Ângela Bittencourt Cardoso 25/02/2024
Calado, introvertido, efetivamente o Roberto pouco falava. E, para agravar sua sisudez, muito ocorreu uma revelação que tivera anos atrás, antes mesmo de conhecer a esposa, D. Elite.
Quando solteiro, um amigo profetizou com convicção que o destino lhe reservara uma esposa brasileira, sem qualquer ascendência japonesa, e que o casal teria três filhos que, contudo, morreriam, ainda crianças. Tal fato, que marcou profundamente Roberto, somente foi revelado à esposa, após o falecimento das crianças.
Como dizíamos, com a insistência de D. Elite e das próprias crianças, Roberto concordou que os filhos mais velhos, Marcos e João Batista, fossem passar a primeira semana de fevereiro de 1975 em Ribeirão Preto.
No domingo, 9 de fevereiro, voltavam a Perus. Saulo ao volante, D. Elite ao lado, com a filha Sheila no colo. Atrás, Marcos, João Batista e D. Maria com o filhinho. Muita alegria, músicas, comemorações, pois no dia anterior, 8 de fevereiro, o João Batista completara 11 anos. Assim descontraídos, chegaram até a entrada de Perus, quando uma Veraneio colheu e arremessou longe o Volks que- já deixava a Via Anhangüera para atingir o acesso que leva a Perus.
Todos os ocupantes do banco traseiro do carro tiveram morte instantânea: D. Maria e os três irmãos, Marcos, João Batista e Sheila. Segundo D. Elite, apenas três minutos antes do acidente, em virtude de um mal-estar súbito da cunhada, a Sheilinha precisou ir para trás, a fim de que D. Elite segurasse no colo o sobrinho.
O menino sobreviveu, mas a Sheila, em função da troca de lugar, veio a falecer com os dois irmãos e com a tia.
Embora na época se achasse ligada a outro campo de fé, um mês depois do 9 de fevereiro, por sugestão de D. Consuelo Andrade Carvalho, sua vizinha, D. Elite estava em Uberaba. Queria conhecer Francisco Cândido Xavier.