Brasil ao longo dos séculos. O livro abrange uma ampla gama de personagens, cada um representando diferentes facetas da sociedade brasileira, desde os heróis até os anti-heróis. É impossível não se encantar com a profundidade e a complexidade desses personagens, que são, ao mesmo tempo, cativantes e imperfeitos.

Uma das características mais marcantes da obra é a forma como o autor entrelaça a ficção com a realidade histórica. Ele nos transporta para eventos importantes da história do Brasil, como a colonização, a escravidão, a independência e a República, e o faz de maneira vívida e autêntica. É como se estivéssemos vivendo esses momentos ao lado dos personagens. Temos desde primitivos canibais (morri de rir nessa parte) até jovens revolucionários, perpassando até pela turma de Antonio Conselheiro. Uma verdadeira aula de história do Brasil lida de forma prazerosa.

A escrita de João Ubaldo Ribeiro é afiada e cheia de humor. Sua capacidade de capturar a essência da cultura brasileira e apresentá-la de uma maneira tão peculiar é admirável. Ele não hesita em mostrar tanto os aspectos luminosos quanto os sombrios da sociedade brasileira, tornando a narrativa ainda mais autêntica e relevante.

Viva o Povo Brasileiro é, sem dúvida, uma obra-prima da literatura brasileira. É um livro que nos faz refletir sobre nossa identidade como povo e nossa história como nação. É um daqueles livros que ficam na memória por muito tempo após a leitura, e também nos faz carregar seus personagens no coração,como a Maria da Fé e Patrício Macário. Recomendo esta obra a todos que desejam uma experiência literária enriquecedora e inesquecível. João Ubaldo Ribeiro nos deu um presente valioso com este livro, e estou grata por tê-lo lido.
Alê | @alexandrejjr 03/10/2023minha estante
"Viva o povo brasileiro" foi o primeiro livro que li e senti a sensação de ter tido uma experiência irreproduzível. Bela resenha, Leila!


Leila 04/10/2023minha estante
ansiosa para ler outras obras do autor, gostei demais desse. Obrigada pelo carinho




Silvio 13/12/2010

É o livro de leitura mais difícil que já vi; uma loucura completa.
Terror (e horror), carnificina, pornografia...
Há algo de interessante, uma viagem pela História do Brasil, em que o autor mostra, critica, satiriza quase toda a sociedade, principalmente a do século XIX; mostra toda a corrupção, a hipocrisia, a disputa pelo poder e dinheiro, a força, a violência;critica o sistema de governo, a Igreja Católica, a escravidão e o preconceito; mostra como a história é tão distorcida: um grande vilão entra para história como herói, sábio e justo; um ladrão é visto como trabalhador.

Contudo, é um terror, um horror, quase impossível de se ler. Li por teimosia, pirraça, um desafio; é muito maçante, cansativo, chato. Períodos exageradamente longos, parágrafos de uma página inteira e de até quatro página, com as ideias todas misturadas; até parece uma fofoqueira que fala demais e se perde, que acaba misturando muitos assuntos e não termina nenhum. O vocabulário, então, nem se fala; não se lê meia página sem o dicionário - ninguém consulta um dicionário mil vezes (literalmente) para ler um livro.
Citações em francês, latim, espanhol - e não são poucas - sem tradução.

As faculdades que exigiram esse livro para o vestibular devem ter recebido uma grana do autor ou da editora, ou então, fizeram um terrorismo absurdo.
Fabio Ferreira 13/11/2014minha estante
Fui hoje à Livraria da Travessa e li este livro, ou melhor, dei uma olhada. Realmente achei extremamente confuso.
Sem querer julgar ninguém, mas tem muita gente que só quer aparecer dizendo que leu.


Alê | @alexandrejjr 24/09/2020minha estante
Nossa, não poderia ler opinião mais equivocada que essa, Silvio, realmente não entendesse a proposta do livro. João Ubaldo pede ao leitor que conheça a história de seu povo que, sim, é feita de terror e horror, e que faça isso não de maneira trivial, mas pela língua que era falada na época, pelas personagens características e fundadoras de nossa terra (o indígena, o negro, e o homem branco estrangeiro), pela mitologia de nossas crenças (principalmente as de matriz africana), enfim, poderia elencar uma série de motivos que fazem desse livro um dos mais importantes da nossa literatura. Minha sugestão: leia outra vez o livro, agora tentando pegar as nuances de uma narrativa ficcional única que fala mais sobre os brasileiros do que os livros de história.




Carolina.Gomes 19/09/2023

Ubaldo tira um sarro de você
Qualquer coisa que se diga sobre esse livro será muito pouco para expressar sua grandeza.

Ubaldo esnobou sarcasmo, tirou sarro com o povo brasileiro e me fez gargalhar.

As primeiras 100 páginas exigiram muito de mim, mas eu segui sabendo que algo grandioso estava sendo delineado ali?

O autor vai tecendo a nossa história, com maestria, vai construindo a linguagem, mostrando o Brasil sob a ótica de quem o construiu.

Desde a formação da elite brasileira com os piores tipos imagináveis, o pensamento pequeno burguês e o nosso eterno complexo de inferioridade perante o estrangeiro, Ubaldo aborda tudo, misturando o fantástico e o real de um jeito encantador.

Em alguns pontos tive a sensação de estar lendo uma distopia porque é muito atual.

É um livro maravilhoso e eu me orgulho de ser brasileira e ter tido acesso a essa maravilha.

Os capítulos são longos mas estão subdivididos em datas e não guardam linearidade entre eles. Asseguro que vale muito a pena se debruçar com atenção.

