ð¥ð²ð·ð²ð¬ð²ð¾ð¼ ð. ðð¸ ð¥ðªðµð® 10/06/2021
Androides sonham com ovelhas elétricas?
"Você será requisitado a fazer coisas erradas não importa para onde vá. É a condição básica da vida, ser obrigado a violar a própria identidade. Em algum momento, toda criatura vivente deve fazer isso. É a sombra derradeira, o defeito da criação; é a maldição em curso, a maldição que alimenta toda vida. Em todo lugar do universo."
Em um mundo pós apocalíptico causado por uma guerra nuclear, a guerra Mundial Terminus, o planeta Terra se encontra devastado, empoeirado por nuvens radioativas, "embagulhada" por entulhos de lixo e como uma das consequências esmagadora parte da fauna foi destroçada e extinta.
Obra clássica de ficção científica (diria obrigação de leitura neste gênero), levanta questões intrigantes, desde conceito de vida, existencialismo a religiosidade.
Rick Deckard, o personagem principal, um caçador de recompensas. Trabalha para a polícia da destruída São Francisco e ganha por "aposentar" andys fujões e homicidas. Ele assume o serviço de aposentar (matar) 6 recém chegados andys Nexus-6.
Esses androides Nexus-6, (fabricados para serem escravos dos humanos em outro planeta) porém, são os mais avançadas e tecnológicos andys já feitos, com uma perfeita semelhança para com os humanos; só sendo possível saber a distinção com um minucioso teste. Esse avanço e semelhança é tanta que características básicas humanos são compartilhadas com eles, como: raiva, medo, alegria, desejo e até Empatia.
Afinal, a empatia é o que nos faz humanos, então o que seriam dos androides que por sua vez sentissem também Empatia? E se androides sentissem empatia mais que certos humanos? Como nós, aqui eles sentem emoções e desejos dos mais subjetivos e profundos, como paixão pela arte ou desejo por um futuro melhor. Obviamente a linha que separa o que é vivo do que não é vivo, o "artificial", nunca fui tão tênue. Um andróide, com emoções e desejos, consciente da própria existência, pode não estar vivo, apenas ser considerado um "bagulho" artificial, um pedaço de metal?
Para Deckard ao final não houve uma redenção, para ele nada muda, o dia começa e depois de todo o desafio do caçador de androides, a noite cai com o mesmo ar nilista e miserável que começa, sua vida oca e vazia permanece. Depois de todo o longo dia de labuta(aliás, toda a história se passa nesse único dia), ele quer somente dormir e mergulhar em ?uma longa e merecida paz?.
Não há como deixer de fora a adaptação de 1983 por Ridley Scott: Blade Runner - O caçador de androides. É um excelente complemento ao livro, para quem assistiu e queira ler ou quem leu e queira assistir. Com ressalva é claro, o filme não elabora muitos temas do livro, deixando a adaptação menos elaborada como o livro; mas falando de dois universos diferentes - livro e filme - não da pra comparar muito.
Uma grande diferença entre as obras, cinematográfica e literária, é com certeza o personagem Roy Batty. Com certeza é com maior divergência o personagem Roy Batty de PKD e R. Scott. Interpretado pelo incrível Rutger Hauer, segue um dos maiores monólogos da história do cinema:
"Eu vi coisas que vocês, humanos, nem iriam acreditar. Naves de ataque pegando fogo na constelação de Órion. Vi Raios-C resplandecendo no escuro perto do Portão de Tannhäuser. Todos esses momentos ficarão perdidos no tempo, como lágrimas na chuva. Hora de morrer."