Um homem extraordinário e outras histórias

Um homem extraordinário e outras histórias Anton Tchekhov




Resenhas - Um Homem Extraordinário


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Arsenio Meira 24/06/2013

Um Contista Idem

Eis que reencontro Tchekhov em mais uma coletânea de suas memoráveis histórias curtas, 18 delas para ser mais exato. Quem imagina ser necessário escrever um romance com centenas de páginas para ser considerado um gênio da literatura nunca leu Tchekhov.

Esse homem viveu apenas 44 anos, de 1860 a 1904, tempo o suficiente para deixar uma infinidade de contos com uma surpreendente coerência e harmonia entre eles, como se, juntos, formassem um imenso romance.

Destaque-se que a maior parte da sua obra foi escrita na Rússia há mais de um século, mas poderia ter escrita em qualquer parte do mundo e em qualquer época.

A releitura que concluí de uma tirada só, renovou a sensação de sua atualidade. Tenho certeza que no a ano 2438, se ainda houver gente na Terra, ler Tchekhov ainda será uma experiência tão deliciosa quanto valiosa.

Logo no primeiro conto é possível reconhecer no amoral bacharel Kovaliov, os mesmos oportunistas que ampliaram seus patrimônios comprando a preço de banana, milhares de casas vazias, abandonadas por famílias norte-americanas despejadas pelos bancos durante a crise financeira de 2008. O título é explícito e faz parte da história, realçando ainda mais a sordidez do bacharel: Desgraça alheia.

Revi o pobre camponês Terenti e seu profundo conhecimento da natureza do lugar onde nasceu, na pele de muitos sertanejos que compõem uma boa parte do Estado onde nasci.

E me reconheci como o pai do menino Serioja, que precisa por limites e dar um freio de arrumação no comportamento do menino, mas não sabe exatamente como fazer nem o que dizer para a criança, apesar de toda sua experiência profissional e na vida fora de casa.

Encontrar a medida certa da punição do ser amado e escolher as palavras que irão tocar coração e mente de uma criança são desafios tão complexos hoje quanto no século XIX, afinal o ser humano continua o mesmo, apesar de tanta coisa ter mudado ao nosso redor. Tchekhov sabia disso.

Ele também era um sujeito versátil: em A filha de Albion ele esbanja humor non-sense ao retratar o encontro entre duas culturas. Já na história Trapaceiros à força, fica claro o quanto sabia utilizar e manejar recursos técnicos sofisticados ao construir uma narrativa ditada pelo ritmo do relógio e pela ansiedade de quem espera os ponteiros avançarem.

Sim, todos esses contos me emocionaram, mas jamais tinha lido algo como o despretensioso Relato do jardineiro-chefe. Como não tenho a habilidade dos russos, me faltam adjetivos e substantivos adequados para sedimentar a genialidade de Anton Tchekhov.

Com delicadeza e firmeza, Tchekhov expressa sua esperança no ser humano, seu amor à vida. Para tratar de temas complexo como justiça, pena de morte e punição, sem cair em discursos panfletários, ou declarações inúteis ou pseudo-antenadas, só mesmo um Grande escritor como Tchekhov. Mais do que uma história, é uma declaração de princípios lúcida e ousada.

Marcos.Azeredo 13/04/2022minha estante
Eu não achei este livro contos muito bom não!




Rick Shandler 21/12/2023

Um homem extraordinário - Tchekhov
Anton Tchekhov é considerado um dos maiores contistas de todos os tempos. Esta breve coletânea de contos dá ideia da grandeza de sua obra e mostra porque o autor segue sendo aclamado até hoje. Tchekhov descreveu como ninguém uma arcaica Rússia do século XIX, vagando com sensibilidade ímpar entre o aristocrata e o sapateiro, a vida particular e a vida em sociedade, o cômico e o trágico. Sempre pontual, cirúrgico. Sempre gênio.

Primeiro, há de se falar da Rússia de Tchekhov. Uma Rússia rural, pré-revolução russa, que vivia dos contrastes. Uma das maiores aristocracias da época se opunha à uma extrema pobreza. Todo avanço político, cultural, social e econômico de uma Europa pós revoluções industrial e francesa fervilhava nas grandes cidades russas enquanto elas insistiam em seguir uma engessada e datada organização social estratificada, aristocrática e enfadonha. Toda riqueza e beleza natural de um país com a vastidão de um continente a mercê da mesquinharia de poucos oligarcas. É deste caldo que Tchekhov tira suas histórias.

