Cintia 15/10/2014
Sebastião Salgado viveu sua infância e parte da adolescência cercado pela natureza, vivendo em plena liberdade, numa época e local onde longas distâncias eram percorridas a cavalo em meio a mata brasileira Teve contato com a cidade apenas quando decidiram mandá-lo estudar. Salgado conheceu então coisas que nem imaginava existir. Conheceu a política e passou a lutar por seus interesses e pelo que acreditava ser importante para a sociedade. Conheceu o sofrimento do brasileiro, um sofrimento que se remete mundo a fora. Formou-se em economia, se casou com Lélia que estudava arquitetura, precisou se refugiar na França onde trabalhou como economista e conheceu a fotografia através de Lélia que precisava fotografar arquitetura. Viajou para a África e lá descobriu sua paixão pela fotografia e reconheceu nas dificuldades africanas as mesmas dificuldades brasileiras. Todo esse processo, essa vivência e experiência possibilitaram a Salgado construir seu universo de trabalho, esse conhecimento fez com que ele focasse seu trabalho grande parte na cobertura do ser humano, seja na fome, na miséria ou no trabalho. Por estas influências é que Sebastião Salgado faz suas escolhas fotográficas, seleciona o que deseja que o mundo veja.
O livro me mostrou que o amor pela fotografia pode começar em qualquer idade e que fotografar não é o simples fato de apertar um botão, é preciso pensar a fotografia como instrumento de luta por ideais. Além disso, fotografar exige um conjunto de funções que vão desde uma conversa sobre o tema até a exposição do trabalho. É preciso pensar a fotografia, ter paciência e esperar o tempo que a fotografia demanda. O livro tem uma narrativa muito agradável que demonstra com clareza o amor que Salgado tem pelo trabalho, pela família e até mesmo por seu país. Salgado destaca que é possível acreditar na humanidade, apesar de todos os horrores que presenciou como fotógrafo, ainda há no mundo coisas pelas quais lutar e que o homem ainda vale uma tentativa de mudar.