A caixa

A caixa Günter Grass




Resenhas - A Caixa


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Morienti 27/12/2023

Em cada pessoa existe uma máquina fotográfica, mas poucos possuem uma câmara escura.
Em "A Caixa", Gunter Grass mergulha no que parece ser uma alegoria de uma reunião entre irmãos que acaba sendo transladada em memórias e feridas sobre o passado da família.

Lançando luz especialmente sobre a personalidade e lembranças de cada um dos oito irmãos, ricamente descreve o passado alemão, as visões acerca da vida pós-guerra e a condição e interação humana.

O enfoque principal é a forma com que o livro é escrito. Constituído unicamente de diálogos, vê-se a história pelo olho do irmão que estivesse tomando parte da conversa naquele momento, mergulhando de modo muito especial na subjetividade de cada um acerca da experiência conjunta.

"A Caixa" em si pode se referir ao modo como cada história é uma completa coisa distinta ao passo de que é vivida por outras vidas.

"Em cada pessoa existe uma máquina fotográfica, mas poucos possuem uma câmara escura."
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Toni 29/03/2022

O que você alimenta na sua caixa?
O livro, A caixa, ao contrário do que imaginei antes da leitura, não faz referência direta às câmaras de gás construídas para o extermínio de judeus no holocausto, porém certamente desperta reminiscências que demandam essa ideia que são construídas ao longo de certas narrativas pontuadas pela família em seguida citada.
"Deve ter sido sei lá quando, de qualquer modo em algum momento depois da construção do muro. Nós mal tínhamos completado 5 anos."
A concepção do enredo da obra traça memórias de uma família de oito irmãos que se reverzam na narrativa (isto achei brilhante)
" De agora em diante são os filhos que têm a palavra. Começa, Pat! És o mais velho. Chegaste dez minutos antes de Jorsch. Pois bem, vamos lá!(...)"
Os filhos, então, têm a tarefa de gravar para o pai, escritor, todos os relatos de que se lembram desde a infância.
O resgate dessas memórias servirá para a construção do último livro do pai, cujos relatos traz à tona uma espécie de acerto de contas frente a tantas descobertas e revelações, por vezes, inimaginadas. Ainda assim, no entanto, é perceptível que nem todas as falas são bem claras, algumas  ficam nas entrelinhas ou a critério da interpretação do leitor, situação esta marcada pelo uso recorrente das reticências. Um recurso bem tramado pra aproximar o leitor do história.
Mas o ponto alto dessas  memórias e que chama a atenção dos próprios irmãos no decorrer das gravações é a presença constante de uma pessoa em todas essas circunstância, Marie ou Mariechen, fotógrafa e dona da tal caixa, que dá nome a obra, A caixa (escura), uma câmara analógica com a qual ela desenvolve habilidades surreais na maneira de fotografar, cujos resultados sempre são os mais surpreendentes, pois além da caixa revelar imagens que conversam com a realidade, parece ter um  poder sobrenatural, capaz de projetar não só os desejos mais recônditos de quem se deixa fotografar, mas também de ver além da imagem. Enfim, Mariechen e sua caixa despertaram tanto fascínio na família, que não foi à toa ela se tornar amiga e confidente do pai. Possivelmente, amantes.
Mas afinal, gostei da leitura? Devo ser honesto ao dizer que não sou muito fã da temática memória, me faz lembrar alguém empolgado pra contar seu sonho, coisa que só tem graça pra quem sonhou. Talvez, por isso em determinados momentos tenha achado um tanto enfadonha. Porém, o estilo, a linguagem e a habilidade com que o autor usa um e outro, transformando A caixa,  em um texto primoroso,  vale a leitura.

Refletindo: Numa caixa pode conter de tudo, desde suas melhores memórias  até aquilo que você preferiria esquecer. E então,  o que você está alimentando na sua caixa escura?
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Rayraw 24/10/2021

Tão bom ler as interrupções tal qual acontece na fala, foi uma experiência... Diferente. Gostei muito! Inicialmente, cansei-me bastante com a maneira como as coisas foram postas, não entendia nada. Mas, com o tempo, aconstumei-me e senti um súbito desejo de conhecer mais de marie-bata-uma-foto-aí e dos oito filhos do tal escritor. As coisas são ditas conforme aconteceram, e tão naturalmente, tão sem adornos. Dizer "ora assim, ora assado" coisas do tipo. Acho que fiquei com hábito de terminal as frases com "tal" por causa do Taddel skjd. Enfim, a narrativa é densa porque trata de coisas reais, do que se sente, e o que se sente tem lá o seu peso. Acho que falar das coisas que se entrelaçaram no passado de maneira tal que constituíram todo o emaranhado que se chama presente, falar de coisas vistas "por cima" e, logo, que não eram vistas da mesma perspectiva, ou pior, não eram vistas! esse que é o ponto alto: ter essa ciência da procedência dos fatos para outrem. Além de que um interrompia o outro, contribuía, somava com a narrativa, e, mesmo ao contarem o mesmo fato, o faziam de forma diferente, tendo em vista as percepções diferenciadas de cada ser. isso é mágico, porque é resultado de convivência, proximidade
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Carlos 08/01/2023

A caixa
Este livro é uma decepção total. Está recebendo duas estrelas apenas pelo autor premiado, mas a história não flui, os personagens são rasos. É um tipo de narrativa experimental que deu errado. Os irmãos são bem chatos para falar a verdade.

Leia se você é obcecado por câmeras antigas e quer ter ressaca literária.
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