Lendo os contos de Tchekhov vemos um fascínio que beira o romântico do autor por sua terra, pelo seu povo. Ele nos apresenta um Rússia bucólica, repleta de animais, belezas naturais e acima de tudo, vida, a qual insiste em se impor perante as mais diferentes mazelas. Para cada criança passando fome na rua, há um bondoso sapateiro para ajudar. Para cada advogado inescrupuloso, há uma criança inocente cochilando. Para cada ?homem extraordinário?, há um pai carinhoso tentando ensinar o filho. É como se a escrita de Tchekhov fosse um grito de esperança. Um manifesto de que há ainda algo de bom, mesmo que escondido no meio de todas injustiças que vemos por aí.

O olhar aguçado de Tchekhov é atemporal. Na verdade, ele não escreve sobre sua Rússia, tão pouco sobre o tempo ao qual pertencia. Ele escreve sobre a condição humana e o faz de forma única, sensível e empática. Tivesse Tchekhov nascido um século depois, tenho certeza que ele concordaria com nosso poeta Belchior e ?amar e mudar as coisas? lhe interessariam muito mais. Tem que ler.
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Priscilla 18/04/2021

Ótimos contos
É incrível ver como Tchekhov escreve de forma concisa e ainda assim consegue criticar, emocionar e entreter tão bem. São contos para ler e reler!
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Ane 28/09/2021

“Era preciso pintar, colar e quebrar muita coisa a fim de esquecer a desgraça alheia”
A obra de Anton Pavlovitch Tchekhov é algo muito sutil e a maneira como ele descreve fatos cotidianos nem sempre tão agradáveis nos chama atenção.

O livro “um homem extraordinário e outras histórias” da LePM é uma antologia que reúne 18 contos deste exímio escritor, traduzidos, do Russo, pela Tatiana Belinky. Em todos os contos encontramos relatos de coisas corriqueiras que, ao mesmo tempo nos abre os olhos para questões serias de forma que nos leva a desvendar um pouco da nossa condição humana, o que para tchekhov e sua obra é bem característico já que ele leva esse assunto a outro patamar quando em nenhum do seus contos há um desfecho concreto, sempre deixando algo em “aberto” para que o leitor tire sua própria conclusão sobre a história ali contada.

Os contos de Tcheckhov é uma boa pedida para aqueles que querem ter um primeiro contato com literatura russa e ele sem dúvidas é um autor que você deve ter em sua estante ou kindle.
Marcos.Azeredo 13/04/2022minha estante
Eu não gostei muito deste livro de contos!




Ghuyer 14/01/2021

Um Homem Extraordinário (Tchekhov, ele mesmo)
Anton Tchekhov é um nome obrigatório para toda e qualquer pessoa que tenha a mínima pretensão de se aventurar pelo mundo da escrita criativa. O poder de síntese do russo é ímpar, e qualquer um de seus contos pode ser lido tanto pelo simples e caloroso prazer da leitura, pelo subtexto de crítica social, ou simplesmente como estudo de estruturação de frases e parágrafos enxutos e precisos. É incrível o tamanho do mundo que o autor consegue criar em questão de 10 páginas. Preciso dar destaque para “Amor de Peixe”, uma obra fenomenal de apenas quatro páginas, mas que parece se expandir indefinidamente na mente do leitor. E como comentário adicional, vale a pena falar que, embora as narrativas protagonizadas por cachorros tenham sido consolidadas pelo americano Jack London (com os clássicos “O Chamado da Natureza” e “Caninos Brancos”), Tchekhov já dominava o conceito décadas antes, com os contos “Testa Branca” e “Cachtánca” servindo de belos exemplares deste amigável subgênero.
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Lima Neto 03/02/2010

