spoiler visualizarEudes 19/12/2015
Uma novela policial bem-humorada, mas...
O Enigma do Fiscal dos Canos faz uma homenagem a vários detetives famosos da literatura universal, que vai desde Sherlock, passa por Poirot e até Padre Brown. De fato as citações são bem escancaradas, e é assim a escrita de Glauco Rodrigues, ponto positivo.
Seguindo uma trama policial bem popular, nos deparamos com o cabo Turíbeo, que trabalha na delegacia de uma cidadezinha no interior do sul do país (Santo Anastácio do Roçado), tudo corre rotineiramente quando uma mulher aparece na delegacia alegando que seu marido (o tal fiscal dos canos) havia desaparecido.
A partir de então, o cabo e o delegado Dr. Nonato "esforçam-se" para procurar o homem, seguindo um raciocínio que não chega nem perto dos grandes detetives já citados.
A obra tem uma premissa interessante e bem verossímil, que pode atrair leitores fãs de um bom romance policial, mas não é exatamente o que temos aqui. Ressalto novamente a presença de spoilers que comprometerão o final do livro para aqueles que ainda não leram e querem fazê-lo sem surpresas.
Destaco três erros de suma importância na obra policial aqui resenhada: 1º o livro, embora seja muito curto, possui uma narrativa arrastada, alguns capítulos revelam detalhes sem importância alguma para a trama, apenas arrastando a narrativa para seu fim. 2º o final é decepcionante, pareceu feito às pressas, ele deixa em aberto o que de fato os policiais fizeram quando descobriram quem era o criminoso responsável pelo desaparecimento e morte do fiscal dos canos. O livro, inclusive, acaba justamente com a cena em que mostra como tudo aconteceu, como num flashback. 3º O final ficou com um desenvolvimento apressado porque de todos os personagens principais, o culpado é um dos menos desenvolvidos, o que não poderia ser feito no então momento, pois já era tarde.
O que salva realmente o livro de Glauco Corrêa é a narrativa, em alguns pontos ela fala demais, como um cronista, em outros ele quebra uma 4ª parede entre leitor, fazendo do filme uma sátira curiosa aos filmes policialescos. Cheio da referência, ele aposta no bom-humor e me fez rir em alguns momentos; os personagens até são bem construídos, outros nem sei por que existem; o cabo Turíbeo, por exemplo, é um recorte fiel dos policiais de cidadezinha, que não gostam de trabalhar e adoram usar de sua autoridade pra conseguir coisas banais como dormir com uma mulher, ou conseguir algum lanchinho.
No fim das contas Glauco Corrêa mostra que de fato sabe escrever, uma pena que poderia ter desenvolvido mais o seu livro, um passatempo divertido, principalmente para pré-adolescentes, o público alvo da novela. Fiquei curioso para ler seus contos, já que possuem uma narrativa mais curta e portanto, mais amarrada.