Thalles 02/12/2013
Videogame não é "só isso"
Logo que foi anunciado o lançamento de "Videogames e Mitologia", eu tinha a certeza de que o livro seria o próximo na minha lista de leitura. Em parte por se tratar de um livro escrito pela Flávia Gasi, em parte por unir dois assuntos que tanto me fascinam, videogame e mitologia grega. O resultado da leitura não poderia ter sido melhor.
O primeiro ponto que me chamou muita atenção no livro foi a seriedade e o profissionalismo com que o assunto foi abordado. Quem espera ler um artigo de revista de jogos, falando sobre quem é o Deus X no Jogo Y,e quais os poderes que eles tem em comum pode parar a leitura aí, pois o livro não buscou simplificar o videogame e seus jogos a esse ponto.
"Videogames e Mitologia" se aprofunda na temática do imaginários de forma tão singular, que chegou a me assustar de um primeiro momento. Digo isso porque fui surpreendido logo no primeiro capítulo do livro, quando tive de dar um "pause" na leitura e voltar desde o início para conseguir compreender a enorme quantidade de teorias acadêmicas e pensadores usados como ponto de partida para o resto do livro rs. Mas em momento nenhum a leitura se torna incompreensível. Flávia Gasi soube explicar da maneira mais simples possível, cada referência e teoria utilizada como base para esse estudo.
Outro aspecto que muito me encantou no livro foram as análises feitas pela autora. Análises essas que passaram por muitos dos personagens e mitos que marcaram minha infância, e que agora se relacionaram de uma forma que eu não esperava. Só para exemplificar, alguém já havia parado para pensar que a personagem Pandora, de God of War, pode não ser o melhor exemplo do mito da Pandora da Mitologia Grega? Que a caracterização do vilão de Silent Hill possui um significado mais profundo? Ou então, quem já pensou em associar a cidade de Bioshock com Atlantis? Pois então, foi entrando nas camadas mais profundas e inesperadas dos jogos, suas histórias e simbologia, que a autora buscou fazer uma ponte entre a Grécia Antiga e os jogos digitais. Essas análises me fizeram enxergar pontos que eu jamais havia cogitado dentro de alguns jogos. P.S: Nunca mais jogarei ICO com os mesmos olhos.
Além dos pontos positivos descritos acima, para mim, o maior mérito do livro foi a reflexão causada em mim. Se eu já tinha a certeza de que os videogames não são apenas um brinquedo e diversão, após essa leitura eu pude ter a consagração disso. Cada pensamento presente no livro, cada referência as teorias e pesquisadores do imaginário e do mundo digital, cada associação feita entre os mitos gregos e os jogos em questão, apenas serviram para fortalecer minha ideia de que os jogos digitais são de uma complexidade única e que não devem ser desmerecidos.
Tive a oportunidade de conversar com a Flávia rapidamente no lançamento do livro, e ela havia me dito que esperava que o livro tivesse sido uma jornada tão legal quanto Journey havia sido na minha vida de jogador. Depois de terminar o livro, posso dizer que a leitura de "Videogames e Mitologia" foi uma jornada bem agradável de se fazer.