spoiler visualizarPaula.Ramos 03/05/2024
Montei o quebra-cabeça
"Jogos Vorazes e a Filosofia" é uma criação de vários filósofos reunidos, tendo como editor da série William Irwin e organizadores George A. Dunn e Nicolas Michaud, publicado no Brasil pela editora Best Seller.
É um livro que usa a filosofia para refletir sobre a trilogia "Jogos Vorazes" da escritora Suzanne Collins, explicando o porquê ela é tão envolvente para os leitores, justamente por causa de vários fatores vivenciados pelos personagens que recorrem a nossas vidas.
Eu sou suspeita de falar sobre "Jogos Vorazes", é um dos meus livros favoritos e sempre indico, já pensava em alguns aspectos que achava muito real com nosso cotidiano, mas a favor de fatores políticos e não pensava muito sobre muita coisa que aborda "Jogos Vorazes e a Filosofia".
O livro aborda a questão de Cronos, a história é contada para crianças em que o pai engolia os seus filhos e o filho sobrevivente matava o pai e retirava os seus irmãos. Percebendo agora, com mais idade, que realmente a história é muito pesada para as crianças absorverem.
Os escritores utilizam uma reflexão onde Katniss passa uma imagem, ao mesmo tempo, de caçadora e presa, de assassina e curandeira, parece que Suzane Collins bebe do livro "Divergente", mesmo não sendo por "Jogos Vorazes" ser mais velho que o mesmo, para descrever esses aspectos diversos da protagonista juntando todas as facções existentes no mundo da trilogia de Veronica Roth.
Em relação aos bestantes do livro, os autores relatam que eram aberrações até porque mostravam rostos dos mesmos tributos que haviam falecido na edição, eu não acredito muito nessa teoria, já que creio que a autora que passar a imagem que os bestantes eram os próprios homens quando mostravam sua verdadeira face de crueldade.
Os escritores colocam alguns filósofos para explicar algumas teorias propostas por eles, inclusive a tal moralidade, em que quando um indivíduo passa a matar para sobreviver não é mais considerável um ser moral, mas recordo de casos, principalmente na série Law & Order, onde não houve justiça em casos de abuso sexual e alguns indivíduos chegaram a cometer crimes para defender seu parente e até eles mesmos, será que essa escolha que é tomada realmente faça o ser não ser mais digno de ter moral? Katniss é uma assassina dentro da Arena e se ela não matar pode acabar sendo morta, será que isso deixa a nossa protagonista como ser que não tem moral?
Sobre o entretenimento que a Capital absorvia com maior felicidade quando os indivíduos matavam um por um, até restar um único ganhador, me lembrou muito o BBB até por causa da época que eu estava lendo, mesmo não sendo uma arena onde todos devem morrer, mas será que é certo deixar que pessoas que nem se conhecem conviverem uma casa? As pessoas aplaudem querendo ver o circo pegar fogo, mas será que esse é o entendimento correto? Será que investigam como o psicológico dessas pessoas, principalmente interessadas em dinheiro, o que piora as coisas, fica depois que sai da casa?
Ainda em relação a Capital, podemos falar que elas vivem em uma bolha e muitos, na realidade, também vivem nela, mas como sair dela se nunca foram forçadas a encarar o sofrimento ou as necessidades dessas pessoas que vivem fora dela?
Com isso, dá para perceber que a Capital emprega algo que parece que é implantado como um chip na cabeça desses telespectadores, me lembrando muito a música "Admirável Novo Chip" da Pitty.
Reflete também sobre educação, e como ela é um fator determinante para sair dessa bolha e analisar um meio de retirar-se de um sistema opressor que implanta ideias na cabeça da população para eles continuarem ignorantes e o sistema conseguir obter mais poderio por causa dessa falta de desenvolvimento intelectual.
Reflitam sobre a guerra e os argumentos para fazer a guerra, mas a questão é, que os líderes, por exemplo, na Ucrânia e na Rússia, estão lado a lado dos soldados e das famílias inlutadas por uma guerra que nem elas provocaram? Para mim, guerra é destruição, causa danos às famílias e ninguém ganha com isso.
Ainda sobre a guerra, a exemplo de Downton Abbey, a mesma faz as pessoas fazerem coisas que nunca fariam, em relação a um dos personagens dessa série, ele prejudicou a própria mão para poder sair da guerra.
Darwin é um cientista que fala sobre a seleção natural e que herdamos muitas coisas dos nossos pais através dos genes, coisas que eu nem pensava, os escritores me ajudaram a refletir, esse cientista é um gênio, porque tudo que foi falado, foi antes de ter descoberto o DNA.
Sobre Peeta, o mesmo personagem acaba por ser moldado pela Capital no terceiro livro, eles mudam suas características tornando um personagem que era totalmente apaixonado pela protagonista, por um ser que quer matar a mesma por ter ódio dela, ao perceber esse fato que ocorre no livro, os escritores falam de várias mudanças que poderiam ocorrer em pessoas, uma pessoa com o corpo vegetativo, é justamente um indivíduo que vive através de tubos, o cérebro está inativo, os parentes não querem doar seus órgãos para muitos que necessitam porque eles pensam que estão matando esse ente querido, pensando nisso, nunca me ocasionou essa percepção, mas refletindo sobre o caso, me coloquei na situação desses parentes, mas, ainda sim, acredito que é super importante doar os órgãos para pessoas necessitadas, já que esses entes não têm mais vida.
Sobre Coin, pode-se refletir que o poder corrompe, mesmo a pessoa querendo fazer o bem para a população, ao estar no poder pode se corromper.
Também fala sobre o poder cultural resistente, onde o indivíduo infringe as regras estabelecidas para sobreviver, será que isso não é uma consequência ocasional de um governo em que não coloca políticas públicas para as pessoas não precisarem cometer crimes para viver dignamente, se alimentando, tendo moradia, tendo segurança, uma melhor educação, etc.?
Indico esse livro para pessoas que já leram a trilogia "Jogos Vorazes" porque há spoilers, que gosta de ler filosofia e que gosta de refletir sobre como essa trilogia traz uma ideia sobre o nosso cotidiano.