spoiler visualizarBelle 27/10/2022
Tristeza do início ao fim.
?Mas como explicar ao mundo exterior que Lochan e eu somos irmãos apenas por causa de um acidente biológico? Que nunca fomos irmãos na acepção da palavra, mas sempre parceiros, tendo que criar uma família real à medida que crescíamos??
Esse, de fato, é o livro mais triste que já li em toda minha vida.
Antes de começar a lê-lo vi uma resenha que questionava quem no mundo poderia ter a ideia de escrever algo tão triste e publicar, terminei o livro me questionando a mesma coisa.
O livro é triste do início ao fim, não tem nem um momento em que você sente um pingo de felicidade ou alívio lendo, ele é só triste, muito triste mesmo.
Comecei a ler por indicação, porque nunca gostei de livros sobre incesto, mas na promessa de que esse livro não era sobre incesto e sim sobre todo o resto e que o incesto era uma ?consequência? (vamos colocar assim), eu li e não me arrependo.
O incesto não é romantizado, em absolutamente nenhum momento ele foi romantizado, muito pelo contrário, os personagens tem nojo de si mesmos por conta disso, eles se odeiam por isso, sabem que é errado, mas também sabem que é amor, que se amam de verdade.
A história é triste, Lochie gritava um socorro estrangulado em absolutamente todas as linhas, ele estava sofrendo e não é de se esperar menos quando você tem uma carga e responsabilidade enorme em cima de você desde pequeno e que é lembrado constantemente que não foi desejado e que é o motivo para que a vida de outra pessoa é um ?lixo?. Por mais que não seja tocado no assunto em nenhum momento, Lochie era extremamente depressivo e usava suas redações como uma desculpa para colocar para fora todos os pensamentos suicidas e autodepreciativos que tinha, não é atoa que ele não pensou duas vezes em se matar, ele só fez, porque era algo que ele já havia pensado e repensado milhares de vezes e com o pretexto de que salvaria sua família foi muito mais fácil fazer.
Esse livro, definitivamente, não pode, de jeito nenhum, ser resumido a ?um livro sobre incesto?, ele vai muito além disso. É um livro sobre família, sobre assumir responsabilidades, sobre amadurecimento precoce, sobre abandono, solidão e desespero. É um livro que retrata, infelizmente, a vida de muitas crianças que são obrigadas a criar seus irmãos, para seus pais, ou porque os pais trabalham demais ou porque simplesmente os abandonaram.
Eu terminei o livro chorando muito, em um espiral de pensamentos. Maya nunca vai superar perder o Lochie, ela vai tentar seguir firme porque é o que ele queria que ela fizesse, mas ela pode ceder lá na frente, quando sentir que os irmãos estão a salvo, vai viver eternamente com essa tristeza crescendo dentro dela. Willa vai esquecer os detalhes do acontecimento, mas ela assim como o Tiffin, mesmo novos, vão sempre lembrar da dor de perder Lochie, que era o pai deles no papel assumido na família. E Kit, ele nunca vai se perdoar pelo que fez, vai viver o resto da vida com a culpa e isso fica claro quando você percebe que ele assumiu completamente o papel que Lochie desempenhava, mesmo tão novo. Kit é uma criança que vai se sobrecarregar como Maya e Lochie fizeram a vida toda.
Esse livro dói, eu não recomendo para ninguém, porque é muito triste, eu nunca tinha terminado um livro com a sensação de total tristeza, de sentir que esses personagens nunca vão ser felizes.