Recomendar é pouco. Esse livro devia ser obrigatório.
Bruno Oliveira 20/09/2023minha estante
Obrigatório, sério mesmo?? Só li os Budas Ditosos dele... Vou pôr esse no meu radar então. Como sempre, aumentando a minha lista de querer ler, hein, Carolina! :)


skuser02844 05/10/2023minha estante
Amo esse livro ??




Everton Vidal 04/04/2021

Cobre quatro séculos de construção brasileira (1677 a 1977), desconstrói fatos oficiais com ironia, descrevendo-os como fantasias ou meias-verdades que ocultam a verdade, que é principalmente construída por anônimos postos às margens da história.

Nesse plano se constroem algumas das principais personagens, como o Barão de Pirapuama, que enriquece fingindo participação heroica na guerra de independência e Amleto, contador do barão, que enriquece ilicitamente e falsifica documentos para ocultar sua ascendência africana.

Do outro lado está o Caboco Capiroba, canibal que gostava de comer holandeses, e suas descendentes: Dadinha, sua bisneta, escrava que morre centenária entregando o seu conhecimento à posteridade, Vevé, neta de Dadinha, que ao ser violada pelo barão dá à luz a Maria da fé, protagonista, líder guerrilheira da "irmandade da casa da farinha", onde a semente da identidade do povo começa a nascer.

Obra-prima de um dos maiores escritores da segunda metade do século XX. Escrito de forma fragmentária, não-linear, é um retrato anti-histórico imenso e preciso do povo brasileiro.
Vitória Marcone 04/04/2021minha estante
Esse livro está na minha lista de desejos há um tempão ? ótima resenha!


Everton Vidal 04/04/2021minha estante
Achei bão demais. Vale a pena! o/




Jorlaíne 11/08/2022

João Ubaldo Ribeiro reconta, exalta e escracha a história do Brasil nesta narrativa. O livro é pesado. Fala sobre escravidão, estupro, canibalismo, a submissão da mulher e tanto outros temas.
São séculos de história numa só obra. Uma viagem!
Will 11/08/2022minha estante
Entrou na minha lista de leitura futura após esse Review.


Ricardo.Silvestre 12/08/2022minha estante
Fiquei bem curioso também!




Marcia 28/03/2011

Fantástico!!! Apesar de, inicialmente, apresentar uma linguagem rebuscada, vale a pena insistir, por que muitas surpresas aparecerão. Na verdade é um tratado muito real da formação do povo brasileiro. De forma romanceada, o autor vai nos mostrando o dia a dia, as dificuldades e situações vivenciadas a partir da nossa colonização. É um livro antropológico riquíssimo que nos ajuda a entender a situação e o comportamento de nosso maravilhoso povo! Imperdível!!!
Sylvia Tuñas 12/05/2012minha estante
Acho que o autor procurou utilizar palavras " da época" de acordo com o período em que a história se passava. Palavras que hoje não utilizamos mais. Note que em 1977 ele usa linguagem contemporânea.




Ananda 21/01/2021

# Descrevendo o livro em 3 frases

1. Um livro poéticamente histórico.
2. Atmosfera fortemente imagética, de modo a fazer com que o leitor realmente presencie os fatos a estarem narrados.
3. Para pensar as nossas origens passadas e as implicações disso no nosso presente e futuro.

# Ideia(s) principal(ais) da obra

Contar a história do Brasil - desde a invasão Européia até a contemporaneidade - através de uma escrita literária, com personagens e acontecimentos ficcionais, porém, ao mesmo tempo, baseados nos acontecimentos verídicos de nossa luta.

Indagar quem é o povo brasileiro; quem são seus verdadeiros povos e questionar a tirania daqueles que se vêem como os proprietários das terras do brasis. :

# 🤔 Reflexões gerais

João Ubaldo Ribeiro delineou sutilmente mas perspicaz, a maneira como se assentou a formação intelectual do brasileiro e, consequentemente, a sua própria visão de si. Nisso, compreendi que a base do pensamento nacional, muito arraigada em preceitos europeus, sempre desprezou seus povos originários e também estrangeiros não incluídos no bloco da cultural ocidental (como os negros). Esta divisão acarretou em uma longa exclusão de todos aqueles que não representavam/reproduziam os ideais europeus na definição do que é ser brasileiro. Os anos passaram e, apesar de, teoricamente termos contornado o dilema, o problema ainda persiste e de maneira bem visível e gritante na vida daqueles que ainda sofrem constantemente com a marginalização de suas existências.

# 5️⃣ Citações favoritas

> O segredo da Verdade é o seguinte: não existem fatos, só existem histórias.

> Cada rico morto são dez pobres vivos — acrescentou como se já tivesse dito aquilo muitas vezes — e em cada dez pobres nove são pretos e o outro
raceado, ou pelo sangue ou pela vida que leva.

> O homem só admite que ele coma o bicho, não que o bicho o coma, embora o bicho não se importe com isso e continue comendo o homem, seja por
merendinhas como as muriçocas, seja por freguesia como as lombrigas, seja por caça como as onças, seja em forma de comida dormida para os
peixes e siris — morte no mar —, os urubus e guarás — morte na flor da terra —, os vermes e tatus — morte enterrada.

> O Exército, que é de gente do povo, tem sido sempre a pior arma contra o povo, mais do que polícia, mais do que inquisição.

> Não falava isto por modéstia, que nem sequer considerava uma virtude respeitável, mas por honestidade e porque queria que vissem que não existem
homens especiais e que o herói pode ser qualquer um, a depender de onde esteja, do que faça e de como o que faz é interpretado pelos outros.
Orochi Fábio 28/03/2022minha estante
Perfeitamente. Li no ano passado, sou um apreciador da obra de Ubaldo: este livro recordou Macunaíma do Mário em sua maneira onírica com que alquimizou os fatos...




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