spoiler visualizarThiago Barbosa 31/07/2024
Meus breves comentários sobre este livro (Eragon)
Minha resenha de "Eragon" não se propõe a resumir a história, pois acredito que muitos já fazem isso. Quero compartilhar minhas impressões e sentimentos ao ler o livro, começando pelo contexto dos meus primeiros contatos com essa obra.
Meu primeiro contato com "Eragon" foi através do filme, que assisti quando tinha cerca de 10 ou 12 anos. Na época, eu estava fascinado por dragões, especialmente após assistir ao primeiro filme de "Como Treinar o Seu Dragão". Isso me levou a procurar mais sobre o universo de "Eragon", descobrindo que era baseado em uma série de livros. Porém, como os livros eram extensos e eu ainda não tinha o hábito de ler, acabei não prosseguindo com a leitura.
Mais tarde, ouvi sobre "Eragon" em um episódio do Nerdcast, onde Alexandre Ottoni discutiu sobre arquétipos de heróis. Apesar de ele ter feito algumas críticas ao livro, meu interesse foi reacendido. Já no final da adolescência, com 17 ou 18 anos, decidi que queria ler o livro. No entanto, essa vontade esfriou com o tempo.
Finalmente, comprei o livro em um sebo, incentivado por uma amiga que já o havia lido e gostado. Mas ele ficou na prateleira por um bom tempo, até que durante minhas férias de meio de ano, resolvi ler e acabei devorando-o em poucos dias.
Ao abrir o livro, a primeira coisa que me chamou a atenção foi o mapa. Livros que apresentam mapas geralmente indicam uma jornada, o que me lembrou de outras leituras como "O Hobbit" e "Guerra dos Tronos". Isso já me preparou para o que estava por vir.
Divido o livro em algumas partes principais, de acordo com minhas sensações durante a leitura. Na primeira parte, que cobre cerca de 100 páginas, conhecemos o cenário inicial, o protagonista e seus dilemas. Essa seção me pareceu um tanto previsível, seguindo os moldes clássicos da jornada do herói, como Alexandre Ottoni havia comentado. No entanto, o que se destacou para mim foi a clara moralidade e ética do personagem principal, que sabe distinguir o certo do errado.
A segunda parte do livro mergulha mais profundamente na jornada do protagonista, seu mestre e o dragão. Aqui, o universo do livro começa a se revelar mais complexo, e o personagem passa por um amadurecimento visível. Quando o mestre do protagonista morre, o jovem herói se vê desafiado a aplicar tudo o que aprendeu, ilustrando bem o princípio de "mostrar, não contar".
Foi após ler as primeiras 300 páginas que realmente me engajei na história. O personagem enfrenta uma dualidade: fazer o que é necessário para garantir sua segurança futura ou manter seus princípios, mesmo que isso possa ser perigoso. Essa tensão foi construída de forma sutil, gerando uma reflexão interessante para mim.
Em termos gerais, "Eragon" é mais do que uma simples jornada de herói; é uma exploração das dualidades internas do protagonista. Ele deve enfrentar dilemas entre cumprir o que é necessário ou aderir às suas crenças. Outra questão importante levantada pelo livro é o questionamento do personagem sobre seu destino: ele é realmente predestinado a seguir esse caminho ou gostaria de levar uma vida mais simples? Essa discussão sobre destino versus escolha é outra camada que achei particularmente instigante.
Minha conclusão sobre o livro é que o final apresenta poucas reviravoltas, e o confronto final parece um pouco desconectado do restante da história. O objetivo inicial de Eragon era buscar vingança contra os guerreiros que mataram seu tio, mas esse objetivo se perde ao longo do livro, ou melhor, Eragon é obrigado a deixá-lo de lado. Nesse ponto, a figura do vilão se torna mais proeminente, e a batalha final se concentra nele. Essa transição pode parecer abrupta, especialmente se não prestarmos atenção às nuances dos sentimentos de Eragon, que tornam sua motivação para enfrentar o vilão um tanto sutil e volátil. Embora isso pudesse ter sido melhor desenvolvido, a sensação que tive ao concluir o livro foi de curiosidade e desejo de continuar a série, o que é positivo, pois a história claramente se propõe a ser o início de uma saga maior.
No geral, "Eragon" é uma boa fantasia com alguns defeitos narrativos, mas seus pontos fortes residem nas questões internas do personagem e nos diálogos entre Eragon e seu dragão, Saphira. Em alguns momentos, o livro enfrenta dificuldades em resolver os desafios que propõe, mas utiliza artifícios criativos que surpreendem o leitor.
A leitura do livro foi uma experiência prazerosa, semelhante a um estudo de personagem focado na construção de um herói e nos dilemas internos que ele enfrenta. "Eragon" foi uma grata surpresa, especialmente quando comparado ao filme, que, em retrospectiva, não fez jus à história. A leitura me deixou ansioso para explorar os próximos livros da série.