das dificuldades em se avaliar um livro de contos
é sempre difícil se avaliar um livro de contos, ainda mais quando se trata de uma obra magnífica, do que é, para muitos, o maior contista da literatura russa e mundial: Anton Tchekhov.
a dificuldade está no fato de que, num livro de contos, há sempre aquele que se destaca, aquela "obra-prima" dentro do livro, e por mais que exista outras boas histórias, nunca são todos os contos "no mesmo nível". para mim, por exemplo, nesse livro, o conto "O Homem no Estojo" foi a história que mais me tocou, sendo magnificamente bem construida, com um personagem muito bem "caricaturado", além de diversas outras, que achei bem "acima da média", como o primeiro, que abre o livro, "Desgraça Alheia" e o próprio conto que dá nome ao livro. fora esses, destacaram-se, para mim, a delicadeza e simplicidade do "Amor de Peixe" e da magnifica descrição de "Testa-Branca".
tais histórias, vistas isoladamente, mereciam todas as "estrelas" possíveis, no quesito "avaliação" aqui do skoob. no entanto, o livro não é composto apenas dessas histórias. há ainda umas outras, boas, sem dúvida, mas nada excepcionais, nada tão marcantes, e se essas fossem avaliadas isoladamente, receberiam "notas" medianas, comuns.
e fazendo uma avaliação do livro como um todo, analisando as histórias isoladamente e depois vendo-as como parte de uma obra maior, cheguei a uma "nota justa", que foi a de "quatro estrelas".

o livro como um todo é MUITO BOM, e Tchekhov prova, mais uma vez (se bem que ele, por tudo o que fez e pelo que representa, não precisa provar nada a ninguém!), toda a sua fama de genial contista.
há, em "Um Homem Extraordinário e Outras Histórias" histórias magníficas, há histórias muito boas, e há histórias boas, e nenhuma "ruim".
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Amanda Alexandr 03/12/2012

Tecnicamente, não há defeitos nos contos de Tchekov. As denúncias de corrupção, de desigualdades sociais, a recusa em retratar o homem pobre como um ser raso e cômico...

É claro que Tchekov não é pura crítica social (ou é?), mas o que mais me desconcertou foram ver as desigualdades sociais tão conhecidas nossas desnudas por um autor de uma terra tão distante...

E "O homem no estojo", que metáfora, que conto!
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Guilherme.Gomes 30/04/2020

3,5 / 5
Tchékhov, como bom russo que é, relata as desigualdades e mazelas da vida de seus país, além de fazer belas abordagens psicológicas sobre seus personagens. Nem todos os contos são bons, mas o que são, valem muito. Destaco: "O sapateiro e a força maligna" (bem goetheniano), "Velhice", "O homem no estojo", "Um homem extraordinário", "O relato do jardineiro-chefe" e "Testa-branca".
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pedro villar 26/04/2022

É interessante ler Tchekhóv ao mesmo tempo de Os Miseráveis pq fica evidente como são formas de se contar uma história completamente diferentes.Enquanto Victor Hugo carrega no melodrama e no tom épico, cria personagens maiores que a vida e enche sua narrativa de adjetivações e hipérboles, Tchekhov é sutil, muitas vezes apenas descrevendo o fato e confiando que o leitor será capaz de inferir os subtextos contidos ali. Como dito na apresentação dessa edição: "o trágico não como algo terrível e excepcional, mas como ordinário e cotidiano".


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Ana 08/11/2022

Contos
Minhas expectativas estavam altíssimas porque eu amo literatura russa, mas infelizmente os contos de Tchékhov não me fisgaram. Eu não gosto muito do gênero, e por mais que a escrita dele seja boa, os contos não são muito cativantes, um ou outro que são realmente bons. Confesso que já estou quase desistindo de conseguir gostar de contos, já é a minha segunda experiência e eu continuo com a mesma opinião de antes. A leitura não flui, enfim...
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Mendes-Neto 11/09/2009

Simplicidade
Contos simples, sobre coisas simples, escritos em uma linguagem simples e simplesmente fascinantes.
Recomendadíssimo!
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Mary360 09/04/2024

Não gostei desse compilado de contos..... me perdoem os amantes de Tchekhov mas achei essas histórias muito chatas com exceção de algumas ?
Talvez seja o momento ..... um sabe com o tempo volte a ler e tenha uma outra percepção né ????
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Mandy 23/03/2021

Ler Tchékhov sempre é agradável! É como estar em uma viagem na Rússia czarista, com seus nobres e mujiques, suas riquezas e grandes mazelas. Recomendo este grande autor!
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caiquepessoa 01/07/2021

Uma aula sobre contos
Anton Tchekov por meio dos 18 contos mostra toda a sua capacidade descritiva e de envolver o leitor nos mais diversos universos da Rússia do século 19. Mesmo a maioria sendo composta por contos breves, o autor mostra domínio total da estrutura e por mais variado que seja o tema, ela o prenderá a atenção. Uma aula sobre como fazer bons contos. Procurarei mais sobre Tchekov.
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