Tami 13/02/2014Muitos clichêsResenha publicada no blog Gaveta Abandonada.
""Maria!" Pronunciava o nome dela como um mantra. Entrara na vida da jovem italiana por acaso, quando resolvera contemplar pessoalmente o Davi, única razão de sua estada em Florença." (pág. 9)
Uma das coisas mais difíceis pra mim é falar de um livro que não gostei. Especialmente porque fico tentando encontrar seus pontos positivos e, assim como um professor com seu aluno preferido, tento encontrar motivos para subir a nota. Em especial quando os livros são nacionais, onde tento ter uma atenção ainda maior. Contudo as vezes isso não é possível, e acabei encontrando o meu primeiro livro com nota 1.
Lúcifer voltou à superfície para participar de um reality show. A ideia do apresentador é colocá-lo em um debate com três líderes religiosos, para que o diabo confesse ser responsável por tudo de ruim que acontece e já aconteceu no mundo.
A sinopse deste livro me chamou muito a atenção pois é uma história bem diferente do que já tinha visto por aí. Porém a história acaba optando por muitos clichês que não me convenceram e cenas forçadas. Vamos começar pelos participantes convidados para o debate. Um padre pedófilo. Um pastor que enriquece utilizando a inocência de seus fiéis. Uma médium charlatona. Poderia encontrar personagens com passados mais clichês que estes?
Tanto na sinopse quanto em boa parte do livro o evento em que o diabo irá participar é tratado como um reality show. Contudo não passa de um programa de debate que dura duas, três horas. Não posso deixar de pensar que a expressão "reality show" só foi utilizada para que o autor pudesse fazer as críticas que gostaria a esse tipo de programa.
O final do livro considero interessante porque acabou me surpreendendo. Contudo o achei apelativo (pessoas mais religiosas talvez o achem ofensivo) e, apesar de ser uma surpresa, preferia que tivesse sido por outro caminho que passasse uma lição diferente.
Em alguns momentos Lúcifer mostra algumas atrocidades que os religiosos fizeram no passado, para que toda a audiência assista. E parece que simplesmente a audiência ignora essas questões no desenrolar da história. O autor defende essa atitude por estarmos acostumados a ver atrocidades todos os dias, mas não consigo acreditar que a população não se revoltaria mesmo assim.
"Quantos demônios vocês acham que existem para saírem por aí possuindo tudo quanto é gente?" (pág. 23)
O livro é bem curto (88 páginas) e me incomodou que o autor perdeu tempo contanto histórias paralelas que nada acrescentaram ao livro como por exemplo o que aconteceu com um menino que o padre conheceu. Enquanto isso deixou os debates, em sua maioria, superficiais. Lúcifer é um ser muito inteligente e gostaria de ter visto discussões mais profundas, mais questões de acusação e defesa. Em alguns momentos o livro consegue isso, mas infelizmente achei poucos casos.
Definitivamente, não foi um livro que gostei, não fez o meu estilo e me surpreende ver avaliações de cinco estrelas para o mesmo. Gosto é uma coisa muito pessoal mesmo.
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http://gavetaabandonada.blogspot.com.br/2014/02/resenha-o-julgamento-de-lucifer.html