Blog MDL 22/05/2014
É noite de formatura do Ensino Médio e Lucy e suas amigas pretendem comemorar. No entanto, mais do que qualquer outra coisa Lucy quer encontrar o esquivo grafiteiro conhecido como Sombra. O motivo para isso é que assim como ela, ele é um artista. Contudo, ao invés de dar forma ao vidro, ele espalha arte pela cidade através de desenhos que são uma amostra da sua própria alma e que se tornam ainda mais belas com os textos deixados pelo Poeta que o acompanha na maior parte dos seus trabalhos. O que ela não sabe é que o garoto pelo qual ela nutre uma paixão platônica está mais perto do que ela imagina e que com uma vida repleta de problemas e incertezas pode não estar na mesma sintonia que ela que já tem um belo futuro começando a ser trilhado. E é sem enxergar o que está na sua frente que Lucy vê a sua noite de festas ser transformada em uma noite de descobertas e de autoconhecimento, onde ao final ela não só terá mudado muito de seus conceitos, como também, a maneira como ela encara a vida.
Graffiti Moon é o tipo raro de livro que toca o leitor de maneira profunda por trazer uma história encantadora narrada de forma tão lírica que as palavras fluídas tornam o texto uma poesia viva que deixa suas marcas mesmo quando a última linha há muito já foi lida. Com dramas reais, a autora também expõe e explora a vida dos personagens em uma única noite onde tudo parece possível de acontecer. E mesmo quando a verdade está explicita para o leitor, a ansiedade para que os segredos do Sombra e do Poeta sejam revelados tornam a leitura ainda mais emocionante. Principalmente porque é impossível não ansiar para que Lucy chegue ao fim do mistério que ela tanto lutou para desvendar e nos revele seus pensamentos sobre o que achou daquilo que encontrou.
No entanto, é através da arte que a autora Cath Crowley alcança um nível de sensibilidade extasiante. Ainda mais porque ela utiliza obras de arte como Os Amantes de Rene Magritte e Mulher com um Corvo de Picasso para ilustrar sentimentos que as palavras não são suficientes para expressar o seu verdadeiro significado. Mas ela não para por aí, ela vai além ao descrever com riqueza de detalhes cada grafite importante produzido pelo Sombra. E foi lendo suas descrições que eu montei em minha mente uma galeria de arte onde os desenhos do Sombra se assemelhavam aos trabalho do artista americano Dan Witz, que possui traços extremamente belos e realistas que parecem ser os melhores adjetivos para descrever também os desenhos desse personagem tão complexo.
Além disso, por ser narrado de forma alternada entre os personagens principais de sua trama, o leitor também tem a chance de conhecer os textos repletos de emoção do Poeta que completa de modo perfeito toda a delicadeza que permeia a trama criada por Crowley. Os escritos dele junto com certas passagens da história não só me emocionaram, como também, me fizeram marcar tantas páginas que eu não tenho o menor receio de admitir que Graffiti Moon traduz muito dos meus próprios sentimentos e emoções. E mesmo que algumas atitudes de Lucy tenham tornado o romance um pouco exagerado pelo nível de intensidade expressado por ela em tão pouco tempo, acredito que a autora conseguiu traduzir de forma muito realista todos os sentimentos de incerteza, angústia e paixão sentidos na adolescência. Em suma, um livro excepcionalmente belo e delicado que não pode faltar na estante daqueles que apreciam a arte, a poesia e o amor em todas as suas formas.
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