Laís Helena 31/08/2015
Resenha do blog Sonhos, Imaginação & Fantasia
Pug foi capturado pelos tsurani e, há três anos, trabalha para eles como escravo. Isso muda, porém, quando o filho mais jovem da família Shinzawai, por um motivo desconhecido, resolve levar Pug e Laurie, outro escravo capturado em Midkemia, para a casa de sua família. Pug se adapta aos poucos, até que os Shizawai recebem a visita de um Grande (um mago), e este! ao perceber que Pug é também um mago, o leva para ser treinado. Enquanto isso, em Midkemia, Arutha viaja a Krondor em busca de ajuda militar, e Tomas, em Elvandar, utiliza os poderes de sua armadura para ajudar os elfos e os anões em sua batalha contra os tsurani, apesar de estar cada vez mais perto de perder sua humanidade.
Começando cerca de três anos após os acontecimentos finais de Aprendiz, esse livro dá continuidade à trama do anterior, expandindo um pouco a história de Midkemia e nos dando muitos detalhes sobre Kelewan, o planeta onde vivem os tsurani. Aprendemos um pouco sobre sua história, sua cultura e, principalmente, sua organização e política militar, já que se trata de um povo muito bélico. Além disso, o autor nos mostra que ambos os mundos já se conheceram antigamente, e dá breves explicações sobre isso e sobre como homens, anões, tsurani e diversas outras raças foram parar em seus respectivos mundos.
Apesar disso, senti que alguns aspectos dessa cultura, como religiões, histórias e produções artísticas, poderiam ter sido melhor trabalhados, o que certamente teria enriquecido muito a história. Enquanto isso, a cultura de Midkemia acabou sendo deixada um pouco de lado, o que acabou por deixar esse mundo um pouco genérico, semelhante a qualquer outro mundo de fantasia medieval. Outro ponto que me incomodou foi a inserção de anões e elfos à trama: as relações entre as duas raças e destas com humanos não foi muito bem trabalhada, o que acabou por deixá-los um pouco fora de lugar dentro da trama.
A magia é outro aspecto que foi melhor trabalhado na história, ainda que em alguns momentos tenha deixado a desejar. Foi muito interessante acompanhar todo o treinamento de Pug como mago em Tsuranuanni, e finalmente compreendemos por que ele tinha dificuldades para aprender a magia ensinada por Kulgan. Por outro lado, não é explicado de onde os magos retiram seu poder, e nem como os diferentes tipos de magia são executados, o que acaba tirando um pouco da verossimilhança dos trechos em que a magia é usada.
Sobre a narrativa, ela também deixa a desejar. Alguns trechos são realmente muito interessantes, mas em outros a história é contada em vez de mostrada, passando a impressão de que o autor estava com preguiça de escrever. As cenas de batalha, especialmente, são as mais decepcionantes: tudo termina rápido e os conflitos são resolvidos com muita facilidade, sem dar nenhuma emoção à trama. Além disso, o autor de vez em quanto enche páginas e páginas com acontecimentos pouco relevantes (como viagens de navio), enquanto chega a pular meses e às vezes anos de acontecimentos importantes. Se tudo isso tivesse sido melhor trabalhado e planejado, esse livro, assim como seu antecessor, poderia ter rendido vários livros, todos muito mais empolgantes.
Os personagens são rasos, muitas vezes têm seus nomes mencionados e é fácil esquecer quem é quem (exceto pelos protagonistas) de um volume para o outro. Pug e Tomas até que foram bem trabalhados (apesar de eu ter desejado saber mais sobre os valheru e a magia que estava modificando este último), mas os demais não têm nem mesmo suas personalidades definidas, o que torna suas motivações e questionamentos um pouco fracos.
O final traz diversas reviravoltas, e como aconteceu com o primeiro volume, foi muito mais dinâmico que todo o restante do livro, apesar dos conflitos de fácil resolução. Quanto à revisão, lembro de ter me deparado com um único deslize em todo o livro, mas afora isso está muito boa. Esse volume traz um mapa de Kelewan, impresso em preto e branco nas primeiras páginas do livro, e apesar de não ser tão bonito quanto o mapa colorido de Midkemia que veio no primeiro volume, ainda assim está caprichado.
Mestre, afinal, me prendeu durante a maior parte do tempo pela cultura interessante de Tsuranuanni e por alguns trechos interessantes acontecidos em Midkemia, ainda que estes fossem intercalados com momentos mais arrastados, e isso acabou me deixando em dúvida de continuar o restante da série.
site: http://contosdemisterioeterror.blogspot.com.br/2015/08/resenha